Foto por: Bela Magrela
1. Ureia
O mercado global da ureia enfrentou volatilidade ao longo de 2024 devido a fatores como o afrouxamento da restrição da exportação chinesa, flutuações na demanda indiana e desafios de oferta em regiões produtoras, como Egito e Trinidad e Tobago.
Nos primeiros meses de 2024, o baixo volume de compras pelos indianos e o afrouxamento das restrições às exportações de Ureia pela China forçaram os preços para baixo. Observe na figura 1.
Figura 1. Cotações da ureia na região do Golfo, Oriente Médio e África (US$/t).
Fonte: LSEG / Elaboração: Scot Consultoria
As cotações começaram a se recuperar em meados de maio, com a retomada da restrição à exportação pela China, para garantir o abastecimento interno. Além disso, atrasos na construção de fábricas que poderiam aumentar a oferta também impulsionaram os preços e, por fim, a posição compradora da Índia no segundo semestre fechou os fatores de alta.
Nos últimos meses, a demanda forte e uma oferta limitada tem alavancado os preços. Com as incertezas sobre a China, o mercado pode se tornar ainda mais apertado durante 2025.
Ressalta-se que a volta da China, exportando ureia, poderá quebrar o ciclo de altas. Resta saber quando os chineses voltariam a exportar.
2. Fosfato
Os preços dos fertilizantes fosfatados permaneceram firmes no primeiro trimestre devido a demanda aquecida no hemisfério norte, principalmente pela Índia. Veja na figura 2.
Figura 2. Cotações do fosfato diamônico em Nova Orleans, EUA (US$/t)
Fonte: LSEG / Elaboração: Scot Consultoria
No segundo semestre, os preços caíram por conta da demanda menor nessa época do ano. Desde então, os preços permanecem em relativa estabilidade devido à baixa demanda e oferta restrita. A China não exporta desde dezembro de 2024 devido a restrições do governo.
Observamos um futuro de preços de estabilidade a alta, devido a possível aumento da demanda por fósforo não somente para uso em fertilizantes, mas também para outros usos industriais.
3. Potássicos
O mercado de potássio ao longo de 2024 demonstrou um cenário de demanda forte e crescente. No primeiro trimestre, a demanda foi direcionada pela América do Norte e Sudeste Asiático, além da China. No terceiro trimestre, a demanda veio do Brasil e, ainda, do Sudeste Asiático.
Para 2025, estima-se embarques globais de até 74 milhões de toneladas, número 4,2% maior do que os embarques de 2024, que foram c. 71 milhões de toneladas. Esse crescimento se dá pelas expectativas de consumo recordes. Por outro lado, esperam-se altas nas cotações dos fertilizantes potássicos, embora as expectativas também seja de que eles continuem em preços acessíveis para os produtores.
A cotação dos fertilizantes potássicos no Brasil está em torno de US$315,00/t. A tendência é que a cotação suba e atinja US$350,0/t em meados de junho.
4. Comparação do mercado brasileiro com o mercado dos EUA, Argentina, Austrália e China
Dentre esses países, os maiores consumidores são a China, os Estados Unidos e o Brasil. Observe na tabela 1.
Tabela 1.
Uso agrícola de fertilizantes pelo Brasil, EUA, Argentina, Austrália e China (em toneladas de N, K20 e P2O5).
Nitrogênio | Óxido de potássio (K₂O) | Pentóxido de fosforo (P₂O₅) | Total | |
Brasil | 6.775.061,9 | 5.735.126,7 | 7.687.977,7 | 20.198.166,4 |
China | 24.437.417,7 | 8.879.626,3 | 9.579.684,3 | 42.896.728,3 |
Estados Unidos | 11.426.153,0 | 4.270.921,0 | 3.6726282,3 | 19.369.356,4 |
Austrália | 1.922.418,1 | 239.193,8 | 1.170.243,9 | 3.331.855,8 |
Argentina | 1.767.478,4 | 81.244,7 | 879.604,0 | 2.728.327,1 |
Fonte: FAOSTAT / Elaboração: Scot Consultoria
Os chineses utilizam 212,4% da quantidade usada pelo Brasil, enquanto os americanos utilizam 95,9% do que utilizamos de fertilizantes. Austrália e Argentina utilizam 16,5% e 13,5%, respectivamente.
Abaixo a produção de fertilizantes por esses países (tabela 2).
Tabela 2. Produção em toneladas de N, K20 e P2O5 pelo Brasil, EUA, Argentina, Austrália e China
Nitrogênio | Óxido de potássio (K₂O) | Pentóxido de fosforo (P₂O₅) | Total | |
Brasil | 836.234,1 | 193.116,0 | 2.016.994,2 | 3.046.344,2 |
China | 25.568.398,0 | 4.134.433,4 | 12.867.517,1 | 42.570.348,4 |
Estados Unidos | 13.816.258,2 | 339.358,7 | 5.061.700,0 | 19.217.316,9 |
Argentina | 510.238,2 | 737,0 | 75.933,8 | 586.909,0 |
Austrália | 353.218,1 | – | 634.946,5 | 988.164,6 |
Fonte: FAOSTAT / Elaboração: Scot Consultoria
Observa-se que a China e os Estados Unidos, são grandes consumidores, e grandes produtores. Brasil, Argentina e Austrália não produzem fertilizantes no mesmo ritmo do consumo.
Isso cria alertas para a necessidade de um desenvolvimento maior da indústria nacional de fertilizantes, pois somos um grande consumidor e um pequeno produtor, ao contrário de outros grandes consumidores, como os norte-americanos e os chineses.