A crescente onda de violência promovida por grupos terroristas islâmicos na República Democrática do Congo (RDC) tem sido classificada como um genocídio religioso por líderes que atuam na defesa dos cristãos perseguidos. Na última semana, 70 fiéis foram brutalmente decapitados dentro de uma igreja protestante na província de Kivu do Norte, após serem mantidos reféns por dias pelos militantes das Forças Democráticas Aliadas (ADF), facção ligada ao Estado Islâmico.
Para Jeff King, presidente da International Christian Concern (ICC), o massacre é mais um episódio de uma tragédia que se estende há décadas. “O assassinato desses 70 cristãos não é um evento isolado, mas parte de um histórico sombrio de violência que já tirou mais de 6 milhões de vidas na RDC ao longo de mais de 20 anos de conflito intermitente”, afirmou ao The Christian Post. Ele destacou que, como a maioria da população congolesa é cristã, os ataques sistemáticos dos jihadistas configuram uma campanha de extermínio religioso.
A insegurança na região já forçou o fechamento de escolas, igrejas e centros de saúde, levando milhares de cristãos a fugir de suas casas para garantir a própria sobrevivência. O conflito na parte nordeste do Congo envolve há décadas os grupos extremistas ADF e M23, que enfrentam as forças do governo em uma guerra sem solução aparente. Desde 2014, a ADF tem intensificado seus ataques, causando destruição e mortes em grande escala. Apenas no último mês, o grupo matou mais de 200 pessoas na cidade de Baswagha, e, somente em 2024, a violência já deslocou cerca de 10 mil pessoas e resultou na morte de 355 cristãos, segundo dados da organização Portas Abertas.
Diante da escalada da violência, Jeff King defende uma ação militar imediata para restaurar a ordem e evitar novas vítimas. “O tempo de apenas orar já passou. É necessário exigir uma força militar africana para intervir neste Estado falido, restabelecer a ordem e impedir que mais inocentes sejam mortos nesse ciclo interminável de derramamento de sangue”, declarou.
Relatórios anteriores do Departamento de Estado dos EUA apontam que as Forças Democráticas Aliadas continuam a atacar civis indiscriminadamente nas províncias de Kivu do Norte e Ituri, frequentemente mirando igrejas e líderes religiosos. A violência atinge diferentes comunidades, mas a maioria das vítimas é cristã. Desde o início do conflito em 1998, estima-se que mais de 6 milhões de pessoas tenham sido mortas, enquanto o número de deslocados internos no país já ultrapassa 7 milhões, configurando a maior população deslocada do mundo.