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Mural da Academia Ludovicense de Letras

Edição deste domingo com textos dos acadêmicos Roberto Franklin e Leopoldo Gil Dulcio Vaz.

Fonte: Da Academia

Memórias

Por Roberto Franklin – Cadeira 40 ALL

Saudades de épocas vividas na minha São Luís, cidade em que nasci e morei, da Praça da Alegria, da Rua das Cajazeiras, da Praça João Lisboa, onde aos sábados junto com meu pai, tomávamos um refresco chamado PEGA-PINTO, que ardia tanto que chegava às lágrimas. Saudades das vesperais e matinais no Éden e Roxy, do Moto e Sampaio ao lado do meu pai no Santa Isabel nas tardes de domingo, quando assistíamos ao jogo e no intervalo comíamos um beiju envolto em folha de bananeira, recoberto de raspas de coco e tomávamos uma raspadinha também de coco.

Saudades do meu Dom Bosco, lugar que aprendi e que tive e tenho grandes amizades, onde sonhei, onde amadureci e conquistei o meu lugar, saudades dos amores que tive e que por eles vivi.

Saudades do cachorro-quente do companheiro, do lanche no abrigo, seu sanduíche de pernil após as festas de carnaval, do caldo de cana gelado com pão massa fina, saudades também do sorvete de ameixa do Hotel Central, dos lanches da Acácia e dos hambúrgueres da Ocapana.

Saudades da 28 de julho, lugar onde passei e deixei minha adolescência para viver uma vida adulta, das noites de namoro, das serenatas onde cantávamos o amor pelos amores, das boates da AABB, da Gênese, da URBV onde um dia vivi uma noite linda ao lado de você que nunca mais encontrei.

Saudade da Rua Treze de Maio 340, casa que morei com meus pais e irmãos, onde aos domingos nos reuníamos para o almoço e presenciar a bagunça de uma família homogênea e ao mesmo tempo tão heterogênea.

Saudades da minha infância e adolescência, onde pelas ruas da minha amada São Luís vivi momentos maravilhosos, saudades do banho no Jenipapeiro, da Rua Grande em épocas de Natal quando as famílias passeavam apreciando as vitrines das lojas, no lugar de se sentar à frente de uma televisão.

Saudades do meu primeiro amor conquistado nas festas de carnaval, vesperais do Lítero e dos bailes noturnos do Jaguarema, saudades das tardes de sábado onde íamos todos para paquerar e participar de jogos de futebol.

Saudades de um carnaval de rua, dos corsos e da casinha da roça, das batalhas de confete e serpentina, do rodó com sangue do diabo, do mela-mela das escolas de samba diferentes das escolas do Rio de Janeiro.

Saudades das mãos geladas de emoção, quando do primeiro beijo em sessões de cinema sentados lado a lado de mãos entrelaçadas e sem pronunciar sequer de uma palavra.

Saudades de uma época que me faz sentir saudades, dos meus pais e irmãos, dos amigos perdidos, de lugares desaparecidos dessa amada cidade de São Luís, razão do amor que tenho e que por eles vivo.

Saudade é a perfeita tradução de que um dia vivemos, sorrimos, sofremos e que com certeza essa época não voltará mais. Só sente saudade quando vivemos intensamente momentos, tempos em que as lágrimas cessaram e o sorriso prevaleceu.

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IHGM – 160 anos?  Ou os 99 que se está comemorando?

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão – Cadeira 40

Com a criação dos cursos de História, em nossas Instituições de Ensino Superior – IES – começam a aparecer estudos e pesquisas aprofundando nossos conhecimentos sobre o Maranhão. Da recente bibliografia aparecida, destaco “UMA ATHENAS EQUINOCIAL – a literatura e a fundação de um Maranhão no Império Brasileiro” de José Henrique de Paula Borralho, Edfunc 2010. As páginas 149 esse professor-doutor informa:

“Quando ainda morava em São Luis [o Visconde de Vieira da Silva] foi um dos fundadores do Partido Constitucional em 1863 (…) Foi nessa época que, juntamente com João da Matta de Moares Rego, César Augusto Marques, João Vito Vieira da Silva e Torquato Rego, fundou o primeiro Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e, em 1865, dessa vez ao lado de Sotero dos Reis, Francisco Vilhena, Heráclito Graça, Antonio Henriques Leal, Antonio Rego, reunidos no colégio de Humanidades, dirigido por Pedro Nunes Leal, discutiam a formação de agremiações literárias e o futuro da vida cultural da província (…)”. (grifamos).

Pois bem, escrevi ao Prof. Dr. Henrique Borralho, perguntando sobre essa informação: de onde a tirara? Se a fonte era confiável? Ao que me respondeu sim, a ambas as perguntas: a fonte seria Antonio Henriques Leal, na introdução do livro de Vieira da Silva sobre a Independência do Maranhão… Nada encontrei na edição que tenho.

Em resposta a novas inquietações, Dr. Henrique informa que em “Fidalgos e Barões”, de Milson Coutinho, também aparecia a afirmação:

“Vieira da Silva, ao regressar da Europa, encontro na terra natal a efervescência política e jornalística costumeira (…) parece ter dado conta de que a poesia não era seu forte, de modo que mergulhou no jornalismo (…). Em 1863 abriu cisão com seus antigos companheiros de credo político e fundou o Partido Constitucional, que tinha no jornal A Situação o órgão que defendia o programa desse novo grêmio político, integrado por Vieira da Silva, Silva Maia, José Barreto, Colares Moreira e outros mais. Foi por esse tempo que fundou o Instituto Histórico e Geográfico, instituição provincial que pretendia arregimentar a chamada classe literária, a exemplo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, cenáculo-maior das letras imperiais. Revela Dino (1974, p. 55) que o Instituto abrigou, inicialmente, nomes que futuramente ganhariam peso literário, dentre os quais João da Mata Moraes Rego, Cesar Marques, João Vito Vieira da Silva e Torquato Rego.

Sem maior futuro, o primeiro IHGM naufragou. Em seu lugar nasceu a Academia de Letras do Maranhão, iniciativa de Vieira da Silva, que funcionava numa das salas do Instituto de Humanidades, de Pedro Nunes Leal. Também não foi à frente. (…)” (p. 429-430). (grifamos)

Encontramos, mais uma vez em Milson Coutinho (1986; 2007) mais informações sobre essa fundação, desta vez dando a data em que ocorreu:

“Com amigos literatos da época, Vieira da Silva fundou, em 28.7.1864, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, do qual fizeram parte, como sócios, entre outros luminares de nossas letras, João da Mata de Moraes Rego, Dr. César Marques, Dr. João Vito Vieira da Silva e Dr. Torquato Rego. “ Pertenceu, igualmente, à primeira Academia de Letras do Maranhão, fundada em 1865, em uma das salas do Instituto de Humanidades, colégio dirigido pelo Dr. Pedro Nunes Leal. Daquele silogeu foram sócios homens da estirpe cultural de Sotero dos Reis, Francisco Vilhena, Herácito Graça, Henriques Leal, Antonio Rego e outros” (COUTINHO, 1986: 52; 2007: 277).

Em “Fidalgos e Barões”, Milson Coutinho faz referência a Nicolau Dino, em biografia do Visconde de Vieira da Silva de onde teria obtido as informações sobre a fundação do IHGM naqueles idos de 1863:

“IX – NO SEIO DOS PRIMEIROS IMORTAID DA PROVINCIA “PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – “em 28 de julho de 1864, Luiz Antonio Vieira da Silva era aclamado presidente do Instituto Histórico e Geográfico que se fundava naquele dia, em casa de Augusto Marques e com a colaboração deste, do Tenente Coronel Ferreira, Padre Dr. Cunha, João da Mata, Dr. Cesar Marques, Dr. Tolentino Machado, Tenente Coronel João Vito, Dr. Torquato Rego, Pedro Guimarães e Frei Caetano. O Dr. Cesar Marques leu um discurso relativo ao ato e o Padre Dr. Cunha apresentou o projeto dos estatutos da nova associação”. (p 55-56). (grifamos)

E em Nota de pé-de-página: “(30) Augusto Cesar Marques – farmacêutico, irmão de Cesar Marques. Tenente Coronel de engenheiros – Fernando Luis Ferreira. Padre  Dr. João Pedro da Cunha. João da Mata de Moraes Rego – escrivão, autor de crônicas sobre a imprensa do Maranhão muito apreciadas. Dr. João Vito Vieira da Silva, engenheiro militar. Frei Caetano de Santa Rita Serejo maranhense, Superior do Convento dos Carmelitas” (p. 56)

No Blog “Família Vieira” consta postagem em 1º de agosto de 2010 dados sobre os “VIEIRA DA SILVA E SOUSA – Maranhão” consta os VIEIRA DA SILVA,
importante família do Maranhão, com ramificações no Ceará, à qual pertence o Brigadeiro Luiz Antônio Vieira da Silva, com carta de Brasão de Armas passada em 30 de julho de 1804 (Visconde de Sanches de Baena – Arquivo Heráldico Genealógico. Páginas 445, 446. No. 1761 – Lisboa. Typographia Universal, 1872), que deixou numerosa descendência do seu casamento em 1775, com Maria Clara de Souza.
Entre os descendentes deste último casal:

I – O filho, Joaquim Vieira da Silva e Souza, nascido em 12 de janeiro de 1800, no Maranhão e falecido em 23 de Junho de 1864, São Luiz, Maranhão;

II – O filho, João Victor Vieira da Silva, Tenente-Coronel Graduado, em 1856. Engenheiro-Militar. Em 1857, servia na Província do Maranhão. Cavaleiro da Imperial Ordem de S. Bento de Aviz. Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa. 

III – O neto, Dr. Luiz Antônio Vieira da Silva, nascido em 2 de outubro de 1828, em Fortaleza, Ceará e falecido em 3 de Novembro de 1889, no Rio de Janeiro, Doutor em Leis e Cânones pela Universidade de Heidelberg, no Grão-Ducado de Baden, Alemanha. Literato, dedicado aos estudos da História. Secretário do Governo do Maranhão de 1854 a 1858. Diretor da Repartição de Terras de 1859 a 1860. Procurador Fiscal da Tesouraria da Fazenda em 1859. Deputado Provincial pelo Maranhão de 1860 a 1861. Deputado à Assembléia Geral Legislativa, pelo Maranhão, em 3 Legislaturas, de 1861 a 1863, de 1867 a 1868 e de 1869 a 1871, Senador do Império, pelo Maranhão de 1871 a 1889. 1.º Vice-Presidente da Província do Maranhão em 1875, tendo exercido a Presidência de 17 de Janeiro a 02 de Fevereiro de 1876. Ministro da Marinha de 1888 a 1889 e Presidente da Província do Piauí de 1869 a 1870. Conselheiro de Estado. Conselheiro de Sua Majestade. Moço Fidalgo da Casa Imperial. Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa. Foi agraciado com o Título de Visconde com Honra de Grandeza de Vieira da Silva por Decreto de 05 de Janeiro de 1889. (…) Com geração do seu casamento com Maria Gertrudes da Mota de Azevedo Correia, nascida em 1836 e falecida em 6 de Novembro de 1911, no Rio de Janeiro, Viscondessa de Vieira da Silva, filha do Conselheiro Joaquim da Mota de Azevedo Correia e de Maria Getrudes de Azevedo Correia. 

Destacamos do texto acima o que segue: Grão Mestre da Maçonaria. Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1863. Membro da Sociedade de Geografia de Lisboa. Membro da Academia Real de Ciências de Lisboa. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco. (grifamos)

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