Um episódio de injúria racial registrado na academia Smart Fit, localizada na Avenida Bartolomeu Mitre, no Leblon, área nobre do Rio de Janeiro, trouxe à tona uma grave discussão sobre preconceito no ambiente de treino. No dia 26 de agosto, Alinny do Nascimento, uma jovem de 21 anos que trabalha no setor de limpeza da unidade, prestou queixa contra um aluno da academia, acusando-o de injúria racial.
Segundo o relato de Alinny, Gilbert Gomes Leal, ex-atleta e palestrante motivacional esportivo, fez um comentário racista ao dizer que gostaria de ter “um pouco do seu cabelo para que pudesse limpar o banco onde estava sentado”. A declaração teria deixado a funcionária visivelmente abalada, conforme relatos de outros frequentadores da academia presentes no momento do incidente. Gilbert, no entanto, nega as acusações, apresentando sua própria versão dos fatos.
Em vídeos publicados em suas redes sociais, Gilbert afirmou que o comentário foi um elogio ao cabelo de sua esposa, que estava ao seu lado na academia. “Eu disse: ‘Quando eu tiver uma filha, quero que ela tenha um cabelo exatamente igual ao seu’. Ela respondeu que dava muito trabalho cuidar do cabelo, e eu segui com meu treino”, relatou. No entanto, dias depois, ele foi notificado da acusação de injúria racial e decidiu registrar uma queixa por denunciação caluniosa.
Desdobramentos legais e apoio à funcionária
A advogada de Alinny, Sônia Lima, declarou que a jovem ficou profundamente abalada emocionalmente após o ocorrido e que o caso está sendo acompanhado de perto pela equipe jurídica. O registro de ocorrência foi realizado na 14ª Delegacia de Polícia (DP) do Leblon, onde o caso está sendo analisado. “Estamos dando todo o apoio necessário e fornecendo as informações à polícia, esperando que o inquérito seja instaurado e que a justiça seja feita. Não podemos permitir que esse caso se torne apenas mais uma estatística”, afirmou Sônia Lima.
Enquanto aguardam o avanço das investigações, a expectativa é de que o caso ganhe novos desdobramentos, tanto no âmbito jurídico quanto no debate sobre injúria racial no Brasil, um crime ainda recorrente em diversas esferas da sociedade.
Decisão da Smart Fit e ações do ex-aluno
A Smart Fit, por sua vez, se posicionou prontamente sobre o incidente. A empresa informou que prestou total apoio à funcionária envolvida, que continua exercendo suas funções normalmente na unidade. Além disso, a academia tomou medidas em relação ao aluno acusado, optando por sua expulsão imediata. Gilbert Gomes Leal relatou que foi notificado do cancelamento de sua matrícula ao tentar frequentar a academia após o incidente. Ele também afirmou que pretende processar a Smart Fit por sua expulsão, alegando que a empresa agiu de forma precipitada ao encerrar sua participação como cliente.