O envelhecimento traz consigo uma série de modificações sociais, emocionais e físicas. Como a expectativa de vida do brasileiro tem aumentado (hoje está acima dos 76 anos, em média), faz-se necessário discutir as transformações e os desafios que advêm com a idade. Um destes acontecimentos é a perda de audição relacionado ao envelhecimento, a presbiacusia. Esta palavra tem origem grega(prebys = idoso; ákousis = ouvir).
As alterações na capacidade de escutar costumam ocorrer a partir da 5ª década de vida, de forma lenta, gradual e bilateral, ou seja, nos dois ouvidos. As pessoas acometidas se queixam não somente de “dificuldade para escutar”, principalmente em ambientes ruidosos, mas também pode ocorrer zumbido. Outra queixa frequente é a dificuldade de entender, de discriminar os sons. Neste caso, a pessoa diz que “escuta, mas não entende”.
Quanto maior a idade, maior o risco de desenvolver presbiacusia. Estima-se que mais da metade das pessoas acima dos 70 anos tenham perda auditiva em algum grau. A herança familiar também é importante fator de risco. Existem alguns genes já identificados como responsáveis pela perda auditiva genética.
Outros fatores relacionados à presbiacusia são: pressão alta, diabetes, problemas de colesterol, tabagismo, uso de alguns antibióticos e de quimioterápicos, usados para tratamento de cânceres. É importante ressaltar que tanto na presbiacusia quanto em outros tipos de perda de audição, a exposição a sons de alta intensidade causa danos adicionais ao sistema auditivo. Por esta razão, desde a juventude, é importante evitar estar em ambientes muito barulhentos ou fazer uso de abafadores de som no caso de trabalho em locais ruidosos.
As consequências da presbiacusia vão além da audição. As pessoas idosas com perda auditiva tendem a negar seus sintomas e estão mais propensas ao isolamento e perda de produtividade bem como ao desenvolvimento de demência e depressão. É importante alertar que, como a presbiacusia se desenvolve em ambos os ouvidos e lentamente ao longo dos anos, grande parte das pessoas afetadas, especialmente os mais idosos, pode nem perceber o que está ocorrendo, o que atrasa o tratamento. Por outro lado, as famílias também tendem a desvalorizar esta condição, como se isto fosse algo “normal”.
No entanto, não há nada de normal nisto. Sempre que houver suspeita de perda de audição, tanto em pessoas jovens quanto nas pessoas mais velhas, é preciso consultar um otorrinolaringologista. Existem exames capazes de detectar a presbiacusia. O principal teste para o diagnóstico é a audiometria, mas outras provas podem ser necessárias.
Mediante o diagnóstico, a primeira meta do tratamento é corrigir todos os fatores que estejam somando ao processo de envelhecimento e piorando a audição. A segunda parte do tratamento envolve a chamada reabilitação auditiva. Uma das formas mais eficientes para reabilitar estes idosos e melhorar o convívio social é o uso dos aparelhos auditivos. Atualmente, há grande diversidade de modelos, tamanhos e tecnologias para atender às necessidades de cada pessoa. De acordo com seus hábitos e até suas preferências pessoais, é possível escolher um aparelho auditivo que mais se adapte a cada indivíduo.
Identificar a presbiacusia o mais cedo possível permite evitar a progressão desta condição e oferecer o melhor tratamento, melhorando a qualidade de vida das pessoas acometidas. Como explicado, ficar surdo não é sentença na velhice. Na dúvida, procure sempre um otorrinolaringologista!