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Alimentos ultraprocessados: o que são e qual o impacto na saúde

Ao fazer compras, é importante ter em mente uma regra: quanto menos ingredientes no rótulo, mais provável é que o produto seja saudável

Fonte: Da redação

Se os podcasts de sucesso, os livros mais vendidos e a cultura dos influenciadores são uma indicação, milhões de pessoas estão obcecadas com a longevidade. No entanto, a duração da vida é tão importante quanto o número de anos vividos com saúde. A duração e a qualidade de vida são determinadas pela genética, mas o estilo de vida também é essencial, incluindo a frequência de exercícios, a qualidade do sono, o consumo de bebidas alcoólicas, o uso de tabaco e a alimentação. Uma nova iniciativa chamada Instituto Italiano para a Saúde Planetária (Italian Institute for Planetary Health) foi criada através da colaboração entre o Instituto de Pesquisas Farmacológicas Mario Negri IRCCS e a Universidade Católica do Sagrado Coração.

Entre os alimentos considerados “de risco” estão os produtos ultraprocessados. A Dra. Carlotta Franchi, responsável pelo Laboratório de Farmacoepidemiologia e Nutrição Humana do Instituto Mario Negri, na Itália, e coordenadora científica do Instituto Italiano para a Saúde Planetária, explica o que são esses alimentos e qual o impacto deles em nossa saúde.

O que são?

Os alimentos ultraprocessados são aqueles que passam por uma intensa industrialização e contêm uma longa lista de ingredientes (cinco ou mais), incluindo aditivos alimentares como conservantes, emulsificantes e aromatizantes, utilizados para prolongar a vida útil do produto e melhorar suas características sensoriais. Em geral, esses alimentos apresentam alta densidade energética, sendo ricos em gorduras saturadas, amidos refinados, açúcares livres e sal, e possuem baixo valor nutricional, com pouca fibra, proteínas e micronutrientes.

Incluem uma ampla variedade de produtos prontos para o consumo, como snacks industrializados, refrigerantes e refeições prontas.

Em todo o mundo, o consumo desses alimentos aumentou rapidamente, representando mais da metade das calorias diárias consumidas em países de alta renda.

São benéficos ou prejudiciais?

O aumento significativo do consumo de alimentos ultraprocessados e seu papel predominante na produção alimentícia desencadearam um amplo debate sobre o impacto potencial na saúde pública e despertaram o interesse de numerosos pesquisadores ao redor do mundo.

De acordo com uma metanálise recente, publicada na prestigiada revista The British Medical Journal, que analisou 45 estudos, o consumo de alimentos ultraprocessados está associado a um maior risco de mortalidade, câncer, transtornos mentais e doenças respiratórias, cardiovasculares, gastrointestinais e metabólicas.

Outro estudo, publicado em Frontiers in Nutrition, demonstrou que um alto consumo de alimentos ultraprocessados está associado a um risco aumentado de doença renal crônica, com efeito dose-resposta, ou seja, quanto maior o consumo, maior o risco.

Esses achados ressaltam a importância de reduzir o consumo desses alimentos para a prevenção de várias doenças.

Além das diversas evidências sobre o efeito negativo de um elevado consumo de alimentos ultraprocessados para a saúde humana, é importante lembrar que o consumo desses alimentos também impacta consideravelmente a saúde do planeta. Um estudo realizado no Brasil demonstrou que, embora o impacto ambiental do consumo de carne bovina seja elevado, ele poderia ser reduzido se as compras de carne bovina e de alimentos ultraprocessados fossem diminuídas simultaneamente, resultando em uma redução de 21,1% nas emissões de dióxido de carbono e de 20% no consumo de água.

O que fazer ao fazer as compras?

Ao fazer compras, é importante ter em mente uma regra: quanto menos ingredientes no rótulo, mais provável é que o produto seja saudável.

Embora esses alimentos não sejam venenos, eles devem ser consumidos com moderação. Uma dica para limitar o consumo de ultraprocessados é aprender a ler atentamente os rótulos, para fazer escolhas conscientes. Em geral, é importante dar preferência a alimentos frescos ou minimamente processados, como frutas, vegetais, cereais integrais, legumes, peixes e carnes magras, que podem ser preparados em casa. Planejar as refeições também ajuda a evitar opções rápidas e pouco saudáveis fora de casa. Além disso, começar a fazer pequenas mudanças na dieta, como substituir um snack industrializado por uma fruta ou um iogurte natural, pode fazer uma grande diferença ao longo do tempo. Um último conselho para as mães é adotar e ensinar seus filhos a seguir um estilo de alimentação saudável desde os primeiros meses de vida, para evitar que hábitos alimentares inadequados se perpetuem ao longo dos anos.

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