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ONS amplia envio de energia do Nordeste ao restante do país

Operador vinha elevando cortes na geração de energia renovável da região, o que gerava crítica dos geradores

Fonte: Da redação com Folha

Na semana passada, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ativou três novas linhas de transmissão e uma subestação de energia no Ceará, com o objetivo de aumentar a capacidade de escoamento de energia do Nordeste para outras regiões do Brasil, principalmente o Sudeste, que concentra a maior demanda de eletricidade. Essa medida visa evitar o que é chamado de “curtailment”, ou seja, a produção de energia além da capacidade de escoamento e demanda do país.

A ativação dessas estruturas é uma resposta às críticas recentes de empresas geradoras de energia renovável sobre os cortes na geração de energia no Nordeste. Esses cortes, intensificados após o apagão de 2023, foram implementados para garantir a segurança do sistema elétrico, impondo novos limites ao intercâmbio de energia entre as regiões do país.

Segundo relatório do Itaú BBA, no terceiro trimestre deste ano, os cortes afetaram 13,5% da capacidade de geração eólica e 17,5% da solar no Brasil, com maior impacto no Ceará. A Equatorial e a CPFL foram as empresas mais prejudicadas, com cortes de 30,6% e 21,7% de suas capacidades, respectivamente.

O ONS informou que, com as novas linhas de transmissão, a capacidade de escoamento de energia do Nordeste para o Sudeste e Centro-Oeste aumentará em cerca de 12%, passando de 11.600 MW para 13 mil MW. A exportação de energia do Nordeste para o Norte também terá um aumento significativo, de quase 30%, subindo de 4.800 MW para 6.200 MW. Esses novos patamares são semelhantes aos registrados antes do apagão.

O tema foi amplamente discutido durante um evento da indústria eólica em São Paulo. Representantes do governo e do setor defenderam soluções rápidas para os cortes na geração de energia renovável. O presidente da Abeeólica, Fernando Elias, destacou a necessidade de tratar o tema como prioritário para 2024 e negociá-lo com as empresas de forma justa.

A presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, elogiou as medidas do ONS, afirmando que são um avanço para mitigar os cortes de geração no Nordeste. Ela mencionou que esse tipo de corte é comum em economias com forte expansão de energias renováveis, como a eólica e solar, e que o setor está buscando soluções.

No entanto, o ONS alertou que a sobreoferta de energia renovável nos próximos anos pode desestabilizar o sistema elétrico. Em documento recente, o órgão afirmou que pode enfrentar dificuldades para gerenciar toda a geração renovável em horários de sol intenso e baixo consumo, sugerindo que as distribuidoras invistam em mecanismos para cortar também a geração distribuída, ou seja, a energia gerada no local de consumo.

Especialistas indicam que a solução para esse desafio pode estar na introdução de baterias para armazenamento de energia no sistema elétrico brasileiro, o que permitiria maior flexibilidade e eficiência na gestão da oferta e demanda de energia.

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