A atriz Sabine Boghici, de 49 anos, que chegou a ser presa por aplicar um golpe milionário contra a mãe, morreu ao cair do 5º andar de um prédio na Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro, na quinta-feira (14).
Ela chegou a ser socorrida pelos bombeiros e levada para o Hospital Municipal Miguel Couto em estado gravíssimo, mas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não resistiu aos ferimentos.
O caso vai ser investigado pela 15ª DP (Gávea). Sabine era casada com Rosa Stanesco Nicolau, acusada junto com a atriz dos crimes contra a viúva do marchand, Geneviève Boghici, de 83 anos.
Rosa, também conhecida como Mãe Valéria de Oxóssi, está presa no Instituto Penal Santo Expedito, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.
Sabine Boghici chegou a ficar presa com Rosa, mas deixou a cadeia em março deste ano. As duas se casaram no fim do ano passado, em comunhão total de bens. A dupla seria interrogada em uma audiência do processo, no próximo dia 21, na 23ª Vara Criminal da Capital.
Relembre o golpe
Sabine foi presa em agosto do ano passado e ganhou liberdade provisória em março deste ano. A atriz era herdeira de um dos maiores colecionadores de arte do país, o romeno Jean Boghici.
Ela enfrentava sérios problemas psicológicos desde a adolescência, como depressão, ansiedade e crises de pânico. Nas redes sociais, a atriz postava fotos com animais e compartilhava pedidos de adoção e de doação.
Foi do acervo de Jean que, segundo a polícia, Sabine roubou 16 quadros — incluindo obras de Tarsila do Amaral e de Di Cavalcanti —, e pelo menos dois deles foram parar na Argentina.
O pai
O marchand Jean Boghici morreu em 1º de junho de 2015, aos 87 anos.
Nascido na Romênia em 1928, ele chegou ao Brasil em 1948, clandestino em um navio francês, após anos em fuga ao lado de amigos judeus. Jean foi um dos pioneiros no mercado das artes, dono de um acervo considerado um dos mais importantes do Brasil no século 20.
Em 2012, parte do acervo de Boghici foi destruída em um incêndio no apartamento dele e da mulher. Entre as obras, estava justamente a que batizou uma operação feita pela polícia no caso: “Sol Poente”, de Tarsila do Amaral.
Também fazem parte do acervo trabalhos de Di Cavalcanti, Brecheret, Guignard, Vicente do Rego Monteiro, Rubens Gerchman, Antonio Dias, Calder, Lucio Fontana, Morandi, Kandinsky, Max Bill e outros 70 artistas.
Seis meses depois do incêndio de 2012, cerca de 140 peças da coleção foram destaque dentre as primeiras exposições do Museu de Arte do Rio (MAR).