Este ano está sendo marcado pelas ofertas subsequentes de ações (follow-ons) de grandes empresas listadas na Bolsa brasileira. Porém, as operações não ficarão restritas às companhias e devem invadir os fundos imobiliários, com a emissão de novas cotas. O gatilho será a queda da taxa básica de juros (Selic).
Para o gestor e diretor financeiro da Tellus, João Paulo Germanos, ainda que a queda de juros seja pequena, de 0,25 ou 0,50 ponto percentual (p.p.) no primeiro corte ou nos próximos meses, o ciclo de afrouxamento monetário irá estimular os fundos imobiliários de modo em geral.
“A Selic pode cair para 12,5% ou para perto disso até fim do ano. Não é o ideal, mas vai estimular o número de transações”, diz Germanos referindo-se à emissão de cotas.
Ele diz que muitos fundos de investimentos estão se preparando para fazer follow-ons ou ofertas primárias de ações (IPOs) de fundos imobiliários. “Acho que dá um ânimo importante para a indústria de FIIs e imobiliária, como um todo”, avalia.
Selic em queda anima fundo imobiliário
Pensando na queda da Selic, a emissão de novas cotas entrou no radar da gestora.
“A gente gosta da ideia de fazer um follow-on. É importante para o fundo [Tellus Properties] e para o crescimento dele. Mas o fundo precisa ter sua cota a valor de mercado mais próxima do seu valor patrimonial. Mas temos aí uma distância de uns 11%”, comenta Germanos.
“A gente viu que os anos de taxa de juros elevada machucaram os fundos e deixaram o cenário de crédito asfixiado. A gente depende de crédito, seja na produção ou no financiamento de imóvel. Com a Selic mais comportada, entre 10% e 12%, o cenário melhora bastante para os fundos imobiliários”, avalia.
Desta forma, Germanos diz que, em 2024, com a Selic no patamar de 10%, conforme esperado pelo mercado financeiro, ele acredita que os fundos imobiliários tenham um ritmo de crescimento bom e normal para a indústria.
Crescimento dos FIIs e aumento da liquidez ajudam follow-ons
A equipe de análise da Órama Investimentos acrescenta que o aumento de liquidez dos fundos imobiliários viabiliza o crescimento da indústria por meio da emissão de cotas e também a criação de novos fundos com IPOs, que estão previstos para este semestre.
A casa de análises destaca que, no primeiro semestre de 2023, houve aumento de 4,4% no valor total do patrimônio dos fundos. Além disso, houve ingresso de mais de 200 mil investidores, chegando ao total de R$ 210 bilhões de patrimônio total e 2,2 milhões de investidores.
“Esse número é quase o dobro em relação aos investidores que existiam ao fim de 2020. Tais movimentos, aliados à queda da taxa de juros, proporcionam maior liquidez para o mercado de FIIs”, diz a Órama.