O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai julgar nesta terça-feira (31) o desembargador maranhense Marcelo Buhatem, investigado por compartilhar fake news que associam o presidente Lula ao Comando Vermelho (CV), facção do tráfico de drogas. Marcelo é desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
A abertura de processo disciplinar, que pode levar ao afastamento preventivo e, ao fim, à aposentadoria compulsória de Buhatem, chegou a ser pautada no dia 26 de setembro, mas acabou adiada. O caso voltará à pauta do plenário do CNJ na próxima sessão.
Buhatem teve as redes sociais suspensas pelo corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, em outubro de 2022. Em meio às eleições, ele compartilhou no WhatsApp uma mensagem com os dizeres, em negrito: “Lula é convidado de honra do Comando Vermelho”. O caso foi revelado pelo colunista de Guilherme Amado.
Também compartilhou uma pesquisa eleitoral divulgada na imprensa antes do primeiro turno das eleições presidenciais que dava vitória a Lula, e disse: “Isso sim tinha que estar no inquérito das fake news! Ato contra a democracia!”
CNJ fala em tentativa subliminar de criticar inquérito da facada
Após o primeiro turno, quando o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) disparou contra agentes da Polícia Federal que cumpririam mandados em sua residência após ele xingar a ministra Cármen Lúcia, do STF, em nome de uma associação, Buhatem fez uma nota de solidariedade à magistrada na qual aproveitou para enxertar declarações de defesa a Bolsonaro.
Na nota, ele dizia que esta sim era uma ação de um “lobo solitário”. Para o CNJ, trata-se de uma tentativa subliminar de criticar o inquérito policial que investigou a facada de Adélio Bispo em Bolsonaro, que concluiu que a ação não teve mandante.
Em 2021, Buhatem chegou a aparecer em uma foto ao lado da comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PL), em Dubai, nos Emirados Árabes. À época, ele justificou que estava em férias.
Na decisão em que abriu a investigação, Salomão afirmou que a ” a conduta individual do magistrado com conteúdo político-partidário arruína a confiança da sociedade em relação à credibilidade, à legitimidade e à respeitabilidade da atuação da Justiça, atingindo o próprio Estado de Direito que a Constituição objetiva resguardar”.