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Câmara promove sessão que marca os 165 anos da chegada do Evangelho no Brasil

O pastor João Deça fez um relato histórico da chegada do Evangelho no país

Fonte: Assessoria da Câmara Municipal

A Câmara Municipal de São Luís foi palco de sessão solene em homenagem à chegada do ‘Evangelho Puro’ ao Brasil. O evento, realizado nesta segunda (12), é fruto de proposta do vereador Pavão Filho (PSB) e marca os 165 anos da chegada do Evangelho ao Brasil. A cerimônia contou com presença de líderes religiosos e membros da comunidade. Na ocasião, os participantes destacaram a importância dessa expressão do cristianismo para o país e seu impacto potencial para a fé e a convivência religiosa no Brasil.

Pavão Filho destacou o evento e a importância do evangelho para a diversidade religiosa. “É com grande satisfação que celebramos esse tema. Um marco importante, que representa a contínua evolução e enriquecimento da nossa vida espiritual e religiosa. O Evangelho traz consigo uma mensagem de simplicidade e profundidade, buscando, acima de tudo, uma conexão mais verdadeira com os ensinamentos originais de Jesus Cristo. Quero expressar minha gratidão a todos que contribuíram para tornar este momento possível e, especialmente, aos líderes religiosos que aqui estão para compartilhar essa jornada conosco”, enfatizou.

Participaram da sessão os vereadores Tiririca do Maranhão (PL) e Sá Marques (PSB); o presidente da Convenção Batista Maranhense, pastor Jedaias Ferreira de Azevedo, que preside também a Igreja Batista do Olho d’Água; o presbítero Thiago Lins de Melo, representando a Igreja Presbiteriana  do Maranhão; e o pastor João Mendes Deça, palestrante da sessão; e membros de congregações religiosas.

Para Sá Marques, o momento foi de alegria e de acreditar na capacidade do Evangelho de transformar vidas e comunidades. “Este movimento é uma vertente e convite para que voltemos às raízes da nossa fé, com um espírito renovado e uma compreensão mais clara dos princípios cristãos. Agradecemos ao vereador Pavão Filho e à Câmara, que reconheceu a importância desse diálogo e reflexão espiritual”, pontuou.

Palestrante do evento, o pastor João Deça fez um relato histórico da chegada do Evangelho no Brasil. Ele é reconhecido por suas várias obras que debatem o tema. Ele destacou que a igreja evangélica começou no Maranhão em 1875, com o americano Jhon Smith, radicado em Pernambuco, que veio formar base de apoio no estado. Em junho de 1986, foi implantada a primeira Igreja Presbiteriana em São Luís.

Deça pontuou que “o culto deve refletir um saudável equilíbrio entre o intelecto, o sentimento, a mente e o coração, e a vida comunitária deve se manifestar pela maneira como os irmãos vivem e se relacionam na comunidade da fé”. O pastor enfatizou que todo crente é ministro de Deus.

O pastor Jedaias Ferreira contou sua trajetória na condução de congregação religiosa e na sua luta para levar a palavra de Cristo a todos. “A igreja nunca vai falir. São dois mil anos levando a palavra de Deus a todos e o crescimento é notório. Só precisamos tomar cuidado para manter a essência do Evangelho na nossa identidade como servo de Deus e que Ele nos abençoe a continuar esta missão de testemunhar com integridade e com santidade”, frisou.

No encerramento da sessão, Pavão Filho entregou certificado aos representantes de ministérios religiosos.

A sessão solene reforçou a importância da integração e do respeito entre diferentes expressões de fé, reforçando a ideia de que a diversidade religiosa é uma riqueza para a sociedade. O evento consolidou a promoção do entendimento e da convivência pacífica entre as diversas tradições cristãs no Brasil e o respeito à fé cristã.

Veja na íntegra a palestra do Rev. João d’Eça, no Plenário da Câmara Municipal de São Luis

ORIGEM DOS PRIMEIROS PROTESTANTES NO BRASIL

 

O Brasil herdou o cristianismo a partir de Portugal. Em Portugal já havia núcleos cristãos desde o 2º século, realizando o desejo do apostolo Paulo, conforme escrito em Romanos 15.24 (Penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha, pois espero que, de passagem, estarei convosco e que para lá seja por vós encaminhado, depois de primeiro haver desfrutado um pouco a vossa companhia), quando expressou o desejo de alcançar a península ibérica com o Evangelho, mais precisamente a Espanha.

 

Os primeiros protestantes que aportarem em terras tupiniquins, foram os huguenotes, como eram chamados os protestantes franceses que vieram para o Brasil, ainda na época do Brasil Colônia. Eles foram enviados por João Calvino, reformador de Genebra, Suíça, após troca de correspondências com Nicolás Durand de Villegaignon, que veio para a instalação da França Antarctica.

 

O PRIMEIRO CULTO PROTESTANTE NO BRASIL

Nos séculos XVI e XVII, o Brasil recebeu franceses e holandeses, que eram nações europeias de influência protestante, eles vieram para o Brasil, que na época era dominado por portugueses da contrarreforma(movimento religioso de origem católica, que tinha como foco deter e extinguir o protestantismo no mundo).

 

Apesar das perseguições por questões religiosas em toda a Europa, onde havia um cenário de lutas e de intolerância religiosa, havia homens que mantiveram firme a sua fé e encontraram no Brasil um solo fértil para disseminar o cristianismo reformado e acolher a todos por meio da graça divina.

 

Em 10 de março de 1577, numa pequena ilha no interior da Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, aconteceu o primeiro culto protestante na história do Brasil e das Américas, organizado por um grupo de pastores e missionários franceses. Desde o ano de 2005, a data é considerada no calendário nacional e comemorado anualmente pelos evangélicos brasileiros.

 

O culto foi conduzido pelos pastores ordenados Pierre Richier e Guillaume Chartier, e pregaram a palavra embasada no Salmo 27.4, que diz: “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”.

 

57 anos depois do descobrimento do Brasil, o primeiro culto protestante marcou um momento histórico ainda hoje pouco conhecido pelos brasileiros em geral, porque depois de ter sido colonizado por países de cultura católico-romana e depois do forte trabalho de catequese, principalmente dos jesuítas, 12 huguenotes — protestantes franceses —, enviados por João Calvino, oficiam um culto a Deus, segundo a liturgia protestante reformada.

 

Para não esquecermos deles precisamos lembrar os seus nomes. Eles foram martirizados pelo governador Villegaignon. Seus nomes: Pierre Richier e Guillaume Chartier. Dentre os membros, estava Jean de Léry, autor da obra Histórias de uma viagem à terra do Brasil (1578), Jean de Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques le Balleur — que, juntos, escreveram a Confissão de fé da Guanabara (1558), conhecida também como Confissão fluminense. Uma das mais antigas Confissões de Fé da história do cristianismo, mais antiga até que a Confissão de Fé de Westminster, documento doutrinário oficial das igrejas protestantes reformadas no mundo.

 

A importância de manter-se firme na fé

O cristianismo em uma de suas metáforas mais conhecidas na Bíblia, diz: é “coluna e baluarte da verdade” em que o povo de Deus e a Igreja de Jesus Cristo, receberam a incumbência de nutrir os corações, educar as gerações e proclamar a verdade a todos.

 

Uma coluna é um marco que traz lembranças e liçõesvaliosas. Uma espécie de memorial intangível representado em algo concreto, que nos inspira a fidelidade aos que erigiram o primeiro culto protestante no Brasil.

 

A Escritura Sagrada afirma em Pv. 22.28, “que não devemos remover os marcos antigos que os nossos pais puseram”. Eles estruturam a nossa fé e a nossa vida. Por outro lado, um baluarte é uma fortificação de onde se defende as posições em uma guerra e de onde se ataca os inimigos.

 

Guerra Cultural

Hoje nós vivemos uma guerra cultural feroz que tenta ganhar as nossas mentes e corações. É um processo avançado de secularização, que tenta remover Deus da vida pública para restringi-lo à ambiência privada, como se toda a civilização ocidental não tivesse seus fundamentos e sua origem, nos valores judaico-cristãos.

 

Aplicação:

Portanto, como os huguenotes que promoveram o primeiro culto protestante, de fé reformada em solo brasileiro, o cristão deve permanecer firme em seus princípios de vida. É preciso marcar posição com verdadee amor, “porque as nossas armas não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando em nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (II Co. 10. 4,5).

SEGUNDA TENTATIVA DE IMPLANTAÇÃO DO PROTESTANTISMO NO BRASIL

​Alguns historiadores dizem que a segunda tentativa de implantação do protestantismo no Brasil, ocorreu aqui em São Luis, também pelos franceses, liderados por Daniel de La-Touche, em 1612, culminando com a fundação da cidade de São Luis.

 

La Touche era protestante reformado, que veio debaixo da autoridade do rei Henrique IV, também protestante, mas que havia sido assassinado a 14 de maio de 1610, em Paris. Muitos huguenotes participaram da empreitada de La Touche, trabalhando ativamente na evangelização dos indígenas locais. Foi um episódio passageiro de apenas 3 anos e meio, e nenhum dos historiadores se aprofundaram devidamente nesses acontecimentos até hoje. Dizem apenas que a tentativa foi uma empreitada comercial e não evangelística.

 

O acontecimento que é entendido como a segunda tentativa de implantação, ocorreu em Pernambuco com o príncipe João Mauricio de Nassau-Siegen, período conhecido como “Brasil Holandês”, de 1630 até 1654.

 

Em 1621, os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais com o objetivo de conquistar e colonizar territórios da Espanha nas Américas, especialmente uma rica região açucareira: o nordeste do Brasil. Em 1624, os holandeses tomaram Salvador, a época era a capital do Brasil, mas foram expulsos no ano seguinte. Finalmente, em 1630 eles tomaram Recife e Olinda e depois boa parte do Nordeste.

 

O maior líder do Brasil holandês foi o príncipe João Maurício de Nassau-Siegen, que governou o Nordeste de 1637 a 1644. Nassau foi um notável administrador, promoveu a cultura, as artes e as ciências, e concedeu uma boa medida de liberdade religiosa aos residentes católicos e judeus. Sob o comando dos holandeses, a Igreja Reformada se tornou oficial. Foram criadas 22 igrejas locais e congregações, dois presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e um sínodo, o Sínodo do Brasil (1642-1646). Mais de 50 pastores ou “predicantes” serviram essas comunidades.

 

A Igreja Reformada realizou uma admirável obra missionária junto aos indígenas. Além de pregação, ensino e beneficência, foi preparado um catecismo na língua nativa. Outros projetos incluíam a tradução da Bíblia e a futura ordenação de pastores indígenas. Em 1654, após quase dez anos de luta, os holandeses foram expulsos, transferindo-se para o Caribe. Os judeus que os acompanhavam foram para Nova Amsterdã, de onde fundaram a atual cidade de Nova York.

 

A INSTALAÇÃO DEFINITIVA DE IGREJAS PROTESTANTES NO BRASIL

​Dois séculos depois, em 12 de agosto de 1859, o presbiteriano Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867), americano, que estava então com 26 anos de idade. Originário do Estado da Pensilvânia, que havia estudado no Seminário de Princenton, e havia sido ordenado dois meses antes, instalou definitivamente a obra evangélica em solo brasileiro.

 

Simonton fundou a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. No breve período em que viveu no Brasil, Simonton, auxiliado por alguns colegas, fundou o primeiro jornal evangélico do país (Imprensa Evangélica, 1864), criou o primeiro presbitério (1865) e organizou um seminário (1867). O Rev. Simonton morreu vitimado pela febre amarela aos 34 anos de idade, em 1867 (sua esposa, Helen Murdoch, havia falecido três anos antes).

 

Os principais colaboradores de Simonton nesse período foram: seu cunhado Alexander L. Blackford, que em 1865 organizou as igrejas de São Paulo e Brotas; Francis J. C. Schneider, que trabalhou entre os imigrantes alemães em Rio Claro, lecionou no seminário do Rio e foi missionário na Bahia; George W. Chamberlain, grande evangelista e operoso pastor da Igreja de São Paulo. Os quatro únicos estudantes do “seminário primitivo” foram também grandes obreiros: Antonio B. Trajano, Miguel G. Torres, Modesto P. B. Carvalhosa e Antonio Pedro de Cerqueira Leite.

O homem que mais contribuiu para a criação de outras igrejas foi o notável Rev. José Manoel da Conceição(1822-1873), um ex-padre que tornou-se o primeiro brasileiro a ser ordenado ministro do evangelho (1865). Morreu pregando o Evangelho da graça em suas caminhadas na maioria das vezes, à pé.

 

IGREJA EVANGÉLICA IMPLANTADA NO MARANHÃO

No Maranhão, as primeiras incursões de evangélicos, ocorreram com os presbiterianos em 1875, com o americano radicado em Pernambuco, John Rockwell Smith, que veio para começar o trabalho evangélico e formar uma base de apoio, devido à proximidade dos portos com os Estados Unidos.

 

A primeira igreja evangélica organizada no Maranhão, a Igreja Presbiteriana de São Luis, em 6 de junho de 1886, com o trabalho do pastor e médico americano, George William Butler, que procurou um local em São Luis que ficasse longe de uma igreja católica, porque ele se incomodava com o badalar dos sinos.

 

Encontrou o local à Rua do Mocambo, próximo à Praça da Alegria, num antigo armazém que foi transformado em templo para uso da igreja nascente. Sem nenhuma característica que lembrasse um templo religioso, já que o Brasil ainda era um Império, e as leis proibiam que outras religiões erguessem templos.

 

Conclusão:

​A Identidade da fé reformada tem uma série de características e ênfases que conferem uma identidade bem definida. Sete áreas são especialmente importantes:

1 – Doutrina – Crêem que uma teologia correta, equilibrada e bíblica é essencial para a vida do cristão. As concepções teológicas irão influenciar todos os aspectos da sua vida cristã. Os reformados não valorizam a teologia pela teologia, mas sim, como um instrumento para nos proporcionar um melhor conhecimento de Deus e do nosso relacionamento com ele.

 

O fundamento maior da fé reformada são as Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, nossa única regra de fé e prática. Os documentos de Westminster (Confissão de Fé e Catecismos) não tem a mesma autoridade que a Bíblia, mas são aceitos como expressão histórica do seu entendimento da fé cristã e como um roteiro ou auxílio para o estudo das Escrituras.

 

A fé reformada abraça três categorias de doutrinas: 

(a) algumas são aceitas por todos os cristãos, como a trindade, o caráter divino-humano de Jesus Cristo, a sua ressurreição, sua morte expiatória, a segunda vinda. Essas são essencialmente, as verdades afirmadas pelos grandes concílios da igreja antiga, nos séculos IV e V;

(b) outras doutrinas são as que tem em comum com as demais igrejas protestantes ou evangélicas: as Escrituras como única regra de fé e prática, a suficiência da obra redentora de Cristo, a salvação exclusivamente pela graça mediante a fé, o sacerdócio universal dos crentes, o batismo e a santa ceia;

 

Por causa da sua ênfase nas Escrituras e na boa teologia, os reformados têm dado grande valor à educação, tanto para as pessoas em geral, quanto para os seus pastores – os ministros da Palavra. Essa preocupação intelectual nunca deve ocorrer às expensas da vida espiritual (estudo + devoção).

2 – Culto – O objetivo principal do culto é exaltar e glorificar a Deus, e não agradar os participantes. Daí a necessidade de reverência. O culto também visa suprir necessidades legítimas da congregação. Disso decorre a importância da pregação no culto reformado.

 

A pregação autêntica deve ser bíblica, doutrinária e prática, isto é, relacionada com a vida. O culto deve refletir um saudável equilíbrio entre intelecto e sentimento, mente e coração.

3 – Vida Comunitária – Deve manifestar-se na maneira como os irmãos vivem e se relacionam na comunidade da fé. Os reformados creem firmemente no sacerdócio de todos os fiéis, ou seja, todos os crentes são iguais em sua dignidade e direitos. Todo crente é um ministro de Deus.

 

A tradição reformada também dá grande valor à participação do crente na comunidade mais ampla, a sociedade. Calvino, a partir das suas convicções teológicas e da sua experiência em Genebra, insistiu que o cristão deve viver responsavelmente no mundo, como cidadãos, como profissionais e em outras capacidades. Deus é o senhor de todas as coisas; portanto, todas as esferas da vida devem refletir os valores do seu reino.

4 – Missão – Os reformados reconhecem que Deus chama os seus filhos e filhas para uma missão junto à sociedade e ao mundo. Essa missão tem duas dimensões primordiais:

5 – Evangelização: Uma forte preocupação missionária. No que diz respeito ao mundo, a missão maior da igreja é compartilhar o evangelho da graça e da glória de Deus com os carentes de reconciliação, perdãoe vida eterna.

6 – Serviço: Os herdeiros da Reforma sempre deram muita importância ao serviço cristão ou diaconia. Seguindo o exemplo de Cristo, o crente deve ser instrumento de Deus para ministrar a todos os tipos de necessidades humanas, ao ser humano integral: corpo, mente e espírito.

7 – Ética – É outra área importante para a vida dos crentes. O crente é chamado para uma vida de santidade e integridade na sua relação com Deus, com a igreja e com a sociedade, naquilo que ele é e no faz. Não se pode dissociar a ética pessoal da ética social.

 

Se um crente não é íntegro individualmente, dificilmente poderá lutar pela justiça, honestidade e transparência na vida política, econômica e social do país.

 

 

 

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