Especialistas apontam que o consumo de café instantâneo, um dos tipos mais populares no mundo, pode estar associado a maiores níveis de acrilamida, uma substância química formada durante o aquecimento de alimentos a altas temperaturas, incluindo os grãos de café. A presença de acrilamida no café instantâneo é aproximadamente duas vezes maior do que no café moído, de acordo com um estudo polonês que analisou 42 amostras diferentes.
Acrilamida: risco potencial
A Food Standards Agency (FSA) alerta que a acrilamida está associada ao risco de câncer em humanos, com base em estudos laboratoriais que demonstraram sua relação com câncer de pulmão e reprodutivo em animais. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) já classificou a substância como “cancerígena problemática para humanos”. No entanto, os pesquisadores destacam que seriam necessárias cerca de 10 xícaras de café instantâneo por dia para que a quantidade de acrilamida ingerida se tornasse preocupante.
Por outro lado, o café instantâneo também possui antioxidantes, como as melanoidinas, que podem aumentar a diversidade de bactérias no intestino e oferecer proteção contra danos celulares. Segundo Pál Maurovich-Horvat, diretor de imagem médica da Universidade Semmelweis, em Budapeste, essas propriedades podem contribuir para a saúde geral.
Café coado: o mais saudável para o coração
Entre as diferentes variedades de café, o café coado é apontado como o mais benéfico para a saúde cardiovascular. Um estudo norueguês que acompanhou os hábitos de consumo de 500.000 pessoas por duas décadas revelou que consumir quatro xícaras de café coado por dia pode reduzir o risco de doenças arteriais, uma das principais causas de ataques cardíacos.
O método de preparo, que utiliza filtros de papel ou malha metálica, parece ser determinante para esses benefícios, ao reter substâncias prejudiciais enquanto mantém compostos benéficos.
Café expresso e benefícios para o cérebro
Variedades à base de expresso, como cappuccinos, também demonstraram benefícios específicos para a saúde cerebral. Um estudo italiano publicado em 2023 revelou que extratos de café expresso podem reduzir o acúmulo da proteína tau, associada ao Alzheimer, em testes laboratoriais com placas de Petri. Além disso, a cafeína demonstrou potencial para reduzir a inflamação, a morte celular e o acúmulo de amiloides, fatores relacionados ao risco de demência.
Embora os resultados sejam promissores, cientistas americanos ligados a sociedades médicas de Alzheimer enfatizam que os estudos em humanos ainda são limitados e que, até o momento, as evidências mais robustas vêm de experimentos com camundongos.
Consumo consciente e equilíbrio
O café, independentemente do tipo, oferece benefícios e riscos, dependendo do modo de preparo e da quantidade consumida. Enquanto o café instantâneo levanta preocupações devido à acrilamida, ele também apresenta antioxidantes que podem promover a saúde intestinal. Já os métodos coado e expresso mostram evidências mais consistentes de impactos positivos na saúde cardíaca e cerebral.
Os especialistas recomendam equilíbrio no consumo e sugerem que futuras pesquisas em humanos ajudarão a compreender melhor os impactos de diferentes tipos de café na saúde.