Além das grandes empreiteiras, empresas de capital aberto relacionadas a obras de infraestrutura devem ser beneficiadas pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) anunciado pelo governo na sexta-feira (11), segundo analistas. Companhias de outros setores, como transporte ferroviário e rodoviário, também são citadas.
O valor a ser investido pelo PAC será de R$ 1,7 trilhão. O programa abrange projetos em áreas como infraestrutura, saneamento e outros. O valor inclui recursos da União, de estatais e do setor privado, com incentivos a parcerias público privadas.
Nesse cenário, a expectativa dos especialistas é que empresas dos setores contemplados pelo projeto sejam beneficiadas, entre outros pontos, pelo aumento das receitas.
“Existem cerca de 260 obras paradas no setor de saneamento e 90 no setor de habitação. Empresas ligadas a esses setores podem vir a se beneficiar, tendo em vista que a retomada e conclusão das obras tendem a favorecer o negócio de algumas empresas, seja no parâmetro de eficiência operacional ou na ampliação da capilaridade de receita”, comenta Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
Nesse cenário, a Armac (ARML3) e a Mills (MILS3) são citadas como possíveis beneficiadas pelo analista Ricardo Schweitzer. Leonardo Piovesan, analista fundamentalista da Quantzed, concorda.
“A Mills é tanto pelo negócio de linha amarela que ela tem, de aluguel de máquinas pesadas focadas em construção, como também ela tem a parte voltada para infraestrutura, que é a parte de elevatórias, que também é utilizada na construção pesada. A Armac o foco dela também é linha amarela, aluguel de escavadeira, trator. Então, seria beneficiada também”, afirma Leonardo Piovesan.
Ainda de olho nas grandes obras de infraestrutura, o analista cita outra empresa da bolsa que deve ser positivamente impactada: a menos conhecida Azevedo&Travassos (AZEV4). “É uma empreiteira de construção pesada que tem mais de 100 anos de vida. Ela seria beneficiada também por conta desse maior volume de obras. Isso pode ajudar a crescer a carteira de pedidos, o volume de obras que ela passa a tocar.”
Outra que deve sofrer efeitos positivos do programa é a Priner (PRNR3), segundo Lucas Rufino, CEO e Fundador da Simpla Investn. “É uma empresa que atua com serviços como locação de equipamentos, muito voltada às áreas petroquímicas – e sabemos que Petrobras (PETR3 e PETR4) vai ser uma das que mais vai aportar seus próprios recursos nas obras do PAC”.
Já entre as companhias com ações mais líquidas, Ricardo Schweitzer destaca, ainda entre as empresas que fornecem produtos e serviços relacionados a infraestrutura, Gerdau (GGBR4) e sua holding, Gerdau Metalúrgica (GOAU4), “em função da oferta de aços longos – mais relacionados a construção e infraestrutura do que os aços planos, principais produtos de CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5)”.
De olho em concessões
Em meio à expectativa de um aumento de ativos disponibilizados para exploração das empresas por meio de leilões e concessões, companhias como Rumo (RAIL3) e CCR (CCRO3) são citadas como possíveis beneficiadas pelo novo PAC.
Rufino acredita que “a Rumo pode entrar na concessão da Ferrogrão, que é um grande projeto que pode revolucionar ou trazer muito mais produtividade para o agronegócio brasileiro”.
O projeto bilionário da Ferrogrão pretende ligar a produção de grãos do Centro-Oeste com portos no norte do Pará. Mas, alvo de críticas de ambientalistas, ele não foi citado entre os principais projetos no estado. De qualquer forma, ainda existe a expectativa de que a concessão possa se concretizar.
“Apesar de a Rumo ter uma ferrovia relativamente próxima da Ferrogrão, ainda assim ela pode sair vencedora de uma concessão e acabar tendo mais um contrato de longuíssimo prazo e tendo um certo domínio no Brasil inteiro em questão de logística, exportação e tudo mais.”, disse Lucas Rufino.
Já a CCR (CCRO3) é citada por Piovesan, da Quantzed. “Concessionárias de rodovias se beneficiariam de uma maior oferta de projetos de concessões, leilões. Isso vai fazer com que tenha uma concorrência menor por ativos, por cada projeto, o que deve deixar os leilões menos concorridos.”
“É claro que isso vai atrair capital. Vão aparecer players interessados. Só que, quanto mais ativos oferecidos, menor concorrência vai ter. Então, isso pode resultar nessas empresas fechando novos projetos com taxas de retornos atrativas.”