Idoso condenado por chacina em 1985, no Pará, é preso em Imperatriz

O crime, que teve repercussão nacional na época, resultou na execução de oito trabalhadores rurais na Fazenda UBÁ.

Fonte: Redação / Chagas Filho - Correio de Carajás

Policiais civis prenderam, na quinta-feira (9), um homem condenado por participação em uma chacina ocorrida no ano de 1985, no Estado do Pará. Raimundo Nonato de Sousa, de 72 anos, foi preso na cidade de Imperatriz.

Momento em que Nonato recebe voz de prisão, no Parque Alvorada I (Foto: Divulgação)

Segundo a polícia, o crime, que teve repercussão nacional na época, resultou na execução de oito trabalhadores rurais na Fazenda UBÁ, localizada no município de São João do Araguaia, no sudeste paraense. O episódio ficou conhecido como “Chacina da Fazenda Ubá”.

Entre as vítimas estavam seis homens, um adolescente e uma mulher grávida de seis meses. O mandante foi identificado como José Edmundo Ortiz Vergolino o proprietário da fazenda, que tinha uma área de mais de 43 mil metros quadrados, onde as famílias estavam.

O idoso preso em Imperatriz foi capturado no Bairro Parque Alvorada I. Ele foi condenado a uma pena de 144 anos de prisão e será recambiado ao Pará nos próximos dias.

Segunda prisão em 21 dias

A primeira prisão de Raimundo Nonato aconteceu dia 19 de outubro, na cidade de Novo Repartimento, no Pará, graças a uma investigação feita a partir da Polícia Civil de São João do Araguaia, que descobriu o paradeiro dele, com auxílio do Núcleo de Apoio a Investigação (NAI). No entanto, na audiência de custódia, o acusado ganhou direito a prisão domiciliar e voltou para casa, em Imperatriz (MA).

Enquanto isso, o Ministério Público recorreu dessa prisão em liberdade e o recurso foi aceito pelo Juízo da Comarca de São João, que reformou a própria decisão, cancelando a prisão domiciliar e alterando para prisão em regime fechado.

O mandado foi cumprido nesta quinta-feira (9) por policiais civis do Grupo de Pronto Emprego (GPE) do Maranhão, que foram contactados pela Delegacia de Polícia Civil de São João do Araguaia.

CHACINA DA UBÁ

Segundo os autos do processo, em 1985, famílias de trabalhadores rurais ocuparam parte da Fazenda Ubá, de propriedade da família de José Edmundo Ortiz Vergolino. Em 13 de junho daquele ano, pistoleiros assassinaram três homens, um adolescente e uma mulher grávida de seis meses. Cinco dias depois, o mesmo bando voltou ao local do crime e matou mais três pessoas, entre elas o líder comunitário José Pereira da Silva, conhecido com “Zé Pretinho”.

Foram necessárias mais de duas décadas para o julgamento do caso. O processo só foi retomado depois que a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e o Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional (CEJIL) submeteram o caso à apreciação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA).

José Edmundo Ortiz Vergolino foi condenado como mandante, enquanto Valdir Pereira de Araújo, Raimundo Nonato e Sebastião Pereira Dias, conhecido como “Sebastião da Terezona”, como executores. Inclusive, “Sebastião da Terezona” era um dos pistoleiros mais temidos da região e foi encontrado morto em uma penitenciária de Belém, no ano de 2001.

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