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Fim da escala 6×1 é visto como um desastre para o setor de construção, alerta Cbic

Na última sexta-feira (15), atos de apoio ao fim da escala 6×1 ocorreram em várias capitais do Brasil, com manifestantes comparando a jornada de 44 horas semanais à escravidão

Fonte: Da redação

O fim da escala 6×1 no setor de construção foi classificado como um “desastre” por Eduardo Aroeira, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). Ele argumenta que a alteração da jornada de trabalho pode levar a uma queda de produtividade e atrasos em obras, uma vez que não há mão de obra disponível para compensar a redução da carga horária.

— Estamos, hoje, praticamente em pleno emprego. Nossa luta não é mais empregar pessoas, mas sim aumentar a produtividade. Se mudar a escala agora, com uma produtividade baixa, o impacto pode ser a geração de desemprego ou informalidade — disse Aroeira em entrevista coletiva nesta segunda-feira (18).

Crise de mão de obra no setor

O setor da construção, que emprega mais de 13 mil trabalhadores, enfrenta uma das maiores crises de escassez de mão de obra, principalmente devido à falta de qualificação e ao desinteresse dos jovens em trabalhar nas condições exigidas nos canteiros de obra. O resultado é uma força de trabalho envelhecida, com a média de idade dos trabalhadores subindo de 38 para 41 anos entre 2016 e 2024. Em São Paulo, a média é ainda maior, com os trabalhadores alcançando 43 anos. Além disso, a maioria dos trabalhadores atua de forma informal, com uma jornada de trabalho de cerca de 38,8 horas semanais e uma renda média de R$ 2.552,99.

Crescimento recorde do setor apesar da falta de mão de obra

Apesar das dificuldades em recrutar trabalhadores qualificados, o setor de construção segue registrando crescimento, com alta no número de lançamentos e vendas no último trimestre, em comparação com o ano anterior. Ely Wertheim, vice-presidente de indústria imobiliária da Cbic, lamenta a discussão sobre a mudança na jornada de trabalho em um contexto de pobreza, ressaltando que o trabalho é essencial para o desenvolvimento humano e para o crescimento do país.

— O trabalho é fundamental para o ser humano, enriquece a vida. Países que superaram grandes dificuldades econômicas fizeram isso pelo trabalho — destacou Wertheim. Ele enfatizou que, em vez de alterar a jornada, o foco deveria ser em aumentar a produtividade, investir em capacitação e garantir a entrega de produtos no prazo.

Proposta de alteração na jornada de trabalho

A proposta para acabar com a escala 6×1 é de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que busca mudar a Constituição para permitir jornadas de trabalho reduzidas, com quatro dias semanais, uma medida já testada em alguns países. O texto da PEC propõe a alteração do artigo 7º, inciso 13, que trata da jornada de trabalho, para permitir uma jornada de apenas quatro dias de trabalho por semana.

Apoio popular e resistência do setor

Na última sexta-feira (15), atos de apoio ao fim da escala 6×1 ocorreram em várias capitais do Brasil, com manifestantes comparando a jornada de 44 horas semanais à escravidão. Embora haja resistência de vários setores, a PEC já obteve o número mínimo de assinaturas necessárias para ser protocolada e começar a tramitar na Câmara dos Deputados. Após a conferência das assinaturas, o texto seguirá para a Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJ), que analisará sua admissibilidade.

Desafios e próximos passos

A proposta continua a dividir opiniões e gera um intenso debate sobre o impacto da mudança na economia e no mercado de trabalho. A discussão sobre a jornada de trabalho no Brasil segue em andamento, com a expectativa de que o tema continue a ser debatido na Câmara dos Deputados, onde será analisado em detalhe pelos parlamentares.

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