À medida que nos aproximamos do fim de 2023, refletimos sobre um ano que testemunhou a resiliência e a inovação no setor mineral brasileiro. O cenário econômico global desafiador, marcado por instabilidades políticas e crises sanitárias, não reprimiu o espírito empreendedor e a capacidade adaptativa de nossa indústria. O Brasil, abençoado com uma riqueza geológica diversificada, continuou a ser um player significativo no mercado global de commodities minerais.
A implementação de práticas de mineração mais sustentáveis ganhou ímpeto, em alinhamento com as exigências ambientais globais e com o compromisso do país com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Investimento em tecnologias que reduzem emissões e reutilização dos recursos naturais são exemplos claros dessa mudança de paradigma; a chamada “economia circular”.
Podemos evidenciar que houve um salto de qualidade nas cooperações bilaterais, por meio de acordos, parcerias e esforços conjuntos para promover o desenvolvimento sustentável, a eficiência e a exploração segura e sustentável dos recursos minerais. Além disso, reforçamos nosso papel estratégico no processo de transição energética em curso no mundo. Por meio da Avaliação de Recursos Minerais do Brasil contribuímos para a descoberta de novos depósitos produtores de matérias-primas de alta tecnologia, tão necessárias para a construção da infraestrutura de uma nova matriz energética, baseada em fontes de energia mais limpas e renováveis.
Para estimular a pesquisa e a produção mineral e revelar o potencial do país para atender à demanda global, realizamos pesquisas nas Áreas de Relevante Interesse Mineral (ARIM), que indicam locais com potencial ocorrência de minerais estratégicos para o Brasil. Neste ano, entregamos 14 Mapas de Favorabilidade, além de 34 Informes de Recursos Minerais, Informes Técnicos e artigos científicos, por meio dos quais nossos técnicos conseguiram disseminar o conhecimento geocientífico para diversos setores. É importante ressaltar que o SGB está na vanguarda da prospecção mineral sustentável.
Para 2024, as expectativas são otimistas, já que é previsto um crescimento exponencial na demanda global por bens minerais, especialmente aqueles estratégicos para a transição energética, tais como lítio, cobre, níquel, tântalo, cobalto, nióbio, entre outros. O Brasil, detentor de reservas substanciais desses minerais, está em posição privilegiada para expandir sua participação no mercado. E para atender o setor com informações de qualidade, o SGB retomará investimentos nos levantamentos aerogeofísicos e geoquímicos, além de dar continuidade ao mapeamento geológico básico, com foco principal na escala 1:100.000.
Planejamos ampliar a pesquisa geológica, que é essencial para a descoberta de novos depósitos e para a garantia de sustentabilidade do setor no longo prazo. Oportunidades como a exploração de novas áreas, diversificação da produção de minerais e expansão das exportações podem impulsionar ainda mais o setor. Diante disso, a colaboração entre governos, universidades, setor privado e comunidades locais é fundamental para impulsionar inovações e assegurar que o Brasil continue na vanguarda da mineração responsável e competitiva, promovendo um crescimento sustentável para o país. Ademais, estamos juntos no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – Desenvolvimento e Sustentabilidade, que prevê mais de R$ 350 milhões em projetos do SGB. As ações estão vinculadas a dois eixos: Transição e Segurança Energética e Cidades Sustentáveis e Resilientes. Até 2026, os projetos contemplados contribuirão para o avanço do conhecimento geológico e para a criação de um ambiente favorável à descoberta de depósitos minerais, iniciativas fundamentais para a produção de alimentos, para a indústria e para alavancar a transição energética do Brasil, impulsionando também o desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono.
Diante de tudo isso, estamos otimistas de que, com investimentos estratégicos e uma abordagem colaborativa, o setor mineral brasileiro alcançará novos patamares em 2024, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento econômico e social do país.
Por Inácio Melo, Diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil (SGB)