A riqueza média por adulto no Brasil registrou um crescimento impressionante de mais de 375% desde a crise financeira de 2008, quando medida em moeda local. Esses dados foram revelados pelo Global Wealth Report 2024, publicado pelo UBS. Em comparação, o México teve um aumento de pouco mais de 150%, e a China Continental apresentou um crescimento de 366%.
Apesar desse avanço significativo, o relatório destaca que o Brasil possui a terceira maior taxa de desigualdade de riqueza entre as 56 nações analisadas, ficando atrás apenas da Rússia e da África do Sul. Entre 2008 e 2023, a desigualdade no país, medida pelo índice de Gini, aumentou 16,8%.
Segundo o UBS, a percepção de crescimento da riqueza é frequentemente obscurecida por fatores como a desigualdade. “Muitas pessoas podem não reconhecer em seu próprio país algumas destas descobertas sobre a riqueza individual,” afirmam os pesquisadores. “As pessoas podem sentir que o crescimento ou declínio na riqueza passou por eles sem que percebessem,” acrescentam.
O relatório do UBS aponta uma discrepância crucial entre a riqueza média e a mediana no Brasil. A riqueza média é calculada dividindo-se a soma total da riqueza pelo número de habitantes, enquanto a mediana representa o ponto médio dessa escala. No Brasil, a relação entre a riqueza média e a mediana é mais de cinco vezes. “Isso ocorre quando os números são distorcidos para cima por um grupo de riqueza particularmente elevada concentrada no topo, enquanto os números da riqueza mediana são menos afetados por esses extremos,” explica o relatório.
Outro ponto de atenção é a desaceleração significativa no ritmo de crescimento da riqueza no Brasil entre 2010 e 2023. Fatores como a depreciação da moeda local, inflação, queda da produtividade e menor crescimento econômico contribuíram para essa tendência. Enquanto de 2000 a 2010 houve uma expansão de riqueza de 384%, com uma média anual de 15%, nos 13 anos seguintes essa taxa caiu para 55%, com um ritmo anual de apenas 3%.
Apesar dessa desaceleração, o UBS projeta um aumento de 22% no número de milionários no Brasil até 2028, totalizando 463.797 indivíduos com patrimônio igual ou superior a US$ 1 milhão. Com essa taxa de crescimento, o Brasil ocupa a 12ª posição na lista de maiores crescimentos projetados entre 36 países.
No cenário global, o relatório indica uma significativa transferência de riqueza tanto entre casais quanto entre gerações. Estima-se que US$ 83,5 trilhões serão transferidos nos próximos 20 a 25 anos. “O mundo tem ficado progressivamente mais rico em todos os segmentos,” observa o relatório de 2024. “No ano passado, a riqueza global se recuperou da queda de 2022. A riqueza está crescendo de forma constante em todo o mundo — embora a velocidades diferentes — com muito poucas exceções.”
A porcentagem de adultos na faixa de riqueza mais baixa, abaixo dos US$ 10 mil, caiu quase pela metade globalmente entre 2000 e 2023. A maioria das pessoas subiu para a segunda faixa, situada entre US$ 10 mil e US$ 100 mil, que mais do que duplicou em duas décadas.
O número de milionários está em crescimento contínuo. Em 2023, os milionários representavam 1,5% da população adulta mundial. Os Estados Unidos lideram com quase 22 milhões de milionários, representando 38% do total global. A China Continental está em segundo lugar, com pouco mais de seis milhões, aproximadamente o dobro do Reino Unido, que ocupa a terceira posição.
Até 2028, estima-se que o número de adultos com riqueza superior a US$ 1 milhão aumentará em 52 dos 56 mercados analisados. Em Taiwan, esse aumento poderá atingir 50%, destacando uma tendência global de crescimento contínuo da riqueza entre os mais abastados.