Prática ilegal de remover policarbonato de vidros blindados coloca em risco a segurança dos veículos

A remoção do policarbonato, além de ilegal, coloca vidas em risco ao anular a eficiência balística da blindagem

Fonte: Da redação

Uma nova e preocupante tendência vem ganhando espaço nas redes sociais: proprietários de veículos blindados estão removendo a camada de policarbonato dos vidros ao colocarem os carros à venda, com o argumento de que a retirada melhora a estética do automóvel. Contudo, essa prática ilegal compromete gravemente a segurança balística dos veículos, expondo os ocupantes a sérios riscos.

Danilo Rene, sócio da E11 Blindagem, alerta para o perigo dessa ação. “Depois de alguns anos, pode ocorrer a delaminação, fenômeno que faz com que o policarbonato forme bolhas de ar, semelhante ao insulfilm. Algumas empresas clandestinas têm atendido à solicitação dos proprietários para remover a camada, com o objetivo de facilitar a venda do veículo sem prejudicar sua aparência”, explica. No entanto, ele enfatiza que essa remoção torna o carro vulnerável a impactos balísticos, deixando-o totalmente desprotegido. “O policarbonato não serve apenas para reter estilhaços; ele é parte essencial da proteção balística. Retirá-lo compromete a segurança e é uma prática ilegal.”

A importância do policarbonato na blindagem

O presidente da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), Marcelo Silva, reitera os riscos. Segundo ele, a delaminação, caracterizada pelo descolamento da camada de policarbonato dos vidros blindados, não é um defeito, mas sim uma característica do material devido às diferenças de dilatação térmica entre o vidro e o plástico. “A retirada do policarbonato representa um grande perigo. O correto, quando há delaminação, é a substituição completa do vidro”, afirma. No entanto, para veículos mais antigos, o custo elevado dessa substituição faz com que alguns proprietários optem pela remoção da camada, comprometendo a proteção do automóvel.

Rodrigo Spinola, diretor de engenharia da Concept Be Safe, reforça a distinção entre o policarbonato e o insulfilm, película comum aplicada em vidros automotivos para reduzir a incidência solar. “O insulfilm tem cerca de 0,1 mm de espessura e visa proporcionar conforto térmico, enquanto o policarbonato faz parte da composição balística dos vidros blindados e não pode ser removido em nenhuma circunstância, pois a blindagem do vidro seria anulada”, explica.

Distorções visuais e regulamentações

Além dos riscos de segurança, a delaminação dos vidros blindados pode prejudicar a visibilidade do motorista. Bolhas ou descolamentos na camada de policarbonato podem causar distorções e pontos cegos, comprometendo a capacidade do condutor de dirigir de forma segura.

A Resolução Contran nº 960 de 2022 estabelece diretrizes claras para vidros blindados, proibindo reparos em vidros com propriedades balísticas comprometidas. Em casos de delaminação, a única solução permitida é a substituição completa do vidro afetado. O reparo ou reprocessamento dos vidros é expressamente vedado pela legislação.

Para garantir a segurança, a recomendação é que, ao identificar sinais de delaminação, os proprietários procurem um fabricante certificado para a substituição dos vidros. A maioria das garantias para vidros blindados cobre um período entre três e dez anos, oferecendo uma proteção adicional para os consumidores.

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