Um método cirúrgico inovador, conhecido como NanoKnife, está revolucionando o tratamento de câncer de próstata em estágio inicial. A técnica, desenvolvida nos Estados Unidos, utiliza pulsos elétricos para destruir células cancerígenas de maneira precisa, preservando tecidos saudáveis e reduzindo complicações. Embora já aprovado pela FDA e pela Anvisa, o procedimento ainda não está disponível no SUS ou na cobertura obrigatória dos planos de saúde privados no Brasil.
Como funciona o NanoKnife
O equipamento utiliza a técnica de eletroporação irreversível (IRE), que aplica pulsos elétricos diretamente sobre as células tumorais. Esses pulsos criam pequenos poros na membrana das células, permitindo que a corrente elétrica penetre e cause a morte celular. Diferentemente de outros métodos, o NanoKnife é atérmico, ou seja, não utiliza calor nem frio, o que minimiza os riscos de lesões em tecidos adjacentes.
“Essa característica reduz significativamente o risco de danos aos nervos responsáveis pela ereção e à função urinária, problemas que são grandes preocupações nos tratamentos convencionais,” explica o urologista Oskar Kaufmann, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, um dos poucos centros que realizam o procedimento no Brasil.
Indicações e benefícios
O NanoKnife é indicado para casos de câncer de próstata em estágio inicial, em que o tumor está localizado em uma área restrita da glândula e não invadiu outros tecidos. Sua precisão permite que o tratamento seja aplicado em regiões próximas a partes vitais com segurança, preservando a próstata e tratando apenas a área acometida.
Entre os principais benefícios estão:
- Menor risco de complicações relacionadas à função urinária e sexual.
- Alta hospitalar no mesmo dia do procedimento.
- Recuperação rápida: o corpo elimina as células mortas e regenera o tecido com células saudáveis.
“O NanoKnife é mais uma ferramenta eficaz que nos permite oferecer tratamentos localizados, com foco na preservação da qualidade de vida dos pacientes,” afirma o uro-oncologista Arie Carneiro, também do Einstein.
Avanços e estudos em outras áreas
Além do câncer de próstata, o NanoKnife tem sido utilizado no Brasil para tratar tumores iniciais de pâncreas, rim e fígado. Nos Estados Unidos, o método está sendo investigado para casos mais avançados e tumores em outros órgãos, como no estudo clínico Direct, que avalia sua eficácia em câncer de pâncreas localmente avançado.
O procedimento é ajustado caso a caso, com variações na voltagem e na duração dos pulsos elétricos, garantindo um tratamento personalizado e preciso.
Perspectivas no Brasil
Apesar de ainda não estar amplamente disponível no sistema público ou em planos de saúde privados, o NanoKnife representa uma grande evolução no combate ao câncer. Sua capacidade de preservar tecidos saudáveis e reduzir complicações pode transformar o panorama do tratamento de tumores localizados.
A tecnologia oferece esperança para pacientes em busca de opções menos invasivas e com recuperação mais rápida, além de abrir caminho para novas aplicações no futuro. Para os especialistas, o NanoKnife é um marco que une inovação e qualidade de vida no tratamento oncológico.