Manuella falou sobre o desafio de fazer uma escolha que pode definir o rumo de sua carreira. “Teu corpo não vai funcionar na quadra se sua mente não estiver bem. Acho que antes de qualquer coisa, é preciso cuidar da sua saúde mental. E isso está muito alinhado na performance em quadra. […] Não é fácil pensar em escolher uma faculdade e ter que dizer ‘não’ para outras,” declarou a atleta. Ela destaca que o suporte emocional da família e de sua técnica, que a treinou em campeonatos de verão, tem sido fundamental neste momento.
O amor pelo basquete sempre fez parte da vida de Manuella. Filha do técnico de basquete do Vasco, Léo Figueiró, ela cresceu acompanhando o pai nas quadras e, desde cedo, decidiu que queria seguir no esporte. “Eu sempre estive nesse meio. Comecei porque via o meu pai jogar. Sempre tive na minha cabeça que queria jogar profissionalmente e fazer disso um estilo de vida,” contou. Apesar de também ter praticado vôlei na infância, a paixão pela “bola laranja” foi mais forte.
No entanto, o caminho não foi isento de dificuldades. Durante a pandemia de covid-19, Manuella enfrentou um período de incertezas e chegou a pensar em desistir do esporte, devido à falta de treinos presenciais e à distância das quadras. O apoio do pai foi essencial nesse momento crítico. “Acredito e incentivo muito meus filhos. Nunca os obriguei a jogar, mas quando demonstraram interesse, eu me posicionei como pai e ex-atleta. Fiz o possível para manter a paixão acesa durante a pandemia, desde treinos na varanda até desafios motores,” relembra Figueiró.
A decisão de se mudar para os Estados Unidos, em busca de uma carreira no basquete, foi uma escolha estratégica. A adaptação inicial não foi fácil – além das diferenças culturais, Manuella não falava inglês –, mas, determinada, ela se empenhou em aprender o idioma e rapidamente se destacou nas quadras. “Eu fui com medo, mas fui. […] A ideia era aproveitar o alto nível do basquete nos EUA para evoluir e buscar oportunidades,” explica.
O sistema esportivo norte-americano, reconhecido pelo investimento no desenvolvimento de jovens talentos, impressionou a jovem atleta. Ela revela o desejo de ver o Brasil adotar uma postura semelhante. “Nos Estados Unidos, o esporte é tratado com seriedade: há investimento de tempo, dinheiro e as melhores condições para o desenvolvimento. No Brasil, sinto falta dessa valorização. […] Sei que há muito talento no Brasil, mas ele não é explorado, porque o esporte não é visto como uma carreira viável,” comenta.
Enquanto decide qual universidade escolher, Manuella Alves reforça seu compromisso com o basquete e representa uma nova geração de talentos brasileiros, que sonha em levar o nome do país para o cenário internacional.