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Bancos digitais abrem operadoras de celular e miram conveniência para usuários

A receita líquida somada das principais operadoras do Brasil — Vivo, Claro e TIM — chegou a R$ 121,5 bilhões em 2023

Fonte: Com CNN

Em meados de maio, o Nubank anunciou o lançamento de sua própria operadora telefônica de celular — ainda sem nome —, com previsão de funcionamento no terceiro trimestre deste ano, usando a infraestrutura da Claro.

A fintech é a terceira do seu segmento a entrar no mercado de telecomunicações utilizando infraestruturas de uma grande companhia do setor, em um modelo chamado operadora móvel virtual (MVNO, na sigla em inglês).

Neste formato, o Inter foi pioneiro com a Inter Cel, lançada em outubro de 2021, que usa a rede da Vivo e disponibiliza planos que vão de R$ 15 a R$ 70. Com 80 mil clientes ativos na base da operadora, para ser cliente o usuário obrigatoriamente precisa ser correntista da instituição.

Já o C6 Bank tem parceria com a TIM em um modelo que ajudou a levar clientes da telefônica ao banco digital, e em troca, a operadora recebe a opção de subscrever ações do banco.

Serviços complementares

No MVNO, as companhias que não são nativas no segmento de telecomunicação conseguem operar sem a necessidade de arcar com a infraestrutura padrão do segmento, como custo de torres e antenas.

Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), até fevereiro deste ano, o Brasil contabilizava 145 MVNOs.

“Uma MVNO tem como objetivo combinar ou complementar a oferta do seu serviço tradicional com conectividade móvel, e não de cobrir um gap [espaço] da prestação do serviço de telecomunicações”, afirma Luciano Saboia, diretor de Telecomunicações da IDC Brazil, consultoria de inteligência de mercado.

De acordo o especialista, o modelo apresenta vantagens ao consumidor, com melhor atendimento e contratação de serviços.

Além disso, ele ressalta a expertise das fintechs no âmbito de segurança digital, um dos grandes pontos de preocupação do setor de tecnologia na atualidade.

“As vantagens dessas novas MVNOs acabam sendo maiores para os bancos do que para a telecom. Uma MVNO de um banco dificilmente vai tornar o serviço mais barato ou mais acessível. Conveniência e combinação de produtos são os aspectos principais”, aponta Saboia.

Mesmo com a entrada de novas empresas no segmento, analistas afirmam que companhias nativas não devem se sentir intimidadas.

Pelo contrário, Moisés Moreira, ex-conselheiro e vice-presidente da Anatel, acredita que a criação de novas operadoras MVNOs deve impactar positivamente os consumidores, embora o efeito seja limitado.

“Acho que talvez abaixe a tarifa em função da competição de mercado, mas não muito, porque telefonia móvel é um serviço caro e o Nubank vai precisar pagar pelo espectro [infraestrutura] que está usando da Claro”, afirma Moreira.

Na mesma linha, Saboia pontua o grau de eficiência que o próprio mercado exige dos participantes.

“Para ter sucesso, o operador virtual terá que implementar máxima eficiência no atendimento e elevada governança, do contrário sucumbirá”, completa.

Apesar das vantagens apresentadas pelos especialistas, Saboia ressalta que manter uma MVNO tem um alto custo, incluindo aquisição por usuário, gestão, atendimento, entre outros gastos inerentes de uma telecom.

Para ele, no momento em que uma operadora móvel assume a prestação de serviços ao usuário final, ela é quem passa a arcar com todos esses custos, tornando-se o ponto de contato o cliente.

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