Pela primeira vez desde setembro de 2020, a Petrobras encerrou um trimestre com prejuízo. Na primeira divulgação de resultados sob a gestão de Magda Chambriard, a estatal reportou um resultado negativo de R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre de 2024. Fatores extraordinários, como a desvalorização do real frente ao dólar e uma provisão relacionada a um acordo tributário com a Fazenda, impactaram o lucro líquido, sem afetar o caixa da empresa, conforme informou a Petrobras.
Impacto Cambial e Provisões
No final de junho, o dólar se valorizou 11,2% em relação ao real, o que teve efeitos negativos no resultado financeiro da companhia. A Petrobras possui dívidas em dólar com subsidiárias integrais no exterior, e a valorização da moeda americana resultou em uma piora no balanço financeiro da holding, uma vez que a moeda operacional da empresa no Brasil é o real. Segundo Chambriard, a variação cambial afetou a contabilidade interna da companhia, mas não teve impacto no caixa ou no patrimônio da empresa. Fernando Melgarejo, diretor financeiro da Petrobras, destacou que o resultado líquido do trimestre foi influenciado por eventos contábeis, sem impacto relevante no caixa.
Outro fator que contribuiu para o prejuízo foi o acordo com o Ministério da Fazenda, que pôs fim a um litígio com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) relacionado à tributação de remessas ao exterior para o pagamento de afretamento de embarcações. A Petrobras fez uma provisão de cerca de US$ 2,1 bilhões em relação a esse acordo.
Desempenho Financeiro
A receita líquida da Petrobras no segundo trimestre de 2024 foi de R$ 122,25 bilhões, um aumento de 7,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu 12,3%, totalizando R$ 49,7 bilhões. A dívida líquida da empresa no final de junho ficou em US$ 46,16 bilhões, um aumento de 9,4% em relação ao ano anterior.
O último prejuízo registrado pela Petrobras ocorreu no terceiro trimestre de 2020, durante a pandemia, quando a empresa enfrentou uma queda nas receitas devido a fatores como adesão a programas de anistia tributária e recompra de títulos. O resultado mais negativo da estatal foi registrado no primeiro trimestre de 2020, com um prejuízo de R$ 48,52 bilhões, refletindo perdas no valor de ativos e investimentos durante o choque nos preços do petróleo.
Distribuição de Dividendos e Projeções de Investimentos
Apesar do prejuízo, a Petrobras anunciou o pagamento de R$ 13,57 bilhões em dividendos aos acionistas, sendo parte do valor proveniente de uma reserva de capital criada no ano passado. Do total, R$ 6,4 bilhões virão da reserva estatutária de R$ 22 bilhões relativa aos dividendos extras de 2023. A remuneração aos acionistas será de R$ 1,05320017 por ação ordinária e preferencial, paga em duas parcelas: a primeira em 21 de novembro e a segunda em 20 de dezembro.
A empresa também revisou sua projeção de investimentos para 2024, agora estimada entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões, com foco em exploração e produção, que devem receber entre US$ 11,1 bilhões e US$ 12,1 bilhões.