Decisão dividida por 5 a 4 na última reunião gerou inquietações sobre compromisso com meta de inflação pela próxima gestão do BC; Selic deve ser mantida em 10,50%
Casas intensificaram visão de que moeda americana deve permanecer mais forte em relação a outras divisas ao redor do mundo
Para a XP, novos cortes de juros vão ser realizados com muita “cautela”, já que as autoridades monetárias monitoram como uma lupa as taxas de câmbio, porque a maioria das moedas da região se desvalorizaram desde o início do ano.
Isso, conforme o relatório, assinado pelo economista Francisco Nobre, da XP, deixou muitos banco centrais “desconfortáveis”.
“Grande parte da desvalorização das moedas pode ser atribuída à força do dólar em meio a juros mais altas nos EUA”, destaca Nobre.
Alta do dólar: Fatores locais
Mesmo assim, reforça o relatório, diferentes fatores domésticos em cada país também preocupam os investidores, sendo o resultado eleitoral surpreendente recente no México o mais significativo.
Como consequência, a moeda mexicana se desvalorizou consideravelmente nas últimas duas semanas, o que, por sua vez, afetou outras divisas da América Latina.
Enquanto isso, no Brasil, o real, que estava em torno de R$ 4,85 quando o banco central começou a reduzir as taxas em agosto do ano passado, agora – após 3,25 pp de corte da Selic – está em torno de R$ 5,30.
“Acreditamos que a moeda brasileira está atualmente subvalorizada e provavelmente deverá se apreciar até o final do ano, embora o nível atual seja uma preocupação para a condução da política monetária”, destaca.
Sobre o resultado da reunião desta quarta-feira (19), a XP avalia que haverá a interrupção do ciclo de corte. “Os fatores domésticos que têm desafiado a autoridade monetária incluem preocupações crescentes com a perspectiva fiscal, expectativas de inflação mais altas para 2025 e 2026, e a moeda mais fraca.”
Para a XP, a expectativa, por enquanto, é de que a taxa de juros seja mantida em 10,5% até o final de 2025.