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Quarta-feira de cinzas marca o início da quaresma

Para católicos praticantes, a quarta-feira de Cinzas é uma celebração rica em significado e necessária para a preparação rumo à Páscoa

Fonte: Da redação
Para católicos praticantes, a quarta-feira de Cinzas é uma celebração rica em significado e necessária para a preparação rumo à Páscoa

A Quarta-Feira de Cinzas marca tradicionalmente o fim do Carnaval e o início da Quaresma, um período de reflexão e penitência para os católicos. Essa celebração tem um significado profundo dentro da liturgia cristã, preparando os fiéis para a Páscoa, que ocorre 40 dias depois.

Durante as missas, os sacerdotes realizam o rito da imposição das cinzas, traçando uma cruz na testa dos fiéis ou espalhando um pouco de cinza sobre suas cabeças. Nesse momento, duas frases podem ser pronunciadas: “Convertei-vos e crede no Evangelho”, um chamado à mudança de vida e ao fortalecimento da fé, ou “Das cinzas vieste, às cinzas retornarás”, um lembrete da fragilidade da existência humana.

A prática remonta aos séculos III e IV, surgindo como uma demonstração de penitência pública entre os primeiros cristãos. Segundo a historiadora Mirticeli Medeiros, a tradição foi oficializada na liturgia pelo Papa Gregório Magno no século VII, quando passou a ser chamada de capite ieiunii – o dia que marcava o início do jejum quaresmal. Em Roma, as cerimônias ocorriam em silêncio, conduzidas pelo próprio papa, que liderava procissões nos arredores das basílicas da cidade.

A simbologia das cinzas está presente em diversas passagens da Bíblia. No Antigo Testamento, há referências à transitoriedade da vida e à penitência por meio desse elemento. No livro do Gênesis, Deus diz a Adão: “És pó e ao pó voltarás”, destacando a efemeridade da existência. Em Jonas, a população se cobre de cinzas como sinal de arrependimento e mudança. O próprio Jesus, nos Evangelhos, menciona o uso da cinza ao lamentar a resistência das cidades da Galileia em acolher sua mensagem.

O ritual da Quarta-Feira de Cinzas tem um caráter de renovação espiritual. Segundo o padre Eugênio Ferreira de Lima, da Diocese de Itabira, o momento convida à reflexão sobre a condição humana e ao compromisso com uma vida mais alinhada aos princípios cristãos. Ele ressalta que, diferentemente da tristeza, a penitência significa conversão e transformação interior.

As cinzas utilizadas na celebração são obtidas a partir da queima dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. Para a Igreja, essa prática reforça o ciclo contínuo da fé, em que cada novo período litúrgico se conecta ao anterior, criando um caminho constante de renovação.

Embora a Quarta-Feira de Cinzas seja uma tradição marcante na Igreja Católica, outras denominações cristãs têm diferentes abordagens sobre o tema. Igrejas protestantes históricas, como luteranos e anglicanos, reconhecem a Quaresma, mas sem adotar o rito das cinzas. Já as denominações evangélicas pentecostais e neopentecostais, por seu caráter menos litúrgico, costumam dar pouca ênfase ao período.

Independentemente da tradição, a Quarta-Feira de Cinzas permanece como um momento de introspecção e compromisso espiritual para milhões de cristãos em todo o mundo, reforçando a preparação para a Páscoa e a importância da renovação da fé.

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