O Tribunal do Júri de Rosário condenou, nesta sexta-feira (14), o ex-bombeiro Mário Sérgio Jardim a 24 anos e 11 meses de prisão pelo assassinato de sua ex-companheira, Viviane Batista Marques. O crime, ocorrido em 2022, foi enquadrado como feminicídio.
Segundo a denúncia do Ministério Público, o crime aconteceu no povoado Gameleira, em Bacabeira, cidade que integra a comarca de Rosário. De acordo com as investigações, Mário Sérgio asfixiou Viviane e, posteriormente, levou o corpo até Vargem Grande para ocultá-lo.
Na época, ele ainda ocupava o cargo de subtenente do Corpo de Bombeiros Militar, mas foi expulso da corporação após o crime. Além da pena de reclusão, a Justiça determinou o pagamento de uma indenização de R$ 50 mil à família da vítima por danos morais.
O julgamento teve a atuação das promotoras de Justiça Fabíola Faheína Ferreira e Maria Cristina Lobato Murillo, responsáveis pela acusação.
CONFISSÃO
O subtenente do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA), identificado como Mário Sérgio Jardim, disse à Polícia Civil que asfixiou sua companheira Viviane Batista Marques.
De acordo com delegado de Rosário, Leonardo de Oliveira Pereira, com base no depoimento de Mário Sérgio, o casal teria tido uma discussão ainda na quinta-feira, 7 de abril de 2022, pois Viviane queria dirigir o veículo do militar.
“A discussão teria ocorrido na BR-135, entre as cidades de Bacabeira e Santa Rita, provocando a batida do carro ocupado pelo casal em um acostamento. Parece que no interior do veículo tinha algumas garrafas de cerveja, e segundo Mário Sérgio, a Viviane quebrou uma delas e o lesionado, logo em seguida se autolesionando”, informou Leonardo.
Em seguida, Viviane teria entrado em um transporte alternativo para ir ao hospital de Rosário, e Mário Sérgio foi levado por uma viatura da Polícia Militar ao mesmo hospital, pois o subtenente estava com ferimentos na mão, antebraço e tórax.
Ainda na quinta-feira (7), o casal saiu da unidade de saúde e foi à delegacia. Porém, no mesmo dia, os dois teriam se entendido e voltado a se relacionar.
No sábado (9), ainda conforme o delegado, o casal saiu para lavar o carro, e Viviane teria aproveitado o período de lavagem do veículo para ingerir bebida alcóolica.
“Mário alegou que Viviane foi primeiro para a residência do casal, no povoado Gameleira, no município de Bacabeira; tendo ele ido depois. Quando Mário chegou à casa, teria encontrado Viviane com uma faca, afirmando que a imobilizou e que acabou matando-a asfixiada”, destacou Leonardo.
DIVERGÊNCIAS
O delegado disse que esta é a versão do autor do crime, e que ela diverge com os relatos dos familiares de Viviane. De acordo com a família dela, a vítima brigou novamente no sábado com Mário, e teria ido dormir na casa de uma irmã dela.
“Logo, há um ponto de divergência no depoimento de Mário. No domingo (10), segundo a família de Viviane, ela foi à casa do seu pai, lá mesmo no povoado Gameleira, e contou a um irmão dela que iria à casa de Mário buscar o restante dos seus pertences. E, desde então, Viviane não teria sido mais vista”, informou Leonardo.
INÍCIO DAS INVESTIGAÇÕES
Somente no dia 13 de abril de 2022, quarta-feira, a família foi à delegacia e registrou um boletim de ocorrência pelo desaparecimento. O caso começou a ser investigado e a Polícia Civil conseguiu provas de que, na verdade, se tratava de feminicídio com ocultação de cadáver e não de um mero desaparecimento. E que o principal suspeito era o próprio marido da vítima.
Diante dos fatos, a polícia representou pela prisão temporária de Mário Sérgio. O pedido foi atendido pelo plantão judiciário, sendo que o mandado de prisão foi cumprido no dia 15 de abril de 2022, em São Luís, por meio do 2° Distrito Policial de Rosário, com apoio da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) e Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic).