Uma esmeralda de 379 kg, conhecida por sua “maldição” e avaliada em quase 1 bilhão de dólares, será devolvida ao Brasil após 15 anos guardada em Los Angeles. A esmeralda Bahia, com 180.000 quilates, foi contrabandeada do Brasil em 2001 por dois moradores locais.
A disputa legal sobre a propriedade da gema começou em 2014, quando cerca de dez pessoas, empresas e o governo brasileiro se envolveram no caso. Na última quinta-feira, um juiz federal dos Estados Unidos aceitou a proposta do Departamento de Justiça para confiscá-la e entregá-la ao Brasil.
A pedra foi descoberta em uma mina de berilo na Amazônia em 2001 e, em seguida, transportada ilegalmente para os EUA por mulas – uma das quais, segundo relatos, foi atacada por uma pantera durante o trajeto. Após sua chegada aos EUA, a esmeralda teria resistido a inundações causadas pelo furacão Katrina.
O empresário de Idaho, Kit Morrison, adquiriu a gema por 1,3 milhão de dólares, mas a reportou como desaparecida anos depois. Investigadores do xerife de Los Angeles localizaram a esmeralda em um cofre em Las Vegas, mas, como não conseguiram identificar seu verdadeiro dono, a apreenderam.
A longa disputa sobre a pedra gerou especulações de que ela estivesse amaldiçoada. Também surgiram alegações bizarras de que estaria ligada a esquemas da Máfia Brasileira e até a uma transação bancária de 197 milhões de dólares com Bernie Madoff, conforme reportado pelo The Post em 2015.
Enquanto isso, autoridades brasileiras insistiram que a gema era um patrimônio nacional e deveria ser exibida em um museu. Elas pediram a devolução com base em um tratado legal entre os dois países que permite a troca de evidências em casos criminais, uma vez que a pedra foi roubada.
O juiz federal Reggie Walton determinou que os argumentos dos especuladores de pedras preciosas americanos eram insuficientes para impedir a devolução da gema ao Brasil. “O tribunal conclui que não há motivos para proibir o retorno da esmeralda Bahia ao Brasil”, escreveu Walton na decisão.
O procurador federal Boni de Moraes Soares comemorou a decisão: “Estamos mais perto do que nunca de trazer a esmeralda Bahia de volta ao povo brasileiro”, disse ele ao Washington Post.
A esmeralda Bahia é considerada uma das maiores já descobertas, ou possivelmente a maior, de acordo com autoridades brasileiras. Morrison, o ex-proprietário, afirmou que não sente “derrota ou perda”.
“Como investidor e empresário, você faz tudo para proteger e valorizar seus investimentos, mas há coisas que estão além do seu controle”, explicou ele.
Se não houver apelação, a pedra será oficialmente entregue ao Brasil em uma cerimônia de repatriação.