Com o prazo para a entrega da Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF) 2024 se aproximando, a Receita Federal informou que os contribuintes têm entre os dias 15 de março e 31 de maio para realizar o envio. Diante dessa data-limite, saber por onde começar o preenchimento do documento ou revisar cuidadosamente os detalhes que não podem faltar se torna crucial.
Para auxiliar nesse processo, André Charone, renomado contador, professor universitário e autor do livro “Declaração de Imposto de Renda: Dicas e truques que o Leão não quer que você saiba”, compartilha insights valiosos. Charone destaca os 5 erros mais comuns cometidos pelos contribuintes e aponta o que não pode ficar de fora na sua declaração.
“Com a experiência de anos lidando com declarações de imposto de renda, identifiquei os erros recorrentes que podem custar caro aos contribuintes”, afirma Charone. Entre os equívocos mais frequentes, ele ressalta a omissão de rendimentos, a falta de informação sobre bens e imóveis, erros na declaração de despesas médicas, inconsistências em relação a dependentes e a não inclusão de rendimentos isentos.
Além de apontar os erros a serem evitados, Charone destaca também o que não pode faltar na declaração. “É crucial ter atenção especial aos documentos necessários para comprovar os rendimentos declarados, como informes de rendimento, recibos de despesas dedutíveis, além de documentos que comprovem a propriedade de bens e imóveis”, aconselha o especialista.
Confira abaixo os 5 erros na hora de declarar o IR
1. Omitir os rendimentos
Um dos erros mais frequentes, segundo André Charone, é a omissão de rendimentos. Isso pode incluir esquecer de declarar parte do salário, rendimentos de aluguéis ou ganhos de capital. “Todos os rendimentos recebidos durante o ano devem ser reportados, incluindo aqueles isentos ou não tributáveis. A omissão, seja por esquecimento ou desconhecimento, é um dos principais motivos para cair na malha fina”, enfatiza.
Para evitar cair na armadilha da omissão de rendimentos, ele recomenda manter uma organização rigorosa de todos os documentos ao longo do ano, incluindo comprovantes de rendimento fornecidos pelos empregadores, extratos bancários, comprovantes de recebimento de aluguéis, entre outros. “Uma prática recomendada é criar um arquivo, físico ou digital, onde esses documentos possam ser facilmente acessados durante a preparação da declaração”, sugere.
2. Colocar os dados incorretos ou incompletos
O erro de fornecer dados incorretos ou incompletos na Declaração de Imposto de Renda é um tropeço comum que pode levar os contribuintes direto para a malha fina da Receita Federal. Este erro abrange uma ampla gama de equívocos, desde simples erros de digitação até a falta de informações essenciais que podem afetar o cálculo do imposto devido.
Parece trivial, mas um simples número trocado no CPF de um dependente, ou um erro no valor declarado de um rendimento pode causar discrepâncias significativas na declaração. Essas diferenças são facilmente detectadas pelos sistemas da Receita Federal, que cruzam uma vasta quantidade de dados para validar as informações fornecidas.
André Charone salienta a importância de uma revisão cuidadosa. “Uma verificação meticulosa dos dados inseridos pode prevenir uma série de dores de cabeça. Algo tão simples quanto um erro de digitação pode atrasar o processamento da sua declaração e, potencialmente, levar a uma auditoria mais detalhada”, afirma.
3. Despesas médicas incompatíveis
As despesas médicas são um dos pontos que mais geram dúvidas na hora de preencher a Declaração de Imposto de Renda, e, segundo André Charone, também são uma das áreas mais propensas a erros que podem levar o contribuinte a cair na malha fina. Isso se deve, em grande parte, à complexidade das regras que regem quais despesas podem ser deduzidas e como elas devem ser reportadas.
Um dos erros mais comuns é a tentativa de deduzir despesas médicas não permitidas pela legislação. O profissional alerta que nem todos os gastos podem ser deduzidos. Despesas com medicamentos, por exemplo, só são dedutíveis quando incluídas na conta hospitalar.
“É fundamental que o contribuinte tenha conhecimento sobre o que é ou não dedutível. A inclusão de gastos não permitidos pode ser facilmente identificada pela Receita Federal, aumentando o risco de cair na malha fina”, explica André Charone.
Superestimação e falta de documentação dos medicamentos
Outra questão relevante é a superestimação de despesas ou a inclusão de despesas de pessoas que não sejam dependentes legalmente declarados na declaração do Imposto de Renda. André Charone esclarece: “Todos os gastos médicos declarados precisam ser comprováveis por meio de documentação oficial, que inclui notas fiscais e recibos detalhados. Além disso, as despesas devem se referir exclusivamente ao contribuinte ou a seus dependentes oficialmente declarados”, afirma.
Por último, a falta de documentação comprobatória adequada é um erro que frequentemente coloca os contribuintes na mira da Receita Federal. “A Receita pode solicitar a apresentação dos comprovantes de despesas médicas a qualquer momento, e não possuir esses documentos pode resultar em ajustes na declaração e, consequentemente, em multas ou outras penalidades”, diz André Charone.
4. Declarar o rendimento dos dependentes errado
A declaração de rendimentos de dependentes no Imposto de Renda é uma área que, frequentemente, é fonte de erros críticos, podendo facilmente conduzir o contribuinte à malha fina da Receita Federal. André Charone destaca a importância de uma abordagem meticulosa e informada ao declarar essas informações, ressaltando três aspectos principais que requerem atenção especial:
Incluir os rendimentos
Primeiramente, é comum que os contribuintes esqueçam de incluir na declaração os rendimentos recebidos por seus dependentes. Tal omissão pode levar a discrepâncias significativas nas informações fornecidas à Receita Federal.
“Todos os rendimentos recebidos pelos dependentes, seja de trabalho, aluguéis ou investimentos, devem ser cuidadosamente reportados. A Receita tem meios sofisticados para cruzar informações, e qualquer inconsistência pode ser facilmente detectada”, explica André Charone.
Identificação e qualificação
Além disso, a correta identificação dos dependentes e a atribuição adequada de seus rendimentos são essenciais. André Charone alerta para a necessidade de verificar se os dependentes se qualificam segundo as normas da Receita Federal, o que inclui avaliar a relação de dependência, limites de idade para filhos e enteados, e outras condições específicas que determinam a elegibilidade. “A legislação fiscal é clara quanto às condições que um dependente deve atender para ser incluído na declaração. Ignorar essas regras pode resultar em problemas sérios com a Receita”, adverte.
Comprovantes
Por último, a documentação comprobatória dos rendimentos dos dependentes deve ser mantida de forma organizada e acessível. André Charone enfatiza a importância de reunir comprovantes de renda, como contracheques, comprovantes de rendimentos de aluguéis, e informes de rendimentos de instituições financeiras. “A organização documental não só facilita a declaração correta dos rendimentos, como também prepara o contribuinte para qualquer eventual necessidade de comprovação junto à Receita Federal”, afirma.
5. Não consultar o processamento da declaração
A etapa final, e não menos importante no processo de declaração do Imposto de Renda, é a consulta ao processamento da declaração pela Receita Federal. Essa prática é crucial para identificar precocemente qualquer erro ou discrepância que possa ter passado despercebido durante o preenchimento. André Charone reforça a importância dessa etapa, enfatizando que ela representa uma oportunidade valiosa para o contribuinte corrigir falhas antes de receber uma eventual notificação da Receita Federal.
A consulta ao processamento permite que o contribuinte verifique o status da declaração e, mais importante, identifique se caiu na malha fina por algum dos erros discutidos anteriormente. “Ao consultar regularmente o processamento da sua declaração no portal e-CAC da Receita Federal, o contribuinte pode agir proativamente, corrigindo erros através da declaração retificadora antes que a situação escale para uma convocação formal ou, em casos mais graves, para uma auditoria”, explica André Charone.
A declaração retificadora é uma ferramenta poderosa à disposição do contribuinte, permitindo a correção de dados incorretos, omissos ou incompletos, sem penalidades, desde que a iniciativa parta do próprio contribuinte e antes de qualquer ação iniciada pela Receita. “Essa proatividade não apenas demonstra a boa-fé do contribuinte, como também pode simplificar o processo de regularização, evitando multas e juros que poderiam ser aplicados posteriormente”, complementa.