Formada por áreas majoritariamente de cerrados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a mais nova e promissora fronteira agrícola do País, o Matopiba, está entrando em um novo ciclo de desenvolvimento tecnológico para a produção agropecuária com sustentabilidade e inclusão socioprodutiva a partir da integração sinérgica de 11 unidades da Embrapa. O Matopiba é reconhecido por sua produção agropecuária de grãos e fibras, em especial soja, milho e algodão e crescente presença da pecuária. Só a produção de soja, na safra 2022-23, totalizou 18,5 milhões de toneladas, o que representa cerca de 12,3% do total produzido no Brasil. Além de grãos, o algodão produzido nessa região coloca a Bahia e o Maranhão no ranking de segundo e terceiro maiores produtores do Brasil. A Embrapa, que já tem quatro centros de pesquisa nos estados que integram o Matopiba atuando na região, terá sua atuação reforçada com mais sete unidades para formação do Hub Matopiba, projeto inovador para a agricultura do futuro no Brasil.
Na última quarta-feira (9), sob a coordenação da Embrapa Cocais (MA), estiveram reunidos representantes das 11 unidades e ainda de instituições governamentais, representantes do agronegócio, empresas de consultoria, entidades e associações, além de produtores rurais, para discutir estratégias voltadas à implantação do Hub Matopiba e definir arranjos de pesquisa e desenvolvimento e gestão para convergir a agenda das 11 unidades a partir da Unidade de Execução de Pesquisa em Balsas – UEP Balsas, que vai sediar o Hub Matopiba no sul do Maranhão. O evento foi realizado em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Balsas – SindiBalsas e a Associação Brasileira dos Produtores de Soja – AproSoja Maranhão.
Vinculada à Embrapa Cocais, a UEP Balsas está localizada no coração da região do Matopiba, por ser ponto estratégico em relação ao modal logístico pela presença do Porto do Itaqui (segundo maior destino da soja exportada pelo país, atrás apenas do porto de Santos) e ferrovias para escoamento da produção. No passado, a localização estratégica da UEP permitiu a expansão na região da agricultura na segunda metade dos anos 80 graças às tecnologias agropecuárias adaptadas e desenvolvidas pelas pesquisas realizadas pela Embrapa, que transformou os solos de Cerrado com baixa fertilidade natural em aptos para a produção mecanizada de grãos.
Segundo o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Clenio Pillon, a UEP Balsas será ponto aglutinador desse processo para construção de plataforma de inovação colaborativa no território em parceria com o setor produtivo, instituições públicas e privadas e de forma alinhada e articulada para fortalecimento da agenda de atuação na região, um movimento orquestrado para inovação no campo. “Haverá chamada interna de projetos para solucionar problemas e desafios complexos de pesquisa que atendam tanto o agro empresarial quanto a agricultura familiar. A iniciativa representa a construção coletiva de novo desenho para atuação articulada da Embrapa na região, interna e externamente. O Hub Matopíba não deve ter atuação limitada às 11 UDs. A Rede Embrapa e suas competências devem contribuir no processo para melhoria da produção agrícola com sustentabilidade e inclusão socioprodutiva no Matopiba”.
O chefe-geral da da Embrapa Cocais, Marco Bomfim, destaca a relevância da iniciativa. “Estamos inaugurando um novo momento da Embrapa na Matopiba ao reunir o trabalho de 11 Unidades, que vão alocar pesquisadores aqui em Balsas para inaugurar esse novo ciclo de desenvolvimento tecnológico, superar desafios e definir agenda de pesquisa e desenvolvimento para os próximos 20, 30 anos. Há uma demanda nessas regiões por mais tecnologia para dar suporte ao desenvolvimento regional sustentável. Reconhecendo o quão estratégico seria estar presente e fortalecer a UEP em conjunto com as outras Unidades, a Diretoria Executiva decidiu incentivar e apoiar a formação do Hub. A UEP é só uma base física, a ideia é, a partir de Balsas, pensar o Matopiba e promover a integração das ações das outras UDs que estão também presentes no território. Inicialmente, 11 unidades vão estar fisicamente na UEP formando esse primeiro núcleo, que deve se expandir com a participação de outras Unidades. O que se quer é que a UEP tenha uma identidade de time, da rede Embrapa, para melhor integração do trabalho de equipe, com um objetivo único, um propósito único. Daí a construção coletiva desse modelo desde o princípio”.
Bomfim destacou que o encontro teve o objetivo de definir o foco e o planejamento estratégico, por meio de um processo de escuta e debate para captar os desafios e as oportunidades e estabelecer estratégias. Para tal, foram convidados produtores, consultores (Montec. Innova Agro, Evoterra) e parceiros para um painel de especialistas. Os desafios e oportunidades captados pelas Unidades da Embrapa foram utilizados como insumo para definição de estratégias a partir de uma oficina interna de trabalho, desenvolvido na UEP Balsas. Também foi realizada programação de visitas técnicas a parceiros na região do Matopiba no raio de atuação da UEP, que ultrapassa os limites do Maranhão. “Essa foi uma primeira etapa, técnica. Haverá uma segunda fase, que é a fase de validação e devolutiva para os envolvidos. A partir desse material, será definida a espinha dorsal da UEP conectada com a estratégia corporativa”, completa.
Entre as visitas, pode-se citar a realizada à Fazenda Tanque (grupo da Agromantovar) que é parceira da Embrapa Cocais em pesquisa com integração-lavoura-pecuária – ILP.; outra foi à Fazenda Cajueiro (RN), que trabalha com produção de sementes para comercialização e multiplica materiais da Embrapa; e ainda à Inpasa, empresa de produção de etanol de milho que está se estruturando em Balsas. Parte dos representantes da Embrapa também participaram do lançamento do plantio da soja, o Plano Safra, realizado na Fazenda Pau Brasil. O evento marcou oficialmente o início da safra de soja no País. Essa foi a primeira vez que o Maranhão sediou a Abertura Nacional do Plantio da Soja.
Para o chefe-adjunto de administração da Embrapa Cocais, Allyson Veras, segue-se como base a estrutura de gerenciamento montada para a UEP de Canoinhas, em Santa Catarina. “O desenho do modelo de gestão também precisa ser maturado para definir exatamente como é que vai ser o processo de governança compartilhada do Hub Matopiba na UEP Balsas entre as Unidades e a Diretora Executiva. O momento foi um pontapé inicial para avançar na maturidade do processo. Discussões em torno da gestão orçamentária e execução financeira e administrativa também estiveram presentes”.
A impressão dos chefes das UDs participantes
A opinião dos parceiros
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UEP Balsas
A UEP Balsas está localizada numa área de cinco hectares. Possui infraestrutura física para atuação em pesquisa e desenvolvimento e inovação, tendo 4.000 m² construídos, incluindo salas e laboratórios de apoio à pesquisa (preparo de ensaios e beneficiamento de amostras), máquinas e equipamentos para atividades de pesquisa a campo e beneficiamento de amostras em laboratórios de apoio a pesquisa (estufas, balanças), casa de vegetação, câmaras frias para sementes, galpões, Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) para beneficiamento de semente do melhorista (pequenos volumes) e UBS para beneficiamento de sementes básicas, para volumes acima de uma tonelada.