Militares do Exército são presos por suspeita de envolvimento em esquema de venda de armas no MA

Operação Orlov também prendeu um conhecido advogado de São Luís, que é investigado por participação na associação criminosa.

Fonte: Redação

Armas e munições apreendidas durante a operação (Foto: Divulgação)

A Polícia Civil deflagrou na manhã desta quinta-feira, 18, a Operação Orlov, com o objetivo de desarticular uma associação criminosa identificada como responsável por crimes de comércio ilegal de arma de fogo no Maranhão, com repercussão em outros estados da federação.

As investigações iniciariam a partir da prisão em flagrante de um dos participantes do esquema, ocorrida no dia 5 de maio de 2023, em uma conveniência, no bairro do Renascença, na cidade de São Luís. Na ocasião, o traficante portava uma pistola Glock, registrada no nome de um laranja residente em São Paulo, e estava em posse de um Audi azul, avaliado em R$ 500 mil.

Veículo apreendido com o traficante (Foto: Divulgação)

No decorrer do trabalho investigativo, coordenado pelo Departamento de Combate ao Crime Organizado (DCCO/SEIC), foram identificados dois militares do Exército Brasileiro que adquiriam armas de fogo legalmente. Em seguida, em uma ação coordenada, eles passavam os armamentos para os nomes de possíveis laranjas que posteriormente as vendiam no mercado paralelo para criminosos.

As investigações ainda identificaram pelo menos 17 armas possivelmente comercializadas ilegalmente pelos alvos da operação. Além disso, empresas fantasmas foram identificadas em nome de dois laranjas, as quais eram controladas por um militar.

No total, cinco pessoas foram presas durante a operação, entre elas, os dois militares do Exército envolvidos no esquema criminoso e um conhecido advogado de São Luís, que não teve o nome divulgado. Ele recebeu voz de prisão em flagrante no bairro do Parque Timbiras, com duas armas irregulares provavelmente oriundas do esquema descoberto.

Conforme a polícia, os militares do exército eram um tenente temporário, lotado em São Luís, e o outro de patente capitão, efetivo lotado em Fortaleza. Segundo as investigações, eles adquiriam armas de forma legal fazendo uso de suas funções, porém, transferiam elas documentalmente para o nome de laranjas para assim serem repassadas ao tráfico.

O Exército Brasileiro, por meio do Comando Militar do Norte e da 8ª Região Militar, desde o início, acompanhou e colaborou com a investigação envolvendo os alvos militares, de acordo com a Polícia Civil.

A Operação Orlov contou com o apoio operacional de equipes da SENARC, SPCC, SPCI, SHPP e SECCOR, além das Polícias Civil dos Estados do Ceará e São Paulo.

Apreensões

As prisões ocorreram em São Luís e Fortaleza, no Ceará. Além disso, foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão domiciliares na capital maranhense, Imperatriz, Barreirinhas, Lago da Pedra, Humberto de Campos, Ribeirão Preto (SP), Fortaleza (CE) e Parauapebas (BA), que resultaram na apreensão de 14 armas de fogo, provas documentais, aparelhos celulares e 545 munições.

Foram apreendidos ainda três veículos e efetuadas cinco prisões, sendo três em flagrante e duas preventivas. Também foi feito o sequestro de R$ 350 mil em valores da organização criminosa.

Investigações

O delegado Thiago Dantas, que preside a operação, detalhou as investigações, durante coletiva. “Essa investigação teve início em maio de 2023 a partir da apreensão de uma arma de fogo que foi pega com um traficante em São Luís. Após as consultas aos sistemas foi constatado que a arma estava registrada em nome de um indivíduo do Estado de São Paulo. Então em contato com esse indivíduo, descobrimos que ele estava sendo usado como laranja, pois possuía arma de fogo em São Luís e que seu registro de atirador esportivo em São Luís era falso”, informou.

A arma citada pelo delegado Thiago Dantas que deu início à investigação é uma pistola Glock. Durante os trabalhos, a equipe de investigadores descobriu que o indivíduo preso integrava o esquema criminoso como intermediador da aquisição de armas de fogo de forma ilegal. Além disso, também se descobriu que havia uma empresa aberta em nome do laranja.

Durante as buscas à empresa foi verificada que se tratava de uma fachada usada para disfarçar o esquema criminoso, já que nada foi encontrado no endereço registrado.

“Os militares do Exército trabalhavam no setor responsável pelo registro de armas. Eles faziam a aquisição do armamento de forma legal, mas em seguida colocam em nome de laranjas e vendiam pelo dobro do preço para o mercado clandestino”, relatou Thiago Dantas.

A investigação identificou pelo menos 17 armas possivelmente comercializadas ilegalmente pelos alvos da operação. Além disso, empresas fantasmas foram identificadas em nome de dois laranjas, as quais eram controladas por um militar. Entre as armas vendidas ilegalmente para o crime organizado estavam pistolas, revólveres, fuzis e carabinas.

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