O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), está impulsionando o Maranhão como um polo estratégico do Programa Espacial Brasileiro, com base no Centro de Lançamento de Alcântara. A iniciativa visa fortalecer a infraestrutura espacial do país e consolidar a região como referência na área.
Como parte desse esforço, a ministra do MCTI, Luciana Santos, esteve em São Luís na quinta-feira (23), onde cumpriu uma extensa agenda. Durante a visita, conheceu as instalações do Laboratório de Propulsão Aeroespacial (Acrux Aerospace) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e acompanhou o lançamento de um veículo lançador de satélites de pequeno porte. Segundo a ministra, essa é uma área fundamental dentro da Estratégia Nacional de Defesa e do Programa Espacial Brasileiro, destacando a importância da Base de Alcântara para a economia e o desenvolvimento tecnológico do Maranhão.
Pesquisadores e parceiros da UFMA estão desenvolvendo o projeto do Veículo Lançador de Pequeno Porte (VLPP), contratado pela Finep com recursos do FNDCT, em parceria com um consórcio liderado pela empresa AKAER. O projeto conta com a participação da Acrux, que está à frente do desenvolvimento dos motores foguetes S-30 (1º e 2º estágio) e S-18 (3º estágio). Para viabilizar o carregamento desses motores, será construída uma fábrica de propelentes em uma área adquirida pela empresa na ilha de São Luís, o que representará um grande avanço para o Centro de Lançamento de Alcântara.
Durante o evento, a ministra Luciana Santos anunciou um investimento de R$ 30 milhões para a construção da fábrica de propelentes. O projeto está inserido no desenvolvimento de tecnologias voltadas para veículos lançadores de pequeno porte, uma área na qual o Brasil ainda busca domínio completo. Segundo a ministra, a meta é garantir que, até 2026, o Brasil não precise mais lançar satélites fora do país, reforçando a soberania nacional e impulsionando a indústria aeroespacial brasileira.
Além do impacto científico e tecnológico, o investimento promete trazer desenvolvimento econômico, gerando empregos qualificados e renda para o estado. A ministra destacou que o fortalecimento do setor espacial no Maranhão contribui para a redução das desigualdades regionais e amplia as oportunidades para a população local. O governador Carlos Brandão também ressaltou a posição estratégica do Maranhão para a área espacial, lembrando que a localização de Alcântara, a apenas dois graus abaixo da linha do Equador, proporciona uma economia de 30% no consumo de combustível para lançamentos de foguetes.
O investimento no projeto VLPP no Maranhão totaliza R$ 30 milhões, oriundos do FNDCT. Além desse, o programa inclui outros dois projetos de veículos lançadores em desenvolvimento pela Finep: um segundo VLPP, liderado por um consórcio da empresa CENIC, e o veículo R.A.T.O (Rocket Assisted Take Off), projetado para transportar o veículo hipersônico 14-X até a atmosfera, alcançando altitudes de até 30 quilômetros. Os três projetos serão lançados em Alcântara até o final de 2026. No total, o MCTI está investindo R$ 486,8 milhões nessas iniciativas.
O reitor da UFMA, Fernando Carvalho Silva, enfatizou o papel da Universidade nesse processo, destacando que a instituição tem ampliado sua atuação além do ambiente acadêmico, firmando parcerias estratégicas e prestando serviços a empresas do setor aeroespacial. A UFMA também submeteu uma proposta para um edital da Finep voltado à criação de um Parque Tecnológico no Maranhão, visando atrair mais empresas e fortalecer a inovação no estado.
Esses investimentos consolidam o Maranhão como o segundo polo industrial científico-tecnológico do Programa Espacial Brasileiro, alinhado à Estratégia Nacional de Defesa e às políticas do MCTI para descentralizar o desenvolvimento de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no Brasil. Além disso, o MCTI estuda a criação de um Centro de Pesquisas Espaciais no estado, com foco no desenvolvimento de veículos lançadores e satélites. A proposta, que contará com recursos do FNDCT, será elaborada por uma comissão formada por representantes da Finep, da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e da UFMA, com um prazo de 90 dias para apresentação do projeto.
O futuro centro será integrado ao Parque Tecnológico do Maranhão, cujo edital está em fase final de análise pela Finep. A iniciativa tem como objetivo atrair empresas do setor espacial, aproveitando a localização privilegiada do Centro de Lançamento de Alcântara, consolidando o Brasil como uma potência na exploração espacial e inovação tecnológica.