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Saiba quanto o brasileiro precisa para manter padrão de vida ao se aposentar

A idade de aposentadoria e a expectativa de vida são fatores importantes para calcular a poupança necessária

Fonte: Da redação com informações do Valor

Um estudo realizado pelo UBS, que analisou os sistemas de aposentadoria de 25 países, revela que o Brasil está em uma posição relativamente confortável em termos de poupança privada necessária para manter o padrão de vida na aposentadoria. O país ocupa o décimo lugar no ranking dos países com menor necessidade de poupança privada, ficando atrás do México, mas à frente do Chile. O levantamento destaca as diferenças entre os sistemas de aposentadoria ao redor do mundo, com foco no impacto desses sistemas nas finanças públicas.

Apesar de o Brasil estar bem posicionado no ranking, os brasileiros que não acumulam poupança adicional ainda precisariam economizar cerca de 21% de sua renda até a idade de aposentadoria para evitar uma queda na qualidade de vida, segundo o banco suíço.

Construção do estudo e comparação entre países

Para o estudo, foi criada a figura fictícia de Jane, uma mulher solteira de 50 anos que vive em uma cidade cara — no caso do Brasil, o Rio de Janeiro. Jane trabalha desde os 20 anos, contribui para o sistema de pensão de seu país, mas não economizou além disso. A personagem foi desenvolvida em um “cenário estressado”, levando em conta fatores como o menor salário das mulheres em comparação aos homens e o alto custo de vida nas grandes cidades.

Os autores do estudo inseriram essas informações nos parâmetros dos sistemas de pensão de cada país, considerando características como o tipo de mecanismo de financiamento. No Brasil, por exemplo, o modelo de Benefício Definido, usado no Regime Geral de Previdência Social (RGPS), é comparado ao modelo de Contribuição Definida, que relaciona o benefício recebido ao valor das contribuições feitas ao longo da vida de trabalho. Este último é mais comum nos planos de previdência complementar.

O estudo revela que, em todos os países analisados, o regime compulsório é insuficiente para garantir o padrão de vida na aposentadoria. Apenas em países como Holanda, México, Itália e Espanha não foi identificada a necessidade de poupança adicional para a aposentadoria.

Fatores como expectativa de vida e idade de aposentadoria

A idade de aposentadoria e a expectativa de vida são fatores importantes para calcular a poupança necessária. No Japão, por exemplo, os trabalhadores podem se aposentar aos 55 anos, mas a expectativa de vida é de 89 anos, o que implica a necessidade de economizar 93% da renda anual para manter o padrão de vida na aposentadoria. No Brasil, a taxa de poupança necessária é de 21%, com uma taxa de reposição de 84%, uma das mais altas entre os países analisados.

No entanto, a poupança de 21% é considerada inviável para muitos brasileiros, conforme destaca Luciano Telo, diretor de investimentos do UBS Global Wealth Management. Ele explica que, para quem contribuiu apenas com o mínimo obrigatório, separar uma porcentagem tão alta da renda é um grande desafio.

Desafios e sustentabilidade do sistema brasileiro

O Brasil se destaca por adotar um sistema com forte caráter redistributivo, garantindo benefícios a uma ampla parcela da população, inclusive para quem contribuiu pouco ou nada. Um exemplo é o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo a quem tem renda abaixo de um quarto do salário mínimo, mesmo sem ter contribuído significativamente para o sistema.

Essa abordagem redistributiva, no entanto, gera um impacto significativo nas finanças públicas. Em 2023, o déficit do RGPS representou 20% do PIB, e essa conta deve continuar subindo.

O estudo sugere que a sustentabilidade do sistema previdenciário brasileiro pode ser discutida em futuras reformas. Entre os pontos levantados, estão a unificação de regimes previdenciários, a desvinculação do salário mínimo dos benefícios previdenciários e a possível mudança do modelo de benefício definido para contribuição definida. Essas mudanças poderiam alinhar o sistema brasileiro a práticas adotadas em outros países e garantir uma maior sustentabilidade a longo prazo.

A necessidade de adaptação e reforma do sistema previdenciário brasileiro se intensifica à medida que a população envelhece e os desafios fiscais aumentam, exigindo soluções para equilibrar a proteção social e a sustentabilidade financeira.

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