O ex-presidente Donald Trump anunciou nesta sexta-feira (7) que assinará uma ordem executiva para revogar as restrições ao uso de canudos de plástico nos Estados Unidos, medida que contraria a política ambiental do seu antecessor, Joe Biden. Em uma publicação em sua rede social, a Truth Social, Trump declarou: “DE VOLTA AO PLÁSTICO”, reforçando seu posicionamento crítico em relação às iniciativas de sustentabilidade.
Cético sobre as mudanças climáticas, Trump considera a transição energética uma “fraude” e promete intensificar a exploração de combustíveis fósseis em seu novo mandato. A ordem executiva vai contra a determinação de Biden, que, em 2023, estabeleceu o fim gradual do uso de plásticos descartáveis em serviços de alimentação, eventos e embalagens do governo federal até 2027, com a meta de eliminação total até 2035. Embora o anúncio de Trump destaque os canudos de plástico, ainda não está claro se a revogação abrangerá outras restrições relacionadas ao plástico de uso único.
O governo dos EUA, sendo o maior comprador de bens de consumo do mundo, havia dado um passo importante no combate à crise global de poluição plástica com as políticas de Biden. O plano visava não apenas reduzir a dependência de plásticos descartáveis, mas também fomentar o mercado de alternativas sustentáveis, como materiais reutilizáveis e compostáveis.
Plástico e o impacto ambiental
O consumo global de plástico aumentou significativamente nas últimas três décadas, ultrapassando 400 milhões de toneladas por ano, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Estima-se que, a cada minuto, o equivalente a um caminhão de lixo de plástico seja despejado nos oceanos. Apesar da crescente conscientização, apenas 9% dos resíduos plásticos gerados no mundo são reciclados.
O impacto ambiental vai além da poluição visível. Os microplásticos, presentes em alimentos, água e até no corpo humano, são motivo de preocupação. Substâncias químicas associadas ao plástico, como ftalatos e bisfenóis, representam riscos para a saúde e o meio ambiente. A resistência da indústria do petróleo e do gás tem dificultado o avanço de acordos internacionais para conter o problema, uma vez que esses setores fornecem as matérias-primas básicas para a produção de plástico.
Agenda energética de Trump
A decisão de Trump de incentivar o uso do plástico está alinhada com sua agenda energética, que prioriza o fortalecimento da indústria de combustíveis fósseis. O slogan de campanha “Perfure, querido, perfure” resume sua promessa de expandir a produção de petróleo e gás, além de reduzir regulações ambientais. O republicano já deu sinais claros de que pretende flexibilizar leis de proteção à biodiversidade e aos habitats naturais, abrindo espaço para atividades de exploração de hidrocarbonetos.
O novo nome cotado para o Departamento de Energia, Chris Wright, é um defensor do setor de petróleo e gás, apesar de reconhecer a importância das energias renováveis. Fundador da Liberty Energy, empresa ligada à exploração de gás de xisto, Wright defende a coexistência entre diferentes fontes de energia e minimiza a distinção entre “energia limpa” e “energia suja”.
O impacto global da política climática dos EUA
Com os Estados Unidos sendo o maior produtor de petróleo do mundo e o segundo maior emissor de CO₂, o retorno da agenda ambiental de Trump representa um desafio para os esforços globais de combate às mudanças climáticas. Uma análise da Carbon Brief indica que uma nova gestão de Trump poderia resultar em um aumento de até 4 bilhões de toneladas de CO₂ nas emissões do país até 2030, o que anularia os avanços obtidos por tecnologias limpas, como a energia solar e eólica, nos últimos anos.
Diante desse cenário, especialistas alertam que a reversão das políticas ambientais americanas pode comprometer o alcance das metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris, tornando ainda mais difícil a contenção do aquecimento global. A decisão de Trump não é apenas um retrocesso ambiental, mas também um sinal claro de como a política dos EUA continua a influenciar diretamente o futuro do planeta.