As vendas de carros puramente elétricos no Brasil registraram um crescimento impressionante de 219% em 2024 em comparação a 2023, com 61.615 unidades emplacadas, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). No entanto, apesar dos números positivos, o segmento demonstrou sinais de desaceleração. No segundo semestre de 2024, houve uma queda de 2,54% nos licenciamentos em relação aos primeiros seis meses do ano.
Em contraste, o mercado geral de automóveis de passeio e comerciais leves cresceu 30,7% no segundo semestre de 2024, conforme levantamento da Fenabrave. O resultado reflete um mercado mais dinâmico, impulsionado por uma recuperação econômica e pela maior acessibilidade de veículos convencionais.
Híbridos plug-in em alta
O segmento de veículos híbridos plug-in também apresentou forte expansão, com alta de 74,8% nas vendas no segundo semestre de 2024, totalizando 64 mil unidades. Esses modelos, que combinam motores elétricos e combustíveis fósseis, oferecem a possibilidade de recarga em tomadas e maior autonomia, superando 1.000 km em alguns casos, segundo testes do Instituto Mauá de Tecnologia.
Apesar do preço inicial elevado, próximo a R$ 200 mil, os híbridos plug-in têm conquistado consumidores interessados em veículos com menor impacto ambiental, desde que as baterias sejam mantidas carregadas. Essa combinação de tecnologias tem atraído compradores que buscam a experiência de dirigir um carro elétrico sem abrir mão da autonomia oferecida por motores a combustão.
Limitações dos veículos 100% elétricos
Os modelos puramente elétricos, por sua vez, ainda enfrentam desafios relacionados à autonomia e infraestrutura. Esses veículos raramente ultrapassam 400 km de autonomia em trajetos urbanos e 350 km em rodovias, o que os torna dependentes de pontos de recarga. Esse fator exige planejamento por parte dos motoristas e é uma das barreiras para sua popularização no Brasil.
Tendências globais e desafios locais
A desaceleração das vendas de carros puramente elétricos no Brasil segue uma tendência global, mas apresenta peculiaridades locais. O país possui uma matriz energética mais limpa do que a de mercados como Estados Unidos e Europa, o que torna os veículos a bateria ambientalmente vantajosos. Porém, barreiras como geografia e renda continuam sendo desafios para o mercado nacional.
Entre os principais receios do consumidor estão a falta de infraestrutura para recarga e a desvalorização na hora da revenda, dois fatores que se retroalimentam. Esses medos refletem as dificuldades de consolidação do segmento, mesmo com o aumento da aceitação por parte dos brasileiros.
Apesar dos desafios, o comunicado da ABVE destacou o momento de expansão para veículos elétricos e híbridos plug-in no Brasil, com registros recordes e maior aceitação por parte dos consumidores. O mercado demonstra potencial, mas ainda depende de avanços na infraestrutura e incentivos para se tornar uma alternativa viável em escala nacional.