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Governo do Maranhão inaugura o Centro Estadual de Referência da Mulher Negra

Durante o evento, que contou com a presença da ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, o governador Carlos Brandão assinou o decreto de criação da casa e deu posse à diretoria

Fonte: Com Governo do Maranhão

Em alusão ao Julho das Pretas, o Governo do Maranhão inaugurou o Centro Estadual de Referência da Mulher Negra ‘Ana Silvia Cantanhede’, espaço destinado à elaboração de políticas para as mulheres negras no estado. A solenidade aconteceu nesta segunda-feira (31). Durante o evento, que contou com a presença da ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, o governador Carlos Brandão assinou o decreto de criação da casa e deu posse à diretoria.

O Centro Estadual de Referência da Mulher Negra ‘Ana Silvia Cantanhede’ fica localizado na Rua dos Craveiros, Centro de São Luís, e é o primeiro do tipo da Região Nordeste. Durante a solenidade de assinatura do decreto de criação do equipamento e da portaria que estabelece o comitê gestor da instituição, o governador Carlos Brandão destacou a importância do local.

“O Centro de Referência da Mulher Negra é o primeiro do Nordeste, portanto, o Maranhão está no protagonismo da implementação de políticas públicas para esta população. O centro será uma ponte entre o movimento de mulheres negras e o Governo do Estado para o debate de políticas de inclusão social, geração de emprego e renda, acesso aos serviços de saúde, fortalecimento cultural e todas as áreas que se façam necessárias para valorizar as mulheres negras do nosso estado”, assinalou.

A ministra Anielle Franco afirmou que o Centro é uma conquista histórica do movimento de mulheres negras e espera que a iniciativa seja replicada por outros estados do Brasil. “O Maranhão é o segundo estado mais negro do Brasil, com 70% da sua população formada por pessoas negras. Estou muito honrada por estar no Maranhão em um dia tão importante, pois estamos dando o pontapé inicial para garantir uma vida mais digna para as mulheres negras desse estado. Aproveito para reafirmar a parceria do governo federal e do Ministério da Igualdade Racial com o Governo do Maranhão para que, juntos, a gente transforme este Centro em uma referência para todo o Brasil”, disse.

A programação do evento contou ainda com o descerramento da placa da área de vivência do Centro, que leva do nome de Marielle Franco. Socióloga, ativista do movimento negro e vereadora do Rio de Janeiro, Marielle foi morta em um atentado em 2018. Ela é irmã da ministra Anielle Franco.

O governador Carlos Brandão e a ministra Anielle Franco também visitaram as instalações do Centro Estadual de Referência da Mulher Negra ‘Ana Silvia Cantanhede’, que conta com auditório, salas para atendimento especializado, biblioteca, loja de artesanato e outros espaços.

Centro Estadual de Referência da Mulher Negra

O Centro Estadual de Referência da Mulher Negra ‘Ana Silvia Cantanhede’ leva o nome de uma das referências da dança afro no estado. O equipamento é ligado à Secretaria de Estado da Mulher (Semu) e tem como propósito oferecer um espaço seguro e acolhedor para mulheres negras vítimas de violência, do racismo institucional, religioso, ambiental, da xenofobia e todas as formas de intolerâncias correlatas.

O espaço conta com diversos serviços essenciais para o amparo e desenvolvimento dessas mulheres, incluindo atendimento psicológico, jurídico e cursos profissionalizantes.

A diretora do centro, Ademas Galvão de Lima Nogueira, falou sobre os desafios do espaço. “Aqui nesse Centro nós potencializaremos as nossas ações pautadas na efetivação de políticas públicas para as mulheres pretas do Maranhão. Serão ações na perspectiva do não a todas as formas de violência, de violação de direitos e de opressão. Para isso, vamos unir forças e elaborar estratégias para a reparação histórica de todos os direitos que nos têm sido negados”, afirmou.

O Centro é um espaço de referência para a discussão das relações étnico-raciais, contribuindo para o fortalecimento da identidade e da ancestralidade das mulheres negras e das mulheres de axé, além da articulação de ações intersetoriais entre os entes públicos, buscando a ampliação das ofertas e o avanço das políticas públicas.

A implantação do espaço também é parte integrante do programa Nosso Centro, que busca promover o desenvolvimento sustentável da região, preservando sua cultura e história.

Respeito à luta social e ancestralidade

O Centro de Referência da Mulher Negra surge como resultado da mobilização dos movimentos de mulheres negras no Maranhão. A vice-diretora do centro, Conceição de Maria Cantanhede, é irmã de Ana Silvia Cantanhede, homenageada que dá nome ao espaço. Todos os espaços da casa levam o nome de mulheres negras que são referência na luta social, política e cultural do estado.

A solenidade desta segunda-feira (31) também contou com uma grande festa reunindo o movimento de mulheres negras do estado. A abertura do evento foi feita pela Mãe Kabca, da Casa Fanti Ashanti, que fez uma saudação aos orixás. Em seguida, a poeta Lúcia Gato apresentou a performance “Dedicatória”, na qual faz referência à luta das mulheres negras. A yalorixá Mãe Nonata de Oxum, do Terreiro Nossa Senhora da Vitória Casa de Xangô com Oxum, entregou um presente à ministra Anielle Franco.

Julho das Pretas

O Julho das Pretas é uma ação criada em 2013 pelo Odara – Instituto da Mulher Negra pela superação da desigualdade de gênero e raça, colocando a luta das mulheres negras como centro do debate. O mês de luta é uma alusão à declaração, pela Organização das Nações Unidas (ONU), do 25 de julho com o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Na data, também se comemora o Dia de Tereza de Benguela.

A solenidade de assinatura do decreto que institui o Centro Estadual de Referência da Mulher Negra ‘Ana Silvia Cantanhede’ também contou com a presença da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale; das secretárias de Estado da Mulher, Abigal Cunha; da Juventude, Tatiana Pereira; dos Direitos Humanos e Participação Popular, Amanda Costa; do secretário de Estado da Igualdade Racial, Gerson Pinheiro; da desembargadora Ângela Maria Moraes Salazar; entre diversas outras autoridades, representantes de movimentos sociais e lideranças religiosas de matriz africana.

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