Impulsionada pelo aumento na conta de luz, a inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), avançou 1,31% em fevereiro, conforme divulgado nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A variação representa uma forte aceleração em relação a janeiro, quando o índice havia registrado alta de apenas 0,16%.
O avanço de 1,31% foi o mais elevado para fevereiro desde 2003, quando o índice subiu 1,57%. O resultado ficou alinhado às projeções do mercado financeiro, que estimava exatamente esse percentual, segundo levantamento da Bloomberg. As previsões oscilavam entre 1,2% e 1,41%.
Com esse desempenho, o IPCA acumulado em 12 meses subiu para 5,06%, superando os 4,56% registrados até janeiro e se distanciando ainda mais do teto da meta de inflação, que é de 4,5%.
Em janeiro, o IPCA havia desacelerado devido ao impacto do bônus concedido pela usina de Itaipu, que reduziu as contas de luz temporariamente. O benefício, implementado com atraso, levou o índice a 0,16%, a menor variação para um primeiro mês do ano desde a adoção do Plano Real, em 1994. No entanto, com o fim desse efeito, a inflação voltou a acelerar em fevereiro, acompanhada por outros fatores de pressão, como o aumento do ICMS sobre combustíveis e os reajustes sazonais das mensalidades escolares.
A partir de 2025, o Banco Central adotará um novo formato para perseguir a meta de inflação, deixando de utilizar o modelo tradicional baseado no ano-calendário (janeiro a dezembro). No novo sistema, o controle inflacionário será considerado comprometido caso o IPCA permaneça por seis meses consecutivos fora do intervalo de tolerância, que varia entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto). O centro da meta será de 3%.
As projeções do mercado financeiro indicam que o IPCA pode atingir 5,68% ao final deste ano, conforme estimativas do boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (10). Para conter a inflação e manter as expectativas ancoradas, a autoridade monetária iniciou um ciclo de elevação da taxa básica de juros (Selic) em setembro de 2024. Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano e, segundo as projeções do mercado, pode encerrar 2025 em 15%.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável pela definição da taxa de juros, está marcada para os dias 18 e 19 de março. O encontro vai determinar os próximos passos da política monetária diante do cenário inflacionário.