O Brasil encerrou 2024 com um déficit nas transações correntes de US$ 56 bilhões, equivalente a 2,55% do PIB, conforme dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (24). Esse resultado representa o maior saldo negativo desde 2019, quando o rombo atingiu US$ 65 bilhões. Em comparação com o ano anterior, o déficit quase dobrou, já que em 2023 o valor foi de US$ 24,5 bilhões (1,12% do PIB).
As transações correntes, que mensuram o fluxo de entrada e saída de dólares no país, englobam três principais componentes. O primeiro deles é a balança comercial, que reflete a diferença entre exportações e importações de bens. O segundo é a balança de serviços, que abrange despesas realizadas por brasileiros no exterior, como turismo, transporte internacional e contratação de serviços financeiros. Já a renda primária inclui transferências financeiras, como lucros, dividendos e juros remetidos por multinacionais para fora do país, além dos rendimentos recebidos por empresas brasileiras do exterior.
Mesmo diante da valorização do dólar, os gastos de brasileiros em viagens internacionais cresceram ao longo de 2024, alcançando US$ 14,82 bilhões. Apesar do aumento, o montante ainda permanece abaixo dos patamares pré-pandemia, quando as despesas anuais com turismo fora do país giravam em torno de US$ 18 bilhões. Em contrapartida, o turismo receptivo no Brasil atingiu um recorde histórico, com visitantes estrangeiros movimentando US$ 7,34 bilhões na economia nacional. O valor representa um avanço de 6,3% frente ao registrado em 2023, quando o montante foi de US$ 6,9 bilhões.
A alta do dólar ao longo do ano contribuiu para tornar o Brasil um destino mais atrativo para estrangeiros, fortalecendo o setor turístico. Segundo os registros do Banco Central, iniciados em 1995, 2024 foi o ano em que os visitantes internacionais mais gastaram no país. Esse crescimento reforça a relevância do turismo para a economia brasileira, especialmente em períodos em que o câmbio desestimula viagens de brasileiros para o exterior.