Expansão de cursos de Medicina faz com que preços de mensalidades caiam

Faculdades de medicina, tradicionalmente conhecidas por manterem preços acima da inflação, já começam a reduzir suas mensalidades

Fonte: Da redação

A célebre frase do alquimista Paracelso, “a dose faz o veneno”, parece ressoar no atual cenário das faculdades de medicina no Brasil. Em 2024, foram abertas 6,3 mil novas vagas para cursos de medicina no país, representando um crescimento de 18% em relação ao ano anterior. Esse aumento, que poderia ser visto como uma oportunidade para as empresas de educação, já está afetando a sustentabilidade financeira do setor, segundo análise do BTG Pactual.

Mesmo após o Ministério da Educação (MEC) endurecer as regras para a abertura de novos cursos no início do ano, a expansão continuou, impulsionada por decisões judiciais. Dos novos postos abertos, cerca de 3,5 mil foram criados por liminares, sem o aval direto do MEC. Algumas instituições optaram por essa via jurídica para pressionar o governo e viabilizar rapidamente novos cursos, respaldadas por uma decisão recente do STF que permite o funcionamento desses cursos mesmo sem a aprovação formal.

O BTG Pactual destaca sinais preocupantes nessa expansão acelerada. Faculdades de medicina, tradicionalmente conhecidas por manterem preços acima da inflação, já começam a reduzir suas mensalidades devido à dificuldade de preencher vagas. Atualmente, a média nacional para cursos de medicina é de aproximadamente R$ 10 mil mensais, mas já há programas ofertados a partir de R$ 7 mil.

Esse movimento também impacta o mercado de fusões e aquisições (M&As) no setor. Instituições de ensino que antes negociavam vagas de medicina a valores entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões agora enfrentam preços entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão por vaga. Embora os valores reduzidos criem oportunidades para novos investidores, o BTG Pactual alerta que o excesso de oferta e a judicialização podem comprometer a qualidade e o equilíbrio financeiro do setor.

Diante desse cenário, algumas empresas educacionais, como Afya, Ânima e Yduqs, enfrentam maior exposição aos efeitos dessa expansão desenfreada. Analistas do BTG avaliam essas mudanças como ameaças mais significativas do que oportunidades, enfatizando a necessidade de um controle mais rígido sobre a abertura de novos cursos e uma maior fiscalização da qualidade.

Para o futuro, especialistas apontam que o foco deve estar na qualidade dos cursos oferecidos e não apenas na quantidade de vagas, de modo a garantir um equilíbrio sustentável e benéfico para o setor de educação e os alunos.

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