A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma nota técnica confirmando que o Fator Y, um dos componentes usados para calcular o reajuste anual dos preços dos medicamentos, será zero nos anos de 2025 e 2026. Essa decisão pode impactar diretamente o setor farmacêutico, pressionando tanto indústrias quanto redes de farmácias a reajustarem suas estratégias de precificação.
O reajuste dos medicamentos no Brasil é determinado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que utiliza a fórmula IPCA – Fator X + Fator Y + Fator Z. O anúncio final sobre os novos valores deve ocorrer até o fim de março. O Fator X, que mede a produtividade da indústria farmacêutica, foi fixado no mês passado em 2,459% para o período de julho de 2024 a junho de 2025. Já o Fator Y, que busca compensar custos não refletidos no IPCA, foi zerado pela Anvisa, impactando diretamente o cálculo final do reajuste.
Segundo a agência reguladora, o Fator Y serve para ajustar os preços dos medicamentos considerando custos adicionais não cobertos pelo índice oficial de inflação. Sua exclusão do cálculo pode resultar em reajustes abaixo das expectativas do mercado. O Itaú BBA, por exemplo, esperava que esse fator fosse de aproximadamente 1%, mas já revisou suas projeções. Com os números já divulgados, os analistas do banco estimam que o reajuste final dos medicamentos para 2025 será de aproximadamente 3,7%, abaixo da inflação projetada para o período.
A decisão deve afetar diretamente empresas do setor farmacêutico. No caso da Hypera, analistas do Itaú BBA calcularam que menos de 40% das receitas da companhia estão vinculadas ao teto de preços estabelecido pela CMED. Isso abre margem para que a empresa ajuste os preços de produtos não regulados para compensar eventuais perdas.
Já para as redes de farmácias, a notícia é menos positiva. Analistas alertam que um reajuste abaixo da inflação pode prejudicar a alavancagem operacional das drogarias, principalmente no segundo semestre de 2025, quando se espera uma aceleração inflacionária. Com isso, grandes redes podem ver uma redução no crescimento de seus lucros.
Além da definição do Fator Y, outro fator que deve influenciar os preços de medicamentos é a resolução que reduz os preços máximos para refletir mudanças na carga tributária. A medida, que exclui o ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, pode resultar em uma queda de até 2,59% nos preços ao consumidor, dependendo da tributação de cada medicamento.
Com esse cenário, o setor farmacêutico se prepara para um período de ajustes, no qual empresas precisarão equilibrar preços e margens de lucro diante das novas regras impostas pela regulação do mercado.