A Autoridade de Concorrência da Itália abriu uma investigação sobre algumas empresas controladas pelos grupos de moda de luxo Giorgio Armani e Christian Dior, do grupo LVMH, do bilionário francês Bernard Arnault, devido a alegações de práticas comerciais desleais e exploração de funcionários.
O órgão regulador antitruste, com sede em Roma, está investigando se as duas marcas utilizaram fornecedores que aplicam práticas comerciais desleais, incluindo o pagamento de salários “inadequados” aos funcionários e, às vezes, forçando-os a trabalhar ilegalmente por longas horas em condições inadequadas de saúde e segurança. Tais práticas contrastam com os “níveis de excelência de produção ostentados” pelos dois grupos, observou a autoridade antitruste italiana.
Em um comunicado emitido na quarta-feira, o órgãos regulador disse que Armani e Dior “podem ter emitido declarações falsas sobre sua ética e responsabilidade social, em particular no que diz respeito às condições de trabalho e ao cumprimento da lei por parte de seus fornecedores.”
A investigação é apenas a mais recente ação das autoridades na Itália para reprimir supostas condutas empresariais ilícitas na indústria da moda.
De acordo com a rede CNN, as empresas estão sendo investigadas por possível conduta “ilegal” na comercialização e venda de roupas e acessórios, em violação ao Código do Consumidor da Itália, que podem resultar em multas de até €10 milhões (US$ 10,9 milhões).
Em junho, um tribunal de Milão colocou uma unidade da casa de moda francesa Dior sob controle judicial, citando supostas violações trabalhistas em sua cadeia de suprimentos. A Dior, que produz bolsas e acessórios de luxo na Itália, não “impediu a exploração trabalhista dentro de seu ciclo de produção”, disse a polícia italiana na época.
Da mesma forma, em abril, um juiz de Milão colocou a unidade de fabricação da Armani sob o mesmo controle por suposta exploração de trabalhadores.
Alegações sem fundamento, diz Armani
Na terça-feira, a polícia financeira e funcionários antitruste vasculharam as sedes da Giorgio Armani, G.A. Operations SpA e Christian Dior Italia, de acordo com o comunicado.
Procurado pela reportagem, o grupo Armani disse estar ciente da investigação.
“As empresas envolvidas estão totalmente comprometidas em cooperar com as autoridades, acreditam que as alegações não têm fundamento e estão confiantes em um resultado positivo após a investigação,” acrescentou a empresa italiana em um comunicado por escrito.
Em um comunicado ao qual a CNN teve acesso, a Dior disse que as autoridades italianas recentemente informaram a empresa sobre “práticas ilegais” em dois de seus fornecedores envolvidos na produção de produtos de couro para homens. A investigação levou a Dior a interromper os pedidos dos fornecedores visados, informou a marca.
“A casa Dior condena firmemente esses atos indignos, que contradizem seus valores e o código de conduta assinado por esses fornecedores… Apesar das auditorias regulares, esses dois fornecedores evidentemente conseguiram esconder essas práticas”, acrescentou a empresa, observando que não fará novos pedidos às empresas em questão e que está colaborando com as autoridades italianas.