A 123 Milhas suspendeu a operação da HotMilhas, empresa que integra o grupo, responsável por negociar compras de milhas, na esteira da pior crise que a companhia já entrentou após o cancelamento de viagens entre setembro e dezembro deste ano.
Nesta segunda-feira (28), ao entrar no site da subsidiária, que também é mineira, o consumidor encontra a seguinte mensagem: “Atenção! As compras de milhas estão temporariamente suspensas” e nenhum outro recurso está ativo dentro da página.
Pelas redes sociais, usuários disseram que há alguns dias a HotMilhas não estaria cumprindo os prazos de pagamentos por milhas vendidas por meio de seu site.
O que aconteceu?
A 123Milhas anunciou recentemente a suspensão de pedidos da linha Promo, com datas flexíveis, que tinham embarque previsto entre setembro e dezembro deste ano.
A agência afirma que os valores serão devolvidos integralmente aos clientes afetados pela medida, em “vouchers acrescidos de correção monetária de 150% do CDI, acima da inflação e dos juros de mercado”.
O voucher é a única opção oferecida pela empresa para realizar o reembolso, o que não segue o que é estabelecido no Código de Defesa do Consumidor.
Clientes também reclamam que o valor total de reembolso é dividido em mais de um voucher e que a empresa impede o uso de mais de um desses cupons em uma única compra.
Além de ser notificada pelo Procon-SP, a 123Milhas se tornou alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, que aprovou, na quarta-feira (23), a quebra de sigilo fiscal e bancário da 123Milhas e de seus sócios, além da convocação dos sócios-administradores para prestar esclarecimentos.
O Ministério Público de São Paulo também abriu um inquérito civil para investigar a agência de viagens por “dificultar o reembolso de viagens canceladas”.
A apuração se debruça sobre suposta “prática abusiva” da plataforma e foi deflagrada após o recebimento de informações sobre mais de 15 mil reclamações feitas ao Procon e ao Reclame Aqui sobre o reembolso e o cancelamento de passagens.
O Ministério do Turismo também suspendeu a agência de viagens do Cadastur, um programa que facilita a obtenção de empréstimos e financiamentos no setor.
Também foi anunciado que, junto com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, o órgão investiga as condições da 123Milhas e o modelo de negócio da agência, executado por empresas similares.
Depois disso, nesta segunda (28), a Senacon anunciou que está avaliando a abertura de um processo administrativo e até mesmo a aplicação de multa contra a 123 Milhas caso a empresa não devolva o dinheiro de consumidores afetados pela suspensão de pacotes de viagens já pagos.
Se confirmada, a multa pode chegar a R$ 13 milhões.