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Empresário investigado por propina em Pix quer mulher como deputada no Maranhão

A pré-candidatura de Larissa já foi oficializada no fim do ano passado, enquanto a de seu irmão, Rômulo, segue sendo articulada nos bastidores

Fonte: Da redação com O Estado de São Paulo

O empresário maranhense Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP ou Eduardo Imperador, e sua esposa, Larissa, movimentaram as ruas de Dom Pedro, sua cidade natal, e de Codó, localizada a cerca de 100 km dali, com o “Bloquinho do DP”.

Desde 2023, Eduardo DP foi preso duas vezes sob suspeita de corrupção envolvendo emendas parlamentares. Agora, ele planeja lançar sua esposa e seu irmão como candidatos à Câmara dos Deputados nas eleições de 2026. A pré-candidatura de Larissa já foi oficializada no fim do ano passado, enquanto a de seu irmão, Rômulo, segue sendo articulada nos bastidores. No último sábado, a candidatura de Larissa foi celebrada durante o bloco de carnaval organizado pelo empresário.

Procurado pelo jornal Estadão, Eduardo DP visualizou as mensagens, mas não respondeu. Anteriormente, ele negou qualquer irregularidade em esquemas envolvendo emendas parlamentares. Na segunda-feira (10), o Estadão revelou que a Polícia Federal (PF) encontrou um comprovante de pagamento via Pix no valor de R$ 5 mil feito por Eduardo DP à atual secretária nacional de Políticas de Turismo do Ministério do Turismo, Cristiane Leal Sampaio. Na época do pagamento, em 2022, Cristiane trabalhava no Congresso Nacional assessorando o atual vice-presidente do Senado, Eduardo Gomes (PL-TO). Segundo a PF, o pagamento foi feito a pedido de João Batista de Magalhães, um intermediário no repasse de emendas parlamentares para prefeituras do interior.

As investigações da PF apontaram um esquema de cobrança de comissões sobre emendas parlamentares envolvendo três deputados do PL: Josimar Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE). Os recursos eram destinados à área da saúde no município de São José de Ribamar (MA), na região metropolitana de São Luís. Segundo a PF, a quadrilha cobrava a devolução de 25% dos recursos repassados.

Em Dom Pedro e Codó, a candidatura de Larissa DP à Câmara dos Deputados em 2026 já é discutida abertamente. “Meu pai me ensinou que quem chega cedo no açude bebe água limpa. Por isso estou anunciando que minha esposa é pré-candidata a deputada federal. Assim, meus amigos não terão desculpa de dizer que não foram avisados com antecedência”, declarou Eduardo DP ao blog do jornalista Marco Silva no final de 2023.

Além da candidatura de Larissa, políticos da região apontam que Eduardo DP também pode lançar seu irmão, Rômulo César Barros Costa, como candidato à Câmara dos Deputados pelo Tocantins. No entanto, nenhum dos dois tem partido definido até o momento, e a decisão deve ser tomada o mais tarde possível.

No último fim de semana, a candidatura de Larissa foi mencionada no “Bloquinho do DP”.

A família de Eduardo DP tem um histórico na política maranhense. Sua mãe, Maria Arlene Barros, foi prefeita de Dom Pedro entre 2009 e 2012, mas não conseguiu se reeleger. O Ministério Público Federal aponta que Eduardo DP é sócio oculto da empreiteira Construnorte e atuava como agiota, financiando campanhas de políticos no Maranhão. Além disso, o MP acusa o empresário de possuir múltiplos documentos de identidade, incluindo três CPFs, dois registros de identidade, duas certidões de nascimento e dois títulos de eleitor.

Empresas em nome de laranjas e prisões

As investigações indicam que Eduardo DP emprestava dinheiro a candidatos e, posteriormente, conseguia contratos com prefeituras locais, utilizando empresas registradas em nome de familiares. Uma dessas empresas, a Construservice, não está oficialmente no nome de Eduardo, mas o Ministério Público acredita que ele seja o verdadeiro dono. Um dos indícios dessa ligação é que o número de celular de Eduardo está registrado como contato para movimentação da conta da empresa no Banco do Brasil.

Desde 2020, a Construservice multiplicou os valores recebidos por obras financiadas com emendas parlamentares. Em julho de 2022, Eduardo DP foi preso na Operação Odoacro, da Polícia Federal, que investigava desvios de verbas da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) no Maranhão. Na ocasião, ele foi detido com R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo. Segundo a PF, ele liderava um esquema de fraude em licitações para garantir que a Construservice vencesse os contratos. Eduardo foi solto cinco dias depois, após pagar fiança de R$ 121 mil.

Em setembro de 2023, Eduardo DP foi preso novamente, desta vez na Operação Benesse, que teve como alvo a prefeita de Vitorino Freire (MA), Luanna Rezende, irmã do ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Luanna foi afastada do cargo na época, mas retornou posteriormente. Assim como na primeira prisão, Eduardo DP foi solto após alguns dias. A operação investigava o possível desvio de recursos públicos por meio de emendas parlamentares destinadas pelo então deputado federal Juscelino Filho para o asfaltamento de estradas que beneficiavam fazendas de sua família. O caso foi revelado pelo Estadão.

Mesmo com essas investigações e polêmicas, Eduardo DP continua a ampliar sua influência política no Maranhão, impulsionando a candidatura de sua esposa e possivelmente de seu irmão para 2026.

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