As mídias digitais são a nova vitrine de velhos pecados, como orgulho, vaidade e insolência. O poder midiático das redes sociais quebrou a hegemonia cultural do cinema hollywoodiano e dos grandes estúdios de televisão. Hoje qualquer um se torna uma “estrela”. O filósofo Gilles Lipovetsky afirma que esta é a era de um “neoestrelato”, uma nova maneira de ser estrela. A celebridade é simplesmente alguém que é conhecido por ser conhecido, alguém cuja obra é existir no novo espaço da mídia. O tempo atual chega a ponto de gerar o “gênio sem obra” ( LAGO, 2020),
O pecado, ao perder sua dimensão teológica e espiritual, tornou-se uma categoria psicológica: desvio de conduta, mecanismo de defesa, trauma de infância. Não só justifica e legitima o pecado como também vitimiza o pecador (SILVA, 2020)
A soberba, a vanglória, a vaidade e a arrogância são filhas do pecado do orgulho. O motor do orgulho é a busca obstinada por poder, por controle, por estar acima de todos, sem limitações e sem restrições. O contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença daqueles que se consideram superiores e, portanto, com o direito de usar, explorar e maltratar a todos, pois os consideram inferiores, sem valor, sem dignidade. Assim, nos sentimos moralmente superiores àqueles que não pensam como nós. Então, nos refugiamos nos nossos guetos religiosos e ideológicos, ávidos pelas fake news que denigram os inimigos que detestamos e precisam ser destruídos. (SILVA,2020).
A hostilidade nas redes sociais tem conseqüências concretas, graves e permanentes na vida das pessoas, nossas palavras refletem o que somos. As palavras que escolho dizem a pessoa que sou; elas me representam ( AMORESE, 2020). Quando as palavras se tornam armas, nossos relacionamentos logo se tornam vitimas ( PÃO DIÁRIO, 2020).
Quando usamos nossas palavras para magoar ou depreciar uns aos outros, expomos a condição de nosso coração. Quando usamos os nossos blogs, ou mídias sociais para intimidar, ridicularizar ou deturpar a imagem de alguém, o problema não está nas palavras. O que escrevemos expõe a parte imperfeita e pecaminosa de nosso coração. Não entenda errado. As nossas palavras fazem a diferença, mas até mesmo palavras honestas e verdadeiras podem ser usadas de modo nocivo. Durante Seu ministério público, Jesus chamou a atenção tanto as nossas palavras nocivas quanto às nossas intenções malignas ( MOLES, 2016)
A ausência da dimensão teológica do pecado e da cruz gerou um evangelho da auto-satisfação, da auto–realização, auto–estima elevada, prosperidade, conquista e vitória. Junto vieram o culto-espetáculo, as homilias de auto–ajuda e as lideranças pastorais autoritárias movidas por um projeto pessoal de poder, de riqueza, de reconhecimento e de visibilidade. ( SILVA, 2020)
Segundo STEUERNAGEL (2020), uma das marcas da nossa fé é que não escutamos apenas as vozes que vêm das mídias tradicionais e das redes sociais, nem apenas as nossas próprias vozes com o seu tom de angústia e perplexidade. Nós buscamos ouvir a voz de Deus, que, pela sua palavra, nos encontra nos mais diferentes momentos de vida.
Palavra mal ditas e vozes mal direcionadas causam desarmonia nos corações mais ordenados: um ser humano vive pelas vozes que ouve e internaliza. Parte do adoecimento humano advém de uma indevida atenção às vozes que desorientam os afetos. (LIN RIBEIRO ,2020).
O cuidado com as postagens, na verificação de sua veracidade, e no bom senso do compartilhamento, nos coloca em um patamar diferente dos demais.
Na próxima vez que formos tentados a despejar um rápido post, vamos investir tempo nos perguntando o seguinte: È possível que eu não esteja vendo a situação claramente? Este post ou tweet é uma resposta emotiva? Esta informação é exata e de fácil compreensão? Eu tenho o direito de dizer o que estou prestes a dizer ? As respostas a estas perguntas ajudarão a determinar se há sabedoria ao clicar e enviar. (MOLES, 2016).
REFERÊNCIAS :
AMORESE, R. É possível ”refrear os dedos”?. Revista Ultimato,Viçosa, ano LIII, n.383 p.38, 2020.
LAGO, D. A liberdade cristã na era digital. Revista Ultimato,Viçosa, ano LIII, n.383 p.22, 2020.
LIN RIBEIRO, D.C. Todos a uma voz: orando com os salmos.Revista Ultimato, Viçosa, ano LIII, n.381 p.24, 2020.
MOLES, D. O que Jesus faria no universo on-line. Sabedoria bíblica para o mundo conectado. Curitiba: Ministérios Pão Diário, 2016. 33p.
PÃO DIÁRIO. Ponto sem volta. Publicações Pão Diário. Curitiba, v.23, p.136, 2020.
STEUERNAGEL, V. Coronavirus…e o Amor de Deus. Revista Ultimato, Viçosa, ano LIII, n.383 p.24-25, 2020.
SILVA, O. L. Do orgulho à humildade. Revista Ultimato, Viçosa, ano LIII, n.383, p.18-19, 2020.