rês em cada dez brasileiros vivem com obesidade, de acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2025, divulgado nesta segunda-feira (3). A doença, que já afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, apresenta índices preocupantes no Brasil, onde 68% da população adulta tem Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 25 kg/m², o que caracteriza sobrepeso ou obesidade em diferentes graus.
As projeções para os próximos anos indicam um crescimento alarmante. Se nenhuma ação efetiva for implementada para conter o avanço da obesidade, o Brasil pode chegar a 2030 com 119,16 milhões de adultos com IMC elevado. Estima-se que 33,4% dos homens e 46,2% das mulheres estarão convivendo com a doença. O aumento ao longo das últimas décadas já é evidente:
- Em 2010, 32,6 milhões de homens e 34,4 milhões de mulheres tinham IMC alto.
- Em 2015, esse número subiu para 38,5 milhões e 41,4 milhões, respectivamente.
- Para 2030, as projeções apontam 55,8 milhões de homens e 63,3 milhões de mulheres acima do peso.
O cenário é ainda mais preocupante entre as crianças. Atualmente, 12,9% dos brasileiros entre 5 e 9 anos apresentam obesidade, o que sinaliza riscos significativos para as próximas gerações.
Impacto na saúde e mortalidade
A obesidade está diretamente ligada a diversas doenças crônicas e a um alto número de mortes prematuras. Em 2021, o Brasil registrou 60.913 óbitos precoces associados a condições de saúde agravadas pelo IMC elevado, resultando em 1,7 milhão de anos de vida perdidos. As principais enfermidades associadas à obesidade incluem diabetes tipo 2, doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral (AVC) e alguns tipos de câncer.
Em nível global, a obesidade causa cerca de 1,6 milhão de mortes prematuras por ano, um número superior ao de vítimas fatais em acidentes de trânsito, segundo a Federação Mundial da Obesidade (WOF).
Estratégias de combate à obesidade
O Brasil tem adotado algumas iniciativas para enfrentar a obesidade, como pesquisas e monitoramento da saúde da população. Dados do Vigitel 2023, por exemplo, apontam que 24,3% dos adultos nas capitais e no Distrito Federal já são obesos. No entanto, a inatividade física continua sendo um grande desafio, com índices variando entre 40% e 50% da população.
Diante desse cenário, especialistas defendem uma abordagem integrada para combater a obesidade, combinando incentivo à atividade física, políticas de rotulagem de alimentos e tributação diferenciada para produtos ultraprocessados. Como parte dessa estratégia, a WOF lançou a campanha global “Mudar o Mundo Pela Saúde”, que propõe medidas para os sistemas de saúde e ações governamentais para reverter a tendência de crescimento da doença.
Para o presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Fabio Trujilho, os dados apresentados no Atlas são um alerta para a necessidade de medidas urgentes. “A obesidade é um desafio complexo que exige soluções integradas e colaboração global. Com essa campanha, buscamos promover uma transformação nos sistemas que influenciam a saúde das pessoas”, afirmou.
Entre as propostas em estudo estão iniciativas voltadas para escolas e ambientes domésticos, que visam reduzir o estigma da obesidade e incentivar hábitos alimentares mais saudáveis. A expectativa é que essas medidas possam frear o avanço da doença e minimizar seus impactos na saúde pública nos próximos anos.