Sob a gestão do advogado Fabiano Silva dos Santos, os Correios acumulam o maior prejuízo da história da estatal entre janeiro e setembro de 2024: R$ 2 bilhões. Se o ritmo continuar, a empresa poderá ultrapassar o déficit de R$ 2,1 bilhões registrado em 2015, durante o governo de Dilma Rousseff (PT).
Com uma previsão de receitas revisada para R$ 20,1 bilhões, abaixo dos R$ 22,7 bilhões inicialmente estimados, os Correios adotaram um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões para conter o rombo financeiro. Mesmo assim, a estatal espera encerrar o ano com um déficit de pelo menos R$ 1,7 bilhão.
Causas do déficit
Os Correios atribuíram parte da crise à “herança contábil” da gestão anterior, entre 2019 e 2022, e à redução nas importações devido à chamada “taxa das blusinhas”, que encareceu o comércio internacional de pequenos itens. Essa política impactou diretamente o volume de encomendas internacionais processadas pela estatal.
Apesar da alegação, é importante destacar que os Correios registraram lucro em três dos quatro anos da gestão anterior, durante o governo de Jair Bolsonaro.
Medidas de contenção
Para evitar o risco de insolvência, os Correios implementaram três ações principais:
- Suspensão de contratações de terceirizados: por 120 dias, mesmo em situações onde esse reforço seria usual.
- Renegociação de contratos: redução mínima de 10% nos valores vigentes.
- Encerramento de contratos: prorrogações só ocorrerão mediante economia comprovada nas renegociações.
Essas medidas já resultaram em uma redução projetada de despesas de R$ 22,5 bilhões para R$ 21,9 bilhões, uma economia de R$ 600 milhões (1,8%) em relação a 2023.
Decisões polêmicas
Sob a liderança de Fabiano Silva dos Santos, conhecido por sua proximidade com o Prerrogativas e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decisões financeiras controversas contribuíram para o aumento do déficit:
- Desistência de recursos judiciais: a estatal optou por não recorrer em ações trabalhistas que somam quase R$ 1 bilhão.
- Assunção de dívidas previdenciárias: os Correios comprometeram-se a transferir R$ 7,6 bilhões ao Postalis, fundo de pensão dos funcionários, para cobrir metade do déficit previdenciário.
Essas decisões, embora justificadas como necessárias para evitar maiores complicações judiciais e previdenciárias, impactaram diretamente o orçamento da estatal.
Concurso público e operações
Mesmo em meio ao prejuízo, os Correios anunciaram a abertura de um concurso público para contratação de 3.511 novos funcionários, com salários entre R$ 2.429,26 e R$ 6.872,48. A estatal afirmou que as provas serão mantidas e que não houve demissões ou cancelamento de contratos vigentes.
Cenário futuro
Os Correios enfrentam um cenário de desafios fiscais e operacionais, com a necessidade de equilibrar despesas e receitas em meio à crescente pressão financeira. A estatal busca retomar a estabilidade econômico-financeira e evitar a necessidade de um resgate pelo Tesouro Nacional, mas a eficácia das medidas adotadas e a gestão das prioridades estratégicas serão cruciais para o futuro da empresa.
Com as finanças sob escrutínio do TCU e medidas de contenção em andamento, os próximos meses serão decisivos para determinar se os Correios conseguirão superar a crise e recuperar sua sustentabilidade.