Foto: Bela Magrela
A pecuária de corte brasileira tem evoluído em tamanho e em qualidade. A profissionalização da atividade foi e está sendo responsável para os avanços em produtividade. Os manejos nutricional, sanitário e reprodutivo são fatos consumados.
Apesar desse bom desempenho, há potencial para aumentar a produtividade.
O Brasil possui um rebanho bovino com 238,6 milhões de cabeças e uma área com pastagem estimada em 179,4 milhões de hectares (IBGE/Lapig).
Nas últimas décadas, nos últimos 40 anos, o crescimento do rebanho foi maior que a expansão das áreas com pastagem. Desde 1985, a área com pastagem no Brasil aumentou 74,9%, e o rebanho bovino cresceu 85,8% (figura 1).
Figura 1.
Evolução da área com pastagem versus rebanho bovino. Área com pastagem em hectares e rebanho bovino em milhões de cabeças.
Fonte: Lapig e IBGE / Elaboração Scot Consultoria
O Brasil é o maior exportador e o segundo produtor de carne bovina (tabela 1).
Tabela 1.
Exportação e produção de carne bovina, em mil toneladas de equivalente carcaça, entre 2015 e 2025.
País | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023 | 2024 | 2025* |
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Produção | |||||||||||
EUA | 10,8 | 11,5 | 11,9 | 12,2 | 12,3 | 12,3 | 12,7 | 12,1 | 12,2 | 12,2 | 11,8 |
Brasil | 9,4 | 9,4 | 9,7 | 9,9 | 10,0 | 9,9 | 9,7 | 10,3 | 10,9 | 11,8 | 11,7 |
China | 6,1 | 6,1 | 6,3 | 6,4 | 6,6 | 6,7 | 6,9 | 7,1 | 7,5 | 7,8 | 7,7 |
EU | 7,6 | 6,9 | 6,9 | 7,0 | 6,9 | 6,9 | 6,8 | 6,7 | 6,4 | 6,6 | 6,5 |
Índia | 4,0 | 4,1 | 4,2 | 4,2 | 3,7 | 4,1 | 4,3 | 4,4 | 4,5 | 4,6 | 4,5 |
**Outros | 19,2 | 16,9 | 17,2 | 17,7 | 18,0 | 17,8 | 17,7 | 17,8 | 18,2 | 18,2 | 18,4 |
Exportação | |||||||||||
Brasil | 1,6 | 1,6 | 1,8 | 2,0 | 2,3 | 2,5 | 2,3 | 2,8 | 2,8 | 3,5 | 3,6 |
Austrália | 1,7 | 1,4 | 1,4 | 1,5 | 1,7 | 1,4 | 1,2 | 1,2 | 1,5 | 1,8 | 1,9 |
Índia | 1,7 | 1,7 | 1,7 | 1,5 | 1,4 | 1,2 | 1,3 | 1,4 | 1,5 | 1,5 | 1,6 |
EUA | 1,0 | 1,6 | 1,2 | 1,4 | 1,3 | 1,3 | 1,5 | 1,6 | 1,3 | 1,3 | 1,1 |
Argentina | 180 | 209 | 283 | 500 | 760 | 801 | 658 | 725 | 771 | 860 | 860 |
**Outros | 2,7 | 3,3 | 3,4 | 3,5 | 3,6 | 3,7 | 4,1 | 4,0 | 3,8 | 3,7 | 3,7 |
*fevereiro. **Outros: Argélia, Angola, Arábia Saudita, África do Sul, Argentina, Austrália, Bielorrússia, Bósnia e Herzegovina, Canadá, Chile, Colômbia, Congo, Costa Rica, República Dominicana, Egito, El Salvador, Emirados Árabes Unidos, Gabão, Guatemala, Honduras, Hong Kong, Irã, Israel, Japão, Jordânia, Cazaquistão, Coreia do Sul, Malásia, México, Nova Zelândia, Nicarágua, Macedônia do Norte, Paquistão, Paraguai, Filipinas, Reino Unido, Rússia, Suíça, Taiwan, Ucrânia, Uruguai, Vietnã. ***Outros: África do Sul, Arábia Saudita, Bielorrússia, Bósnia e HerzegovinaBrasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Guatemala, Honduras, Japão, Cazaquistão, Coreia do Sul, México, Nova Zelândia, Nicarágua, Paraguai, Filipinas, Rússia, Suíça, Taiwan, Ucrânia, Reino Unido, Uruguai.
Fonte: USDA/Elaboração Scot Consultoria.
Até o terceiro trimestre de 2024, os dados do IBGE indicam uma produção de 7,8 milhões de toneladas de carcaça, com tendência para atingir 9,9 milhões de toneladas.
No que diz respeito à exportação, em 2024, o Brasil exportou 2,6 milhões de toneladas de carne bovina in natura para 132 países (figura 2).
Até fevereiro deste ano (2025), foram exportadas 190,5 mil toneladas, o que representa uma média diária de 9,5 mil toneladas, um aumento de 6,7% em relação ao mesmo período de 2024.
Figura 2.
Exportação de carne bovina in natura, em milhões de toneladas, entre 2014 e 2024.
*até fevereiro
Fonte: Comex/Elaboração Scot Consultoria.
A China é a principal compradora da carne bovina brasileira. Em 2015, foi celebrada uma parceria para a exportação de carne bovina, o que representou um marco na expansão dos mercados para o setor agropecuário brasileiro.
O acordo foi impulsionado pela demanda chinesa por proteínas, juntamente com a crescente capacidade do Brasil de produzir carne bovina em grande escala, atendendo aos padrões de qualidade exigidos internacionalmente.
Uma das exigências do mercado chinês, com foco na segurança sanitária, foi que a carne bovina fosse proveniente de bovinos com até trinta meses de idade ou com até quatro dentes incisivos, o que ficou conhecido como o “boi China”.
Desde então, a demanda aumentou, impulsionando as exportações de carne bovina.
Entre 2014 e 2024, a exportação quase dobrou. Desde a abertura do mercado chinês, a exportação foi recorde em todos os anos, com exceção de 2021.
A exigência chinesa estimulou a produção de bovinos precoces, o que contribuiu para a melhoria dos índices zootécnicos.
O peso das carcaças é um exemplo dessa evolução, com o desempenho aumentando nos últimos anos, alcançando uma média de 261 kg por cabeça em 2024, frente com os 228 kg por cabeça em 2000.
Por fim, a taxa de lotação também cresceu de 1 cabeça/hectare, em 2000, para 1,4 em 2023. A taxa média de lotação no mundo está em 0,32 cabeças/ha.
Em resumo, é esperado que o Brasil se torne o maior produtor de carne bovina do mundo, superando os Estados Unidos, e que as exportações continuem a crescer.
Referências:
ABIEC. Exportações de carne bovina. Disponível em: https://www.abiec.com.br/brasil-bate-recorde-nas-exportacoes-de-carne-bovina-em-2024/.
Comex. Disponível em: https://comexstat.mdic.gov.br/pt/comex-vis
IBGE. Rebanho bovino brasileiro. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/producao-agropecuaria/bovinos/br.
Lapig UFG. Atlas das pastagens. Disponível em: https://atlasdaspastagens.ufg.br/map
USDA. United States Department of AgricultureForeign Agricultural Service. Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/advQuery
SIDRA. Pesquisa trimestral de abate de animais. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1092

Alcides Torres e Isabela Stevanatto
Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
Isabella Stevanatto é analista de mercado da Scot Consultoria.