Um mês depois do assassinato do empresário Josival Cavalcanti da Silva, mais conhecido como “Pacovan”, em um posto de combustível, na cidade de Zé Doca, a Polícia Civil já tem o crime como elucidado e prendeu, na última quarta-feira (10), o casal apontado como mandante do homicídio.
Fernanda Costa, ex-funcionária da vítima, e o marido dela, Francisco Heydyne do Nascimento, “o Cearense”, conforme as investigações da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), planejaram o crime devido a uma dívida que a mulher tinha com Pacovan. O empresário teria descobriu que ela estaria desviando dinheiro e exigia o pagamento dos valores.
“O casal que foi preso eram os únicos que sabiam que ele ia até o local naquele dia. A motivação deles era recente, e beneficiou diretamente e imediatamente os autores. Existia uma dívida que estava sendo cobrada naquele dia e tinha um cheque para ser recebido também no dia seguinte”, explicou o titular da SHPP, George Marques, à reportagem do Jornal Pequeno,.
O delegado ressaltou, ainda, que os veículos utilizados pelos atiradores durante e após a ação pertenciam a “Cearense”, tendo sido um deles, inclusive, comprado via Pix horas antes do crime.
A partir de agora, a segunda fase da investigação tem como foco identificar e capturar o grupo que participou da execução do crime. Imagens da câmera de segurança do posto de combustível mostram um carro, modelo Siena, chegando e, em seguida, dois homens armados descendo pelas portas laterais direita.
Na ocasião, a dupla se aproxima de Pacovan, efetua os disparos, que também atingem o motorista dele, e rapidamente volta ao automóvel, que minutos depois é abandonado e queimado. Uma caminhonete, modelo Hilux preta, serviu, de acordo com os levantamentos, para resgatar os pistoleiros.
“No primeiro carro, são no mínimo três. Um conduzindo e os outros dois que descem. Ainda existia, também, no mínimo, o motorista do outro carro que auxiliou na fuga”, explicou o superintendente da SHPP.
Saiba quem é Fernanda Costa
Capturada em um hotel na Avenida Litorânea, em São Luís, em cumprimento a um mandado de prisão expedido pelo juiz Marcelo Moraes Rego de Sousa, da 1ª Vara de Zé Doca, Fernanda Costa era ex-funcionária do empresário e trabalhou com ele por mais de uma década.
A mulher, que é parente do ex-prefeito de Zé Doca, Raimundo Nonato Sampaio, o “Natin”, conforme a polícia, era responsável por diversas transações financeiras de Pacovan e de total confiança da vítima, chegando a gerenciar alguns dos postos de propriedade dele.
Há alguns meses, o vínculo entre eles teria estremecido, após, conforme a investigação, o chefe descobrir que supostamete estava tendo seu dinheiro desviado pela funcionária. A informação do imbróglio envolvendo os dois foi confirmada por parentes da vítima em depoimento à polícia.
Pacovan iniciou uma auditoria e confirmou a retirada de valores substanciais de seu patrimônio. Fernanda e o marido começaram a adquirir empreendimentos e ampliar seus negócios, o que só ajudou a reforçar as suspeitas do golpe aplicado pelo casal.
A então funcionária de confiança e o empresário cortaram relações e ela firmou o compromisso de pagar o dinheiro que havia subtraído. O combinado, conforme revelado pelo blog O INFORMANTE (Grupo JP), era que a dívida seria quitada por meio de dez cheques e um deles estava marcado para ser entregue no dia do crime.
Ao Jornal Pequeno, o delegado George Marques explicou que, até o momento, não tem como afirmar o valor exato que teria sido desviado por Fernanda.
QUEM ERA PACOVAN
Nascido no município de João Alfredo, no estado de Pernambuco, Josival Cavalcanti da Silva, mais conhecido como “Pacovan”, trabalhou como leiteiro em um estabelecimento de um parente até os 17 anos. Em seguida, foi viver com a tia na cidade de Recife, de onde, alguns anos depois, decidiu se mudar para a capital maranhense. Em São Luís, começou a trabalhar na Ceasa e, atualmente, era dono de doze boxes no local, além de vários postos de combustível por todo o Maranhão.
Em 2012, o nome de Pacovan veio à tona na mídia maranhense, logo após a morte do jornalista Décio Sá. Na época foi descoberto um esquema de agiotagem envolvendo quase cinquenta prefeituras maranhenses que era liderado por ele, de acordo com a polícia.
O empresário chegou a ser preso várias vezes e em uma delas ficou pouco mais de dois meses custodiado em Pedrinhas. Também foi condenado a mais de dez anos por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e crimes contra a ordem tributária.
Em 2017, por exemplo, foi alvo da operação Jenga, deflagrada pela Polícia Civil, por meio da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic). Segundo o órgão, por meio de sete postos de combustível localizados em São Luís, Zé Doca e Itapecuru-Mirim, comprados em nomes de “laranjas”, foram desviados mais de R$ 200 milhões dos cofres públicos.
Durante a ação, foram apreendidos mais de sessenta caminhões que teriam sido repassados a ele como garantia de pagamento de dívidas, o que configurou a prática agiotagem para a polícia, que, também, sequestrou vários imóveis de luxo, carros e fazendas pertencentes a ele.