Publicidade
Carregando anúncio...

Mural da Academia Ludovicense de Letras

Coluna com textos dos acadêmicos Vavá Melo e Leopoldo

Fonte: Da Academia


Academia Sambentuense de Artes e Letras

Centenário de Nascimento Dr. Isaac Lobato Filho, médico são-bentuense que contribuiu, sobremaneira, com progresso da medicina catarinense, homenageado em São Bento, dando nome ao Centro Cirúrgico do Hospital Municipal.

Nasceu em São Bento, no bairro Porto Grande, a 7 de agosto de 1924.Filho de Isaac Napoleão Lobato (1888 a 1954), nascido na região do Munin, município de Axixá, negociante e embarcadiço chegou a São Bento vendendo produtos de sua região. Desportista, um dos fundadores do time de futebol TUPAN. Político, elegeu-se vereador em 1924. Casou-se com srta. Martiminiana Rosa da Costa Lobato, filha do sr. José de Adriano Costa. Entre os primos vivos, o Presidente José Sarney, as médicas Joseth Sarney e dos são-bentuenses, médica Ana Maria Sarney Bastos, bacharéis Ronaldo e Norma Furtado Sarney
Aos dezesseis anos, concluído primário em São Bento, o ginásio em São Luís, no Liceu Maranhense. A chamado do irmão primogênito, médico Milton José Lobato, seguiu sozinho de navio para o Rio de Janeiro. Por aquele influenciado e com a mesma vocação, bacharelou-se pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, atual UFRJ.

Formado, fiel a missão de cuidar da saúde, o menino da pequena cidade de São Bento, expressão dele, dava plantão num Pronto Socorro, hoje o Hospital Presidente Vargas, chegou a fazer jornadas de 24 horas, com pacientes nos finais de semanas.

Com dois empregos no Rio, ganhava 8 mil cruzeiros. Para atender a falta em Santa Catarina de cardiologistas e pneumologistas, área que foi um dos precursores, convidado pelo Governador Aderbal Ramos, ofereceu-lhe 6 mil, recusado. Para evitar prejuízos financeiros retornou. Para não o perder, o IPASE, na pessoa do Dr. Benedeth, solicitou que o retornasse, complementou a diferença. Santa Catarina precisa dele.

Na cidade, responsável pela introdução e desenvolvimento do serviço de cirurgia de tórax e a cardíaca, o que levou o governador Celso Ramos construir novo hospital.

De sua entrevista concedida extraímos:

“Em 1957, Associação Catarinense de Medicina (ACM), instituição que presidiu de 1963/1965, o nomeou membro para criar o curso de Medicina. Foi, também, um dos criadores do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina. Em julho, primeiro ano de funcionamento da ACM, cometeu a loucura – expressão dele -.de criar a Faculdade de Medicina, desafiando a descrença geral, decidida em Assembleia Geral de julho de 1957, comissão formada pelos médicos Roldão Consoni – presidente; Isaac Lobato Filho –tesoureiro; Henrique Prisco Paraíso – secretário.

“Nos primeiros anos, a Associação Catarinense de Medicina funcionava em duas salas alugadas na rua João Pinto. Ali, num sobradinho modesto, um grupo de médicos cometeu a “loucura” (expressão do próprio Isaac Lobato) desafiando a descrença geral da própria categoria de criar a Faculdade de Medicina, antes mesmo da Universidade de Santa Catarina, professor até aposentar-se. A ACM era presidida pelo médico Antônio Moniz de Aragão quando, em julho de 1957, uma assembleia geral extraordinária foi realizada com a finalidade de fundar a Faculdade. A comissão organizadora era formada pelos médicos Roldão Consoni (presidente), Isaac Lobato Filho (tesoureiro) e Henrique Prisco Paraíso (secretário), o único “não estrangeiro” (como eram chamados os profissionais de outros Estados) da equipe.

Não havia recursos para implantar a faculdade, mais eles encontraram uma saída. Lobato conta: Ele dizia o seguinte: Nós conseguimos um lugar na rua Ferreira Lima. Tinha um grupo de 200 pessoas espíritas que não tiveram mais dinheiro [para erguer o edifício] e consegui comprar aqueles títulos, e assim tomamos conta daquele prédio”.

Com passagem pelo Gabinete do Planejamento Estadual, Lobato e os demais membros do grupo contaram também com recursos do governo de Santa Catarina, do Ministério da Saúde, de doações espontâneas de pessoas físicas e jurídicas para concluir a obra.

Superintendeu a Federação Catarinense de Saúde, responsável pelos Institutos de Diagnóstico Precoce do Câncer a Hemoterapia, transformado em Fundação Hospitalar de Santa Catarina.

No caso do Hemoterascopias (Centro de Hematologia e Hemoterapia de SC), a gênese foi com o Centro Hemoterápico Catarinense.

Em 1964, quando começou a fazer cirurgias de tórax precisava de sangue e de um hemoterapeuta para dar conta do trabalho.

“A capital catarinense não tinha anestesista, teve que convencer o amigo Danilo Duarte Freire a passar uma temporada para estagiar no Rio de Janeiro e voltar como especialista na área”.

Para melhor desenvolver suas atividades, com colegas comprava cachorros para operar e aprender técnicas de cirurgias pulmonares e cardíacas extracorpóreas com o coração parado. Tornou-se, assim, pioneiro na área de cirurgias cardiotorácicas.

Dono do registro nº 23 no Cremesc (Conselho Regional de Medicina), ele lembra com lucidez de muitos momentos da carreira, desde que deixou o Maranhão até se tornar o pioneiro na área de cirurgia cardiotorácica em Florianópolis. Figuras como o dr. Francisco Benedetti, sócio do hospital onde o governador Aderbal Ramos da Silva foi fazer um tratamento pulmonar, e colegas das iniciativas heroicas de cinco ou seis décadas atrás, são sempre lembradas por ele.

Uma das primeiras cirurgias feitas no hospital Nereu Ramos foi tirar um pulmão atacado pela tuberculose – um acontecimento extraordinário para o tamanho da cidade. Um repórter da época publicou no jornal uma reportagem de página inteira dizendo: “sete médicos salvam a vida de um paciente”.

Superintendeu a Federação Catarinense de Saúde, responsável pelos Institutos de Diagnóstico Precoce do Câncer e de Hemoterapia, transformados em Fundação Hospitalar de Santa Catarina.

Sócio vitalício da SIMEC;

Em reconhecimento a relevância e avanço dados à Medicina, recebeu 1986, o título de cidadão Honorário de Florianópolis.
O Dr. Isaac, viúvo, deixa quatro filhos e vários netos e o nome eternizado na história da medicina catarinense, anteriormente marcada pela atuação de outro médico são-bentuense, Urbano Ferreira da Mota.

Faleceu em Florianópolis, 16 de setembro de 2020, e a cerimônia de cremação ocorreu no Cemitério Jardim da Paz.

O irmão supracitado, MILTON JOSÉ LOBATO nasceu a 3 de maio de 1914 e faleceu no Rio em 2004. Médico cirurgião pneumologista e fisiologista no Rio de Janeiro, formado pela Faculdade de Medicina do Rio. Líder comunista de Luis Carlos Prestes, e vereador no Rio de Janeiro. Escreveu o livro Cigarro: invalidez ou morte.

Dr. Isaac Lobato foi o segundo médico são-bentuense a atuar em Santa Catarina. O primeiro foi Urbano Ferreira da Mota, considerado dos melhores profissionais com atuação nesse Estado.

Discurso do acadêmico Álvaro Urubatan (Vavá Melo) proferido na Câmara Municipal de São Bento, local final das solenidades oferecidas pelo Secretário de Saúde, Dr. Moises Rodrigues Barros.

*************

Paróquia de São João Batista, de Vinhais – 412 ANOS

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz e Delzuite Dantas Brito Vaz

“[…] o bem-aventurado Gabriel Malagrida (…) À noite, retornava à aldeia da doutrina, como comumente então a povoação de São João dos Poções, antiga Uçagoiaba e hoje Vinhais, sede da primeira missão dos inacianos na Ilha-Grande fora conhecida […]”.MEIRELES (1964)

O hoje bairro de São Luís, Vinhais Velho – ou Vila Velha de Vinhais como também é conhecido – já foi independente; isto é, se constituiu, no dizer de hoje, em município. Em 1º de agosto de 1757, a Aldeia da Doutrina, sob a invocação de São João dos Poções, foi elevada à categoria de Vila com a denominação de Vinhais, sendo criada nesse mesmo dia a freguesia de São João Batista de Vinhais, em virtude de Resolução Régia de 13 de junho de 1757.

Isso ocorreu durante o consulado pombalino (1755-1777), quando o Marques de Pombal expulsou os jesuítas da metrópole e das colonias (Setembro 1759), confiscando seus bens, sob a alegação de que a Companhia de Jesus agia como um poder autônomo dentro do Estado português e as suas ligações internacionais eram um entrave ao fortalecimento do poder régio.

A 24 de julho de 1612, Daniel de La Touche, Francisco de Rasilly e o Barão de Sancy largam âncora na ilha de Sant’ Ana e a 6 de agosto a esquadra entra no golfo, indo fundear frente a Jeviré (ponta de São Francisco), onde se localizavam as feitorias de Du Manoir e do Capitão Gerard. Os franceses atravessam o braço de mar, indo se fixar em um promontório onde, a 12 de agosto, uma sexta-feira, dia consagrado a Santa Clara, celebram o santo ofício da missa. A 8 de setembro, uma quarta-feira, dia consagrado à Santíssima e Imaculada Virgem Maria, é realizada a solenidade de fundação da Colônia.

Fundada a França Equinocial, saíram De Rasilly, o Barão de Sancy e os padres D’ Abbeville e Arséne de Paris acompanhados de um antigo morador de Upapon-Açú, de nome David Migan, a visitar as aldeias da Ilha:

“(…) levaram-nos os índios, de canoa, até Eussauap, aonde chegamos no sábado seguinte ao meio-dia. O sr. de Pizieux e os franceses que com ele aí residiam receberam-nos com grande carinho (…)”. (D’ABBEVILLE, 1975, p. 114). (grifos nossos).

O que é confirmado, também, por Noberto, quando afirma que após a implantação da França Equinocial, Uçaguaba / Miganville passou a ser chamada pelos cronistas Claude Abbeville e Yves d’Evreux de “o sítio Pineau” em razão de Louis de Pèzieux, primo do Rei, ter adotado o local como moradia.

Capistrano de Abreu esclarece que: ” EUSSAUAP – nom do lieu, c’est à dire le lieu ori on mange les Crabes. – Bettendorf leu em Laet Onça ou Cap, que supôs Onçaquaba ou Oçaguapi; mas tanto na ediço francesa, como na latina daquele autor, o que se lê, é EUSS-OUAP. Na história da Companhia de Jesus na extinta Província do Maranhão e Pará, do Padre José de Morais, está Uçagoaba, que com melhor ortografia é Uçaguaba composto de uça, nome genérico do caranguejo, e guaba, participio de u comer: o que, ou onde se come caraguejos, conforme com a definição do texto …”. ( apud D’ ABEVILLE, 1975, p.107).

Pianzola, em sua obra “OS PAPAGAIOS AMERELOS – os franceses na conquista do Brasil (1968, p. 34) apresenta decalque de mapa datado de 1627, cujo original desapareceu, feito em torno de 1615 pelo português João Teixeira Albernaz, cosmógrafo de sua Majestade, certamente feito a partir daquele que LaRavardiére deu ao Sargento-

Os moradores de Eussauap tinham esperança que um dos padre aí se fixasse. Por isso “haviam edificado no meio da praça, localizada entre as cabanas, uma bonita capela com um altar bem arranjado”. Além da capela construiram uma grande cruz. No domingo, dia 20 de outubro de 1612, foi rezada a missa.

Vencidos os franceses em Guaxenduba (19/11/1614), os portugueses se estabelecem no Maranhão, vindo com Jeronimo de Albuquerque os padres Manuel Gomes e Diogo Nunes, aqui permanecendo estes até 1618 ou 1619: “A primeira missão ou residência, que fundaram mais junto à cidade para comodidade dos moradores, foi a que deram o nome de Uçagoaba, onde com os da ilha aldearam os índios que haviam trazido de Pernambuco …”. (MORAES, 1987, p.58).

A residência dos jesuitas em Uçagoaba é ocupada com a chegada da segunda turma de jesuitas ao Maranhão, os padres Luis de Figueira e Benedito Amodei. De acordo com Cavalcanti Filho (1990) a missão jesuitica no Maranhão inicia-se com a chegada dos padres Figueira e Amodei: “… Ao que tudo indica, a aldeia de Uçaguaba, situada a margem esquerda do igarapé do mesmo nome, teria sido o ponto de partida dessa missão … desta primeira, denominada ‘Aldeia da Doutrina'”.(p. 31).

Cesar Marques (1970), em seu Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, publicado em 1870, informa sobre Vinhais – freguesia e ribeiro, que os jesuítas Manoel Gomes e Diogo Nunes, que vieram junto com a armada de Alexandre de Moura, principiaram a estabelecer residências – ou missões de índios -, sendo a primeira que fundaram: “… foi a que deram o nome de Uçaguaba, onde com os da ilha da capital aldearam os índios, que tinham trazido de Permambuco, e como esta se houvesse de ser a norma das mais aldeias, diz o Padre José de Morais, nela estabelecessem todos os costumes , que pudessem servir de exemplo aos vizinhos e de edificações aos estranhos. Cremos que por êste fim especial foi chamada aldeia da Doutrina. [,,,]“Fundada pelos jesuítas, parece-nos haver depois passado ao poder do Senado da Câmara, porque ele tinha uma aldia ‘cujo sítio era bem perto da cidade’. Compunha-se de 25 a 30 índios entre homens e mulheres ‘para poderem acudir às obras públicas pagando-se-lhes o seu jornal’. […] “Em 12 de maio de 1698 a Câmara pediu ao soberano um missionário para educá-los. Em 22 desse mesmo mês representou à Sua Majestade queixando-se por ter sido privada desta aldeia ‘por algumas informações más e apaixonadas’. … foi no dia 1o. de agosto de 1757 elevada à categoria de vila com a denominação de Vinhais”. (p. 632-633).

Meireles (1964), conta-nos que o bem-aventurado Gabriel Malagrida – a quem César Marques chamou de “o desgraçado apóstolo do Maranhão” – costumava logo pela manhã percorrer as ruas da pequenina cidade de não mais de uma meia dúzia de milhares de habitantes, a convocá-los, com a campainha que ia fazendo tilintar, para a Santa Missa e o exercício do catecismo. E lá voltava ele, cheio de alegre beatitude, acompanhado de um bando irriquieto de meninos que o seguia até o Colégio. Depois, o confessionário e a visita aos enfermos e aos presos, consumia-lhe o resto do dia, pela tarde afóra; À noite, retornava à aldeida da doutrina, como comumente então a povoação de São João dos Poções, antiga Uçagoiaba e hoje Vinhais, sede da primeira missão dos inacianos na Ilha-Grande fora conhecida…

Não há referência à Eussauap, Uçagoaba, Uçaguaba ou Aldeia da Doutrina na relação dos templos existentes na Ilha por ocasião da elevação de São Luís à sede de Bispado em 1677, pela Bula “Super Universas Orbis Ecclesias”, muito embora em 1740 conste da relação das freguesias do Maranhão:

Pois bem, a antiga Aldeia da Doutrina é elevada à categoria de vila em 1o. de agosto de 1757 com a denominação de Vinhais – Vila Nova de Vinhais – a nossa hoje Vila Velha de Vinhais.

Coelho (1990) em seu “Política indigenista no Maranhão Provincial”, ao analisar “o lugar do índio na legislação: a questão da terra”, afirma que ” a situação das terras dos indigenas é caracterizada por um acúmulo de esbulhos e usurpações” e o processo oficialelevação das aldeias indígenas, onde haviam missões, à categoria de vila ou lugar, de acordo com o número de habitantes”. Cita, dentre outros exemplos, que ” a aldeia da Doutrina, em 1º de agosto de 1757, foi elevada à categoria de vila, com o nome de Vinhais”.

D. Felipe Condurú Pacheco (1968) informa que em 1751, os jesuítas e os franciscanos tinham no Estado do Maranhão e Grão-Pará 80 missões e grande número de “doutrinas”, e que em oposição às numerosas propriedades dos demais religiosos, Ao listar as paróquias da Ilha do Maranhão, “[…] no meado do século XVIII, conta de 1758,… distante da cidade … Vila Nova de Vinhais, a que foi elevada a 1o. de agôsto de 1757, (antes, S. João dos Poções) dos franciscanos[…]”. (p. 61).

De acordo com Barbosa de Godois (1904), o colégio dos jesuítas no Maranhão, “segundo os Annaes Litterarios, contava estas residências: Conceição da Virgem Maria, em Pinheiros; S. José, na aldeia de S. José de Riba-Mar; S. João Baptista, em Vinhais; S. Miguel, no Rosário”.

Às páginas 633, do Dicionário de César Marques, consta que houve contestação quanto à propriedade das terras da Aldeia da Doutrina, pertencente, então, ao Convento de Santo Antônio. Esta vila, situada ao N.E. da Ilha do Maranhão uma légua distante da capital, à margem do ribeiro Vinhais, ora transformada em Vila de Vinhais e, para dar fim à qualquer contestação, sobre a quem pertenceria as terras, passou-se a seguinte certidão, que, segundo Cesar Marques, não deixa de ser curiosa:

Ainda em Cesar Marques, descobrimos que os presbíteros Domingos Pereira da Silva, vigário colado da freguesia de São Bernardo da Parnaíba, e Maurício José Berredo de Lacerda, vigário de São João Batista de Vinhais, apresentaram requerimento colocando sob suspeição a divisão da freguesia da Sé e a criação da de Santana, em 17 de janeiro de 1803 (p. 446).

Sobre a igreja existente em Vinhais, Moraes (1989) lembra que a capela de São João de Vinhais, construída no século XIX (sic), substituiu templo muito anterior, que ruíra, e que fora matriz da freguesia, criada pela Resolução Régia de 18 de junho de 1757.

A reconstrução da igrejinha do Vinhais foi feita pelo 15o. Bispo do Maranhão, D. Marcos Antonio de Souza. Em carta a seus auxiliares, datada de 30 de dezembro de 1838, “julgando aproximado o tempo de descer aos silêncios da sepultura”, pede para ser enterrado na Matriz de São João Batista de Vinhais, que mandara reedificar: No ALMANAK DO MARANHÃO para o ano de 1849, consta da relação dos párocos do Bispado do Maranhão o nome de Manoel Bernardo Vaz, como vigário colado da Igreja de São João Batista do Vinhais.

D. Manoel Joaquim da Silveira, 17o. Bispo do Maranhão, inicia, a 27 de dezembro de 1854, uma visitação às paróquias. Sobe o “São Francisco” – “braço de mar em que deságua o rio Anil”, em dois escaleres do brigue “Andorinha: “… Pitoresco o promontório dos remédios, com a alvura deslumbrante e devota da Ermida de Nsa. Senhora. Com pouco mais de 3 quartos de hora de viagem, estão no pôrto de “Vinhaes, outrora Villa, e muito mais povoada que actualmente’. Foguêtes, recepção, bençãos. ‘Hospedagem ecellente em casa de propriedade do Vigário Geral. Visita dos ingênuos habitadores dêste pacífico lugar’. “Na manhã seguinte começam os trabalhos. Pouca frequência. Não há confissões: 75 crismas. ‘Pequena a Matriz de pedra e cal; airosa, porém e mui bem ornada’. Construída por D. Marcos, já está arruinada. Ajudado com 4:000$000 da Província e com o produto de loteria, D. Manoel fez os reparos desta… “… a 3 de janeiro, por Vinhais, retorna S. Excia. à Capital”. (CONDURÚ PACHECO, 1968, p. 234-235).

Ana Jansen, em meados do século XIX, monopolizava o abastecimento de água de São Luís, utilizandos-e de aguadeiros, seus escravos, que se abasteciam nas fontes do Apicum e Vinhais, transportando suas pipas para o centro da cidade, vendendo o caneco por vinte réis, de acordo com Viveiros.

Catarina Mina – Catharina Rosa Ferreira de Jesus – uma escrava que amealhou grande fortuna com o comércio de seu corpo, e comprou sua alforria – no dizer de Graça Guerreiro, tornara-se uma Xica da Silva do Maranhão – achando-se adoentada – em 19 de fevereiro de 1886 – e sendo solteira e sem herdeiros, abriu mão de seus bens em testamento, deixando-os para seus escravos –sim, os possuía, e muitos ! – além da alforria dos mesmos. Entre as exigências que fez, pediu aos herdeiros que “enquanto lhes permitissem os seus recursos, não deixassem de fazer a festa de São Pedro em Vinhaes, como de costume”. (BARBOSA, 2002; 2002b). (Grifos nossos).

O Deputado Francisco Antonio Brandão Junior, em 1892, apresenta projeto de criação de uma cadeira de “primeiras letras” em Vinhais. Essa, deve ser a origem da nossa Escola Oliveira Roma…

Em 1985, os moradores da Vila velha do Vinhais pedem ajuda aos moradores do Conjunto Recanto dos Vinhais para a reconstrução da Igrejinha … o telhado estava no chão, mais uma vez … A primeira pessoa que, nessa época estendeu a mão, foi uma médica, que mandou reconstruir o telhado. Depois, alguns moradores reuniram-se e resolveram ajudar, criando uma comissão – informal – pró-reconstrução da Igreja…

Muito embora conste do “Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados”, do Ministério da Cultura, que em 1995 tenha sido restaurada pela Secretaria de Cultura do Estado, através do Departamento de Patrimônio Histório e Paisagístico (MinC, 1997) – recurso de R$ 8.000,00 (oito mil reais) – isso nunca se deu; desde 1985, todas as intervenções físicas se deram com recursos arrecadados junto à comunidade, sem qualquer interferência de qualquer poder público – seja nacional, estadual, ou municipal…

1997, perde a titularidade de Paróquia, para a recém-construída Igreja de Nossa Senhora Aparecida da Foz do Rio Anil…

2012, retorna a ser sede de paroquia, quando das comemorações dos 400 anos da fundação da França Equinocial, e da primeira missa rezada em Vinhais.

Close