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PGR denuncia Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado

O inquérito, conduzido pela Polícia Federal, aponta Bolsonaro como líder de uma organização criminosa

Fonte: Da redação


O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou nesta terça-feira (18) uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas, acusando-os de envolvimento em um suposto plano golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022. O inquérito, conduzido pela Polícia Federal, aponta Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que pretendia romper com a ordem democrática no país. Caso seja condenado, o ex-presidente pode enfrentar até 43 anos de prisão.

A denúncia, com 272 páginas, foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) e está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Caberá à Primeira Turma da Corte decidir se as provas são suficientes para transformar a acusação em uma ação penal.

Acusações e crimes atribuídos

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro teria atuado diretamente na articulação do golpe ao lado de militares de alta patente e aliados políticos. Entre os principais envolvidos está o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022. O grupo teria planejado medidas para invalidar o resultado das eleições e perpetuar o ex-presidente no poder.

Os crimes apontados na denúncia incluem:

  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos de prisão);
  • Golpe de Estado (4 a 12 anos);
  • Organização criminosa armada (3 a 8 anos, podendo chegar a 17 anos com agravantes);
  • Dano qualificado ao patrimônio da União (6 meses a 3 anos);
  • Deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos).

Além do plano de ruptura institucional, a denúncia inclui um trecho explosivo que cita a existência de uma conspiração para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Segundo Gonet, Bolsonaro tinha conhecimento do chamado “Plano Punhal Verde e Amarelo” e não se opôs à sua execução.

Reunião com militares e tentativa de insurreição

Um dos pontos centrais da denúncia é a reunião realizada em 14 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro teria se encontrado com os comandantes das Forças Armadas e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Segundo a PGR, esse encontro foi uma tentativa de alinhar o apoio militar para a implementação do golpe. O plano, no entanto, teria sido frustrado pela falta de adesão da cúpula do Exército.

Gonet destaca que Bolsonaro utilizou sua posição como comandante supremo das Forças Armadas para tentar convencer militares a aderirem a uma “insurreição”. O então presidente teria detalhado um plano minucioso para interromper a transição democrática, mas encontrou resistência dentro das Forças Armadas, o que acabou inviabilizando a ação.

Conexão com outros inquéritos

Esta é a primeira denúncia formal contra Bolsonaro, mas ele já foi indiciado em outros dois casos: um que investiga fraude no seu cartão de vacinação e outro relacionado ao desvio e venda de joias do acervo da Presidência, revelado pelo jornal Estadão. A PGR destaca que o inquérito sobre a tentativa de golpe conecta todas essas investigações, consolidando as acusações contra o ex-presidente e seu círculo próximo.

Agora, o STF deverá analisar as provas apresentadas e decidir se aceita a denúncia, transformando Bolsonaro e seus aliados em réus no caso. Caso isso ocorra, será o primeiro processo criminal formal contra um ex-presidente brasileiro por tentativa de golpe de Estado.

Veja a lista completa de denunciados:

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
  2. Alexandre Ramagem
  3. Almir Garnier Santos
  4. Anderson Torres
  5. Angelo Martins Denicoli
  6. Augusto Heleno
  7. Bernardo Romão Correa Netto
  8. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  9. Cleverson Ney Magalhães
  10. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  11. Fabrício Moreira de Bastos
  12. Fernando de Sousa Oliveira
  13. Filipe Garcia Martins
  14. Giancarlo Gomes Rodrigues
  15. Guilherme Marques de Almeida
  16. Hélio Ferreira Lima
  17. Jair Bolsonaro
  18. Marcelo Bormevet
  19. Márcio Nunes de Rezende Júnior
  20. Marcelo Costa Câmara
  21. Mario Fernandes
  22. Marília Ferreira de Alencar
  23. Mauro Cid
  24. Nilton Diniz Rodrigues
  25. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  26. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
  27. Rafael Martins de Oliveira
  28. Reginaldo de Oliveira Abreu
  29. Rodrigo Bezerra de Azevedo
  30. Ronald Ferreira de Araujo Júnior
  31. Silvinei Vasques
  32. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  33. Walter Souza Braga Netto
  34. Wladimir Matos Soares
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