O caixa de lanchonete Davi Izaque Martins Silva, 26 anos, teria matado a facadas a médica Thallita da Cruz Fernandes, 28, porque era contrário ao fim do namoro e não queria perder a vida de alto padrão que mantinha ao lado dela.
Essa é a principal hipótese da Polícia Civil sobre a motivação do feminicídio de Thallita, cujo corpo foi encontrado dentro de uma mala em São José do Rio Preto, no interior paulista, na sexta-feira (18). O namorado dela, que não nega o assassinato, está preso temporariamente e alega “lapso de memória”.
“Achei que era um crime passional no início, mas a minha convicção agora é que foi um crime por interesse patrimonial”, afirma ao Metrópoles o delegado Alceu Lima de Oliveira Júnior, titular da Delegacia de Homicídios da Deic de Rio Preto, responsável pela investigação.
Duas facas e a roupa do suspeito, que apresentavam marcas de sangue, foram apreendidas e vão passar por perícia. Sem antecedentes criminais, o único registro de Davi em delegacias era um boletim de desaparecimento registrado há mais de 10 anos.
Relacionamento
O namoro de Thallita e Davi durou três anos. Há um ano e quatro meses, eles viviam juntos, no apartamento dela, em um condomínio na Rua Coronel Spínola de Castro, na Vila Imperial, bairro nobre da cidade.
Como a família da médica mora em Guaratinguetá (SP), Thallita costumava viajar e deixar o namorado cuidando do imóvel. Nessas ocasiões, era comum que Davi levasse amigos, fizesse festas e recebesse queixas de barulho feitas por vizinhos.
Segundo testemunhas, Davi havia começado em um novo emprego na segunda-feira (14). Ele era caixa de uma hamburgueria. Na quinta (17), no entanto, o suspeito faltou ao trabalho. Na sexta (18/8), quando o corpo da médica foi encontrado, também não apareceu.
Thallita era plantonista em um posto de saúde do município vizinho de Bady Bassitt, também no interior paulista. Nas redes sociais, ela agradecia à família pela ajuda financeira que recebeu para se formar e morar em outra cidade.
Crime
O relacionamento do casal estava conturbado, e o próprio suspeito teria admitido à Polícia Militar que tinha brigas com Thallita. A polícia acredita que ela foi assassinada ao tentar romper o namoro.
No dia do crime, a PM foi acionada para atender uma “desinteligência de casal” e encontrou o corpo da médica na área de serviço. O cadáver tinha diversos ferimentos no rosto, pescoço e nas costas. Também apresentava lesões nas mãos, típicas de defesa.
Quatro peritos estiveram no apartamento. Pelo volume de sangue encontrado, os investigadores acreditam que o crime ocorreu no quarto. O corpo foi levado em seguida para o banheiro, onde teria sido lavado. Havia cheiro de água sanitária no cadáver.
Thallita foi colocada, sem roupa, dentro de uma mala. Os investigadores suspeitam que Davi planejou tirá-la do apartamento, mas desistiu porque a mala rasgou e ele estava pressionado por mensagens no WhatsApp, enviadas por uma amiga da médica, que queria saber o paradeiro dela.
Investigação
Imagens de câmeras de segurança provariam que Davi pediu um carro de aplicativo e saiu do prédio sozinho no dia do crime. O motorista que fez o transporte se apresentou voluntariamente à delegacia.
Em depoimento, ele relatou que o suspeito estava “tranquilo”, conversou “como um passageiro normal” e ainda comentou ao desembarcar na frente de uma lanchonete: “Cheiro de carne, né?”. O crime teria acontecido minutos antes.
Davi se escondeu inicialmente na cidade de Olímpia, onde moram um tio e um irmão, e foi para casa da mãe, no bairro Vila Elmaz, em São José do Rio Preto, em seguida. Ao notar a chegada de PMs, ele tentou se esconder em um quarto.
Na casa, os policiais encontraram uma roupa dele, com marcas de sangue, que teria sido usada no assassinato. A Polícia Civil pediu exame de DNA.
Aos PMs, Davi teria confessado que brigou com Thallita, mas alegou não se lembrar de detalhes do desentendimento, da dinâmica do crime ou de tê-la colocado em uma mala.