Em comunicado divulgado nessa terça-feira, 9, a Petrobras informou que descobriu uma acumulação de petróleo em águas ultraprofundas na Bacia Potiguar, no poço exploratório Anhangá, entre os estados do Ceará e do Rio Grande do Norte. A área fica na polêmica Margem Equatorial, uma região chamada de nova fronteira exploratória, formada ainda pelas bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas e Ceará, além da Potiguar.
Segundo a estatal, a acumulação está situada a cerca de 190 km de Fortaleza (Ceará) e 250 km de Natal (Rio Grande do Norte), em uma profundidade de 2.196 metros. A descoberta anunciada com a concessão POT-M-762 ocorre enquanto a Petrobras aguarda a decisão do Ibama para perfurar um poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas.
Conforme o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates “a companhia possui um histórico de quase 3 mil poços perfurados em ambiente de águas profundas e ultraprofundas, sem qualquer tipo de intercorrência ou impacto ao meio ambiente”.
Trata-se da segunda descoberta de petróleo em águas ultraprofundas na região neste ano. Antes do anúncio dessa terça, a estatal já havia informado a comprovação da presença de hidrocarboneto no Poço Pitu Oeste, localizado na Concessão BM-POT-17, a cerca de 24 km de Anhangá.
No Plano Estratégico 2024-2028 está previsto o investimento de US$ 3,1 bilhões para pesquisa de óleo e gás na Margem Equatorial, onde a companhia planeja perfurar 16 poços nesse período.
Em nota, o diretor de Exploração e Produção da estatal, Joelson Mendes, diz que a margem equatorial é “considerada como uma nova e promissora fronteira” e “será fundamental para o futuro da companhia, garantindo a oferta de petróleo necessária para o desenvolvimento do país”.
Segundo especialistas, a descoberta, embora não se saiba ainda o tamanho da reserva, é importante, pois vai permitir que a companhia abra novos caminhos para além do pré-sal, que deve entrar em declínio no fim desta década.
“A descoberta anunciada pela Petrobras indica boas perspectivas econômicas na área. Mas isso não deverá mudar a posição do Ibama, a quem cabe examinar o assunto sob a perspectiva ambiental, levando em conta os impactos ambientais, reais e potenciais, gerados pelo empreendimento (na Foz do Amazonas)”, destacou Oscar Graça Couto, advogado e professor de Direito Ambiental da PUC-Rio.
Embora a Petrobras esteja perfurando na Bacia Potiguar, o foco ainda continua sendo a Foz do Amazonas. Atualmente, a estatal ainda aguarda aval do Ibama para perfurar o primeiro poço no extremo Norte do país, batizado de Amapá Águas Profundas, que fica a 160km da costa e a 40km da fronteira com a Guiana Francesa.
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